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Geopolitica e a copa do mundo de 2018

O  futebol explica o mundo, ou pelo menos ajuda a explicá-lo, e a Copa da Rússia, um dos principais atores do cenário internacional, reproduzirá nos gramados tensões geopolíticas que vão da guerra da Síria ao “Brexit”. Confira: Guerra na Síria – A partida de abertura do Mundial colocará frente a frente dois países que estão em lados opostos no mais grave conflito militar da atualidade: a anfitriã Rússia, uma das maiores potências bélicas do planeta, vem sendo determinante para a manutenção do regime de Bashar al Assad, acossado por uma miríade de grupos rebeldes, muitos deles apoiados pela Arábia Saudita.

Além disso, a rica monarquia sunita, também dona de um dos regimes mais opressores do mundo, integra a coalizão internacional criada pelos EUA para combater o Estado Islâmico, enquanto Moscou preferiu se juntar aos xiitas Irã e Hezbollah.

Se algum sírio conseguir uma televisão e esquecer por 90 minutos dos sofrimentos de uma guerra sem fim, será difícil não torcer para um lado ou outro. Aliás, no grupo das autocracias, que também inclui o Egito, resta o pequeno Uruguai, menor e mais democrático dos quatro integrantes da chave A.

Pacífico fora de campo e belicoso dentro dele, o país tentará mostrar que a guerra só se faz entre as quatro linhas.

Ceuta – Em tempos de crise migratória, uma das rotas mais usadas por deslocados externos estará representada no grupo B da Copa do Mundo. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), 11,8 mil pessoas já entraram na Espanha pelo Mediterrâneo em 2018, a maioria esmagadora delas proveniente do Marrocos, embora não sejam necessariamente marroquinos.

O país do norte da África é o único de seu continente a fazer fronteira física com a Europa, com os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla. Em 2015, ficou famoso o caso de uma criança da Costa do Marfim encontrada dentro de uma mala pelo serviços de imigração de Ceuta. Somente neste ano, cerca de 200 pessoas já morreram na travessia entre Marrocos e Espanha.

O grupo B é o mais concentrado geograficamente da Copa. Além dos vizinhos intercontinentais, Portugal também está logo ali ao lado. A exceção é o persa Irã, que poderia fazer um tira-teima de potencial explosivo em um improvável encontro com a arqui-inimiga Arábia Saudita nas oitavas de final. É mais verossímil, no entanto, que os dois países se enfrentem diretamente em uma guerra do que na Copa de 2018.

Kosovo – No grupo E, o Brasil será espectador da reprodução de um conflito que marcou a década de 1990: a Guerra do Kosovo. Ou quase isso. Três dos principais jogadores da Suíça – Xherdan Shaqiri, Granit Xhaka e Valon Behrami – são de origem kosovar e enfrentarão a Sérvia no dia 22 de junho.

O Kosovo declarou sua independência de Belgrado unilateralmente em fevereiro de 2008, mas a Sérvia ainda não reconhece a autonomia de sua ex-província, assim como cerca de 90 países, incluindo o Brasil.

Para os sérvios, o Kosovo é o berço de sua civilização, embora a grande maioria de seus quase 2 milhões de habitantes seja de etnia albanesa. A guerra do fim dos anos 1990, envolvendo também a OTAN, deixou mais de 10 mil mortos.

Brexit – Embora livre de armas, um dos embates mais “quentes” do momento é a conturbada saída do Reino Unido da União Europeia, que ainda está sendo negociada e deve ser efetivada em 29 de março de 2019, com um período de transição até 31 de dezembro de 2020.

Apesar dos desejos de integração cada vez maior por parte de Alemanha e França, a UE não tem uma seleção de futebol única, mas, de certa forma, as tratativas Londres-Bruxelas estarão representadas em campo na Rússia.

A capital da Bélgica é sede dos poderes Legislativo (junto com Estrasburgo) e Executivo da União Europeia, além de abrigar diversas instituições do bloco. Por conta disso, no cenário internacional, costuma ser até mais associada à UE do que à própria Bélgica, que medirá forças com a Inglaterra na Copa.

A sempre incensada geração belga é favorita para vencer no duelo com os inventores do futebol, assim como parece estar ocorrendo nas negociações do “Brexit”.

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