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Hachikou, Balto, Barry e Faith

Hachi era um cachorro feliz que residia com seu dono a uns dez minutos da estação de trens de Shibuya, em Tóquio (Japão). Hachi fazia este percurso duas vezes por dia: pelas manhãs acompanhava seu dono até a estação, e à noite ia para lá esperá-lo, a fim de que voltassem juntos para casa.

Eis que um certo dia o dono de Hachi morreu subitamente, vítima de infarto, no meio de uma aula (ele era professor). Naquela noite, Hachi o aguardou na estação até que os portões fossem fechados. Na noite do dia seguinte também. E em todas as noites que se seguiram.

Durante bastante tempo Hachi enfrentou problemas em sua espera diária – era freqüentemente escorraçado pelos guardas da estação. Aos poucos, porém, ele foi deixado em paz no seu “cantinho” – ele vinha, esperava em vão e ia embora para casa. Sabe quanto tempo durou esta rotina? Inacreditáveis 10 (dez) anos!

Quando a espera do pobre Hachi já durava 8 anos, finalmente seu valor foi reconhecido através de uma estátua erguida exatamente naquele cantinho no qual ele aguardava todas as noites, em vão, a volta do seu dono. Dois anos depois Hachi morreu. E aí acrescentaram ao seu nome o sufixo “kou”, significando “o grande Hachi”.

“Nome” é como se chama uma cidadezinha do Alaska (nos Estados Unidos). Em 1925, uma epidemia de difteria eclodiu por lá. Os medicamentos disponíveis eram insuficientes para salvar as vidas dos moradores, e o rigor do inverno não permitia qualquer comunicação com o resto do país.

Eis que entraram em cena alguns cachorros, daqueles que puxam trenós. O que se viu em seguida foi emocionante: estes cachorros, após arrastarem trenós por cerca de mil quilômetros em apenas 5 dias, debaixo de neve e sob um frio de 40 graus negativos, conseguiram trazer os medicamentos da cidade de Anchorage! Em Nova York há uma estátua em homenagem a eles, representados por Balto, o cachorro-líder. Lê-se no pedestal: “resistência, fidelidade e inteligência”.

No ano de 1800, em uma pousada suíça situada em Valais, nasceu um cachorro chamado Barry. Ele foi treinado para localizar pessoas soterradas na neve. Pois bem: quase sempre por conta própria, ele saía pelos vales durante as mais violentas nevascas em busca de pessoas acidentadas. Salvou precisamente 40 delas! Este cachorro foi homenageado com uma estátua em Asnières, uma cidade próxima a Paris.

Em 2004, na cidade de Richland (EUA), uma cadela chamada “Faith” viu quando sua dona caiu e ficou desmaiada no chão. Imediatamente ela foi até o telefone e discou “911” (o “190” de lá). Quando a ligação foi atendida, Faith ficou latindo sem parar ao lado do fone.

A operadora, percebendo que havia um problema, enviou para o endereço vinculado àquele telefone médicos e policiais. Quando Faith percebeu que a ligação havia sido encerrada, correu para a porta da frente, destrancou-a, abriu-a e ficou ali esperando o socorro. Quanto este chegou, ela latiu e guiou todos até sua dona.

O mais incrível: o médico cuidava de uma ferida aparente, mas não percebera uma outra que estava se formando em outra região do corpo da vítima, com forte potencial hemorrágico. Faith, então, encostando o focinho naquele outro ponto e latindo, indicou esta nova ferida antes da hemorragia. Os médicos declararam que Faith salvou, sob todo e qualquer aspecto, a vida de sua dona.

Diante destes exemplos, talvez devêssemos nos perguntar se nossos matadouros, centros de zoonose e laboratórios têm tido, pelo menos, compaixão para com os animais.

A propósito, como dizia Camuti, “jamais creia que os animais sofrem menos do que os humanos – a dor é a mesma, e talvez pior, pois eles não podem ajudar a si próprios”. Daí a conclusão de Gandhi: “a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados”. Correto! Afinal, segundo Schopenhauer, “quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem”.

Pedro Valls Feu Rosa
Pedro Valls Feu Rosa
Desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo desde 1994. Programador de computadores, autor de diversos “softwares” dedicados à área jurídica, cedidos gratuitamente a diversos Tribunais do Brasil. Articulista de diversos jornais com artigos publicados também em outros países, como Suíça, Rússia e Angola.

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