por Mabe Santana – [email protected]
Os municípios da Grande Vitória não estão preparados para tratar dependentes químicos. Os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad) e as unidades de saúde não possuem estrutura hospitalar e, a maioria, funciona apenas durante o dia. O período de internação, quando tem, é curto, como em Vitória, onde há um centro, com oito leitos para no máximo, dez dias de internação. Já em Cariacica, o atendimento é feito em unidades de saúde.
“Os CAPSad desenvolvem um trabalho importante, mas não possuem estrutura para tratar dependentes químicos. É necessário que parte do orçamento municipal seja reservado para investimentos nessa área. Já fiz uma indicação à prefeitura para que seja construído um centro de tratamento com leitos para internação”, disse o vereador de Vitória, Luiz Emanuel (PSDB).
Na capital capixaba possui dois CAPSad, cada um com capacidade para atender em média 250 pessoas por mês. Um está localizado no bairro Ilha de Santa Maria, atende somente adultos e possui oito leitos para internação por no máximo dez dias. O outro está localizado no bairro São Pedro e é especializado no atendimento de crianças e adolescentes.A paciente E.G.R que faz tratamento contra o vício em crack em um dos CAPSad de Vitória disse que quando procurou um posto de saúde, porque estava passando mal com a abstinência de drogas, não recebeu o atendimento que precisava. “Fiquei dois meses esperando por uma consulta na unidade de saúde. Mas quando fui atendida, a médica falou que não podia fazer nada. Eu suava muito, tinha calafrios e ficava agitada”.
Outra paciente do Centro de Vitória, E.S.E, que faz tratamento contra o vício em álcool e crack, disse que quando precisou ser internado foi encaminhado para o Hospital São Lucas. “Contamos com uma equipe multiprofissional que atende os casos de intoxicação leve ou moderada, porque não temos uma estrutura hospitalar.
Quando há casos mais graves, precisamos acionar o Estado para que esses pacientes sejam internados”, disse Luiza Victal, psicóloga da área técnica de saúde mental da Prefeitura de Vitória.Em Vila Velha, funciona um CAPSad com capacidade para atender cerca de 180 pessoas por mês. “Só o CAPSad não é suficiente para atender a demanda do município. Precisamos que ele seja 24h para que as pessoas possam dormir no local e tenham um atendimento completo. Muitas pessoas chegam aqui e temos que encaminhá-las para alguma unidade de pronto atendimento (PA)”, disse a gerente do centro, Aldinéia Gomes de Melo.
Na Serra casos graves vão para o PA
O município da Serra também possui um Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad), com capacidade para atender 300 pessoas por mês. “Nosso objetivo é prestar atenção diária para o paciente. Nos casos mais graves, encaminhamos o paciente para o PA ou acionamos o Estado para a aquisição de leitos. Em alguns casos, encaminhamos o paciente para internação em um centro de tratamento para dependentes químico contratado pela prefeitura, onde são ofertados cinco leitos para internações por no máximo 30 dias. Em média, 15 pessoas aguardam por uma internação”, disse a gerente do CAPSad da Serra, Betsaida Moulin.
Em nota, a Prefeitura de Cariacica informou que o Programa de Saúde Mental Álcool e outras Drogas oferece tratamento ambulatorial aos dependentes químicos em três unidades de saúde que são referência nesse tipo de atendimento. No total, são feitos 600 atendimentos semanais.A Secretaria Estadual de Saúde (SESA), também por meio de nota, informou que o Governo do Estado está ajudando os municípios a fortalecerem essa rede com a construção de 10 novos CAPSad nos municípios de Anchieta, Colatina, Santa Maria de Jetibá, Cachoeiro de Itapemirim, Barra de São Francisco, Vila Velha, Linhares, Marataízes, Cariacica e Serra.
Postos de Saúde não estão preparados
A coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisa sobre Álcool e outras Drogas (Cepad), da Universidade Federal do Espírito Santo, Marluce Siqueira, o trabalho realizado pelos CAPSad é muito bom, mas a capacidade de atendimento deles é pequena em relação à demanda. O ideal seria que os postos de saúde estivessem preparados para atender e tratar a maior parte dos casos com diálogo, práticas integrativas, como yoga, e medicamentos.
“Faltam profissionais treinados e medicamentos nas unidades de saúde dos bairros para tratar pessoas com vício em qualquer tipo de droga. Isso faz com que os CAPSad fiquem sobrecarregados”, disse a coordenadora.
