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Importando coco verde

Quando vou ao meu São Mateus, marco com a necessária antecedência o almoço com meu velho e querido amigo Motta (Antônio de Pádua), engenheiro agrônomo da melhor qualidade, presta serviços profissionais a muitos proprietários rurais e, até a mim, que estou nesse negócio de gastar dinheiro que ganho na cidade, no campo, há perto de 50 anos.

A posse da terra é um negócio fascinante, está no sangue. Certa feita, quando me empolguei com a criação de gado leiteiro, surgiu na minha propriedade o prefeito de Guarapari, na época, Pedro Juvenal Machado Ramos, velho amigo da UDN que, vendo minha empolgação, me admoestou: “Rapaz, eu pensei que jornalista fosse um cara inteligente. Você está construindo um curral na propriedade e ainda não tem uma casa decente para morar. O curral é melhor do que a casa. Olha, ser produtor rural no Brasil, é a arte de empobrecer sorrindo”.

Aquela frase do Pedro Ramos ressoa até hoje nos meus ouvidos. Como sair da terra? Abandoná-la? Nunca!

Voltemos ao velho Motta, agrônomo tarimbado, que me ensina a ter pequenas culturas, do que grandes negócios, com todas dificuldades de mão de obra. Hoje, todo mundo quer ser funcionário público, pela ausência de incentivo para quem trabalha a terra.

Outro dia o Motta se mostrava indignado com a história de importação de café para o mercado brasileiro, quando temos estoques abundantes, mas grandes empresas querem importar o produto, como fazem com feijão, alho, cebola, arroz, milho, porque não existe uma política de incentivo ao produtor e, estranho, critica o Motta, querem importar produtos de diversos países onde o produtor é incentivado a produzir, não paga imposto nenhum, na primeira operação. Agora, querem importar coco verde!

O Brasil tem 45 milhões de pessoas na informalidade, 17 milhões de jovens, entre 17 e 24 anos que não trabalham e nem estudam, por falta de perspectivas. Temos 66 milhões de pessoas que não possuem conta bancária, por motivos diversos e, o pior, falta de confiança e serviço caro. Temos quase 12 milhões de desempregados.

O Motta se sente indignado com a cobrança de impostos por quem produz qualquer coisa na terra, como Coco, café, feijão, arroz, milho, cebola, ração para avicultura, suínocultura, etc. Não sei como os criadores resistem adquirindo ração para animais, comumente importada, vendida a peso de dólar. Nos Estados Unidos, há 40 anos a tonelada de ração para gado, suinocultura e aves, custa em torno de 4 dólares por tonelada. No Brasil, o saco de 60 quilos chega à casa dos 15 dólares.

No resumo do Motta: Não temos financiamento à produção, através do zoneamento agrícola, não temos incentivo para fixação do homem ao campo; não temos estradas decentes, não temos armazém regulador, não temos estímulo ao cooperativismo. Nossos governantes adoram dar dinheiro a vagabundos invasores, para dizer que está fazendo reforma agrária.

Como arremata o Motta: “A esperança é o capitão”, referindo-se ao presidente Bolsonaro.

Uchôa de Mendonça
Uchôa de Mendonça
A partir de hoje, aqueles que desejarem perder seu tempo e conhecer melhor as idéias de Uchôa de Mendonça, irá encontrá-lo por aqui, direto e franco, sempre pela direita e pela frente. Uchôa de Mendonça começou a trabalhar em jornal aos 5 anos de idade, em São Mateus, vendendo o Jornal O Norte, de propriedade do seu pai e, aos sete anos, já trabalhava como impressor e, com dez anos, já escrevia tópicos para a página policial.

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