Dólar Em baixa
5,243
18 de abril de 2024
quinta-feira, 18 de abril de 2024

Vitória
22ºC

Dólar Em baixa
5,243

Lama Cirúrgica: materiais eram revendidos aos planos de saúde com etiquetas falsas, diz polícia

WhatsApp Image 2018-03-26 at 10.05.40
Material apreendido tinha inscrição chinesa. Foto: Thais Rossi

Em mais uma fase da operação “Lama Cirúrgica”, que investiga o uso de materiais descartáveis reutilizados em cirurgias no Espírito Santo, a Polícia Civil identificou que os planos de saúde compravam produtos com etiquetas falsas.

De acordo com o Secretário Estadual de Segurança Pública, André Garcia, essa era mais uma das práticas criminosas de uma quadrilha que fez diversas vítimas em cirurgias realizadas hospitais em particulares do Espírito Santo.

“Isso era cobrado deles. Por fim, o ortopedista recebia uma comissão pela utilização de materiais vendidos pela empresa investigada. Não vou divulgar o valor porque está em fase sigilosa. Até o momento, estamos tratando os planos de saúde e hospitais como vítimas de uma prática absurda e criminosa contra a saúde da população”.

O secretário explicou que essa nova etapa da operação teve duas fases. Na 5ª ocorreu um mandado de busca e apreensão na sala comercial. Ela pertencia a um ortopedista, preso em casa na manhã desta segunda-feira (26), em uma 6ª fase. O espaço (que não era declarado), pertence à Golden Hospitalar, empresa localizada em Laranjeiras, na Serra, e apontada como a responsável por vender os materiais reutilizados como novos.

“Muito provavelmente é um padrão de utilização dos materiais nacionais, transformados e inclusive comercializados aos planos de saúde como importados, porque certamente são mais caros e supostamente de melhor qualidade. Temos um indicador que é uma prática”, explicou o secretário.

Segundo André Garcia, o ortopedista comprava produtos falsificados da China pela internet. Entre eles está um perfurador, utilizado em cirurgias de ombro, que normalmente sairia por R$ 20 mil. No mercado clandestino ele custava até dez vezes menos (cerca de R$ 2 mil). “O produto deveria passar por todas as cautelas, inclusive pela alfândega. É claramente uma prática na busca do lucro fácil e que certamente causa prejuízo à saúde das pessoas”.

De acordo com André Garcia, as vítimas sofreram infecção e até perda total de mobilidade dos membros. Elas procuraram a polícia, mas ainda não é possível estimar o número de pessoas prejudicadas. “Eles apontam supostas relação entre a utilização desses materiais e o insucesso em procedimentos cirúrgicos. Essa é uma questão mais relacionada a saúde pública do que a investigação propriamente dita”.

O secretário afirmou que, até o momento, a investigação aponta que o esquema criminoso não chegou ao Sistema Único de Saúde (SUS). O advogado Marcelo Pacheco Machado, que defende o médico preso nesta segunda (26), enviou nota informando que “Dr. Nilo Lemos é um médico competente e altamente respeitado. Todas as cirurgias das quais participou foram realizadas de acordo com os melhores parâmetros da medicina, sem que tenha ocorrido qualquer tipo de complicação decorrente de qualquer defeito ou procedência de materiais empregados. O desenvolvimento das investigações demonstrará, com total e absoluta certeza, que o Dr. Nilo Lemos agiu com boa fé e que a medidas adotadas contra o médico são ilegais e pautadas na errônea interpretação dos fatos”.

O caso

Em janeiro deste ano, dois empresários e um enfermeiro foram presos durante a Operação “Lama Cirúrgica”. Eles são acusados de reprocessar, falsificar e fornecer materiais médicos hospitalares descartáveis usados como sendo novos. O material, com rótulos adulterados, era usado em hospitais particulares da Grande Vitória.  E chegaram a serem usados em pacientes de tratamento de combate ao câncer.

Posteriormente, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, na empresa Alfa Medical Ltda. Na operação foram apreendidos 74 caixas de arquivos, sete computadores, dois celulares, um pendrive, um HD externo, documentos pessoais e materiais cirúrgicos para realizações de cirurgias ortopédicas.

No dia 28 de fevereiro, foram presos os ortopedistas Rodrigo Souza e Marcos Robson, suspeitos de entregar o esquema criminoso.

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas