Por Heberton Silva
Nesta terça-feira (19) aconteceu a 5ª audiência sobre o a morte dos irmãos Joaquim e Kauã, encontrados carbonizados em Linhares. A expectativa era que o casal Georgeval Alves e Juliana Salles, padrasto e mãe dos meninos, falasse pela primeira vez perante a justiça. Mas eles não responderam as perguntas feitas.
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A informação é do assistente de acusação do caso, Siderson Vitorino. “Eles responderam um discurso pronto, construído pela defesa do casal”.
Ao fim da audiência, que terminou por volta das 16h, o comerciante Rainy Butkowski, que é pai de Kauã e defendido por Siderson Vitorino, foi preso por desacato.
“Foi uma prisão totalmente arbitrária, que não se enquadra nas leis do Direito. Um juiz que passava de calça jeans e camiseta na frente do Fórum pensou que poderia dar voz de prisão para o meu cliente, sobre o argumento de que tenha cometido desacato a autoridade, o que não aconteceu”, afirmou.
O advogado afirmou que vai registrar Boletim de Ocorrência na delegacia. “Eu estou na delegacia porque nós vamos representar contra o juiz, também, por abuso de autoridade”.
Relembre o caso
Os corpos dos irmãos Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, foram encontrados carbonizados, dentro de um quarto da residência onde moravam, em Linhares, na madrugada do dia 21 de abril deste ano em Linhares. Inicialmente, Georgeval Alves, pai e padrasto dos meninos, contou a um amigo da família que acordou com o choro pela babá eletrônica e percebeu que o quarto dos meninos estava em chamas. Ele disse que foi até o cômodo e tentou salvá-las, mas acabou queimando também os pés e foi empurrado para fora pela força do fogo.
Georgeval foi preso no dia 28 de abril. A prisão do pastor aconteceu por volta das 6 da manhã. Ele foi levado à 16ª Delegacia de Polícia Civil em Linhares. Segundo fontes revelaram a ESHOJE, chama a atenção as informações dadas por George à polícia e publicamente e suas lesões no corpo. Isso porque ele tem apenas machucados simples nas mãos para quem garantiu ter entrado em meio ao fogo para salvar os filhos.
A conclusão do inquérito foi apresentada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), na manhã do dia 23 de maio, em Vitória. Durante a perícia foi identificado que o cenário era incompatível com um incêndio acidental e que a cena do crime mostrou que o investigado inicialmente molestou as duas crianças e as agrediu após os abusos sexuais e ateou fogo nas vítimas, com o propósito de ocultar o abuso. Na ocasião, a polícia descartou a possível participação da esposa do pastor, Juliana Salles, no crime.
A Justiça do Espírito Santo recebeu, no dia 18 de junho, a denúncia feita pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Linhares, contra Georgeval Alves e Juliana Sales. O MPES também pediu a prisão preventiva deles, por prazo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupros de vulneráveis e fraude processual. Georgeval responderá ainda pelo crime de tortura.
Juliana Sales foi presa no município de Teófilo Otoni na madrugada de 20 de junho. O MPES, responsável pela prisão, afirmou ter provas contundentes de que a mulher conhecia o desvio de conduta do marido, assim como os problemas com sua sexualidade e mesmo assim deixou os filhos com ele. “A omissão de uma mãe nesse caso tem valor equivalente ao crime”, explicou a promotora Raquel Tannenbaum. Por conta disso, Juliana foi acusada de homicídio qualificado, estupro de vulnerável e fraude processual.
No dia 10 de outubro, foi realizada a primeira etapa da audiência de instrução do caso, na 1ª Vara Criminal, no Centro da capital. Na ocasião, foram ouvidos o comerciante Rainy Butkovsky, de 31 anos, pai de Kauã, e a avó, Marlúcia Butkovsky. Também foram ouvidos peritos da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, responsáveis pela investigação das causas do incêndio.
Juliana Sales saiu da prisão na noite da última quarta-feira (30), ela havia sido presa, pela segunda vez, no dia 14 de dezembro de 2018, uma semana após conseguir liberdade provisória.