O Espírito Santo perdeu 322 leitos de internação pelo SUS nos últimos oito anos. Além disso, o investimento na saúde pública, por habitante, é de apenas R$ 1,33 por dia – três vezes menos do que a média nacional (R$ 3,89).
Paralelo a isso, a população capixaba cresceu 14,3%, quase no mesmo período. Os dados apresentados foram apresentados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), nesta terça-feira (3).
O levantamento sobre financiamento para a saúde foi feito em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), e inclui dados obtidos nas páginas oficiais da União e Estado. Segundo os resultados, a fila de espera para cirurgias eletivas nos hospitais públicos do Estado chega a 904 mil casos.
Segundo o CRM, dos 78 municípios capixabas, 66% contam com leitos de internação hospitalar pelo SUS. Em relação a UTI, houve um aumento de 216 leitos, totalizando 478 de Unidades de Terapia Intensiva nos hospitais do Espírito Santo, em oito anos.
No entanto, segundo O CRM, somente 12 municípios do Estado (15%) oferecem leitos de Terapia Intensiva na rede pública. As despesas Estaduais na área da saúde, em cinco anos, ficaram na média de R$ 2,6 bilhões por exercício (cerca de 60% dos valores anuais voltados para a assistência hospitalar e ambulatorial). Isso representa R$ 479,82 anualmente (somando os investimentos dos Governos Estadual e Federal). No Brasil, o gasto fechou em R$ 1.419,84 per capita (22% do que os beneficiados de planos de saúde gastam por ano com a assistência complementar).
“A situação da saúde é inadequada no Espírito Santo e no restante do Brasil. Faltam financiamento, infraestrutura e uma gestão eficiente. O caos permanece e se materializa, sobretudo, na demora pelo atendimento, que pode levar até mais de um ano para resolver o problema de um paciente”, disse o presidente do CFM, Carlos Vital.
Para o presidente do CRM-ES, Carlos Magno Pretti Dalapicola, o Governo Estadual precisa direcionar melhor os seus gastos. “O problema é a falta de investimento e a má gestão. A saúde pública no Estado é deficiente. Há necessidade de um investimento maior do governo federal.”
Falta de medicamentos
O CRM-ES fiscalizou 2.253 unidades de saúde pública e privada de todo o Estado nos últimos cinco anos, o que representa 72,37% que no período entre 2008 e 2012, quando foram feitas 1.307 fiscalizações. Proporcional ao aumento da fiscalização é a constatação dos problemas encontrados: falta de medicamentos, equipamentos e até material de higiene.
O secretário de Saúde, Ricardo de Oliveira, afirma que ainda não leu efetivamente a pesquisa publicada pelo CRM, mas acredita que pode haver um contraponto causado pelas datas da pesquisa (2010 a 2018), visto que no governo atual foram criados 470 novos leitos na rede pública estadual.
“De qualquer forma, em relação à rede estadual eu posso garantir, fizemos 470 leitos e estamos em um processo enorme de reforma dessa infraestrutura que em muitos casos estava muito ruim, mas nós estamos recuperando”. O secretário diz que essa é a realidade do estado, mas quanto aos municípios não pode afirmar nada e que o governo do estado tem um ótimo relacionamento com o CRM – ES.