O aumento do número de casos de autismo no Brasil e no mundo torna cada vez relevante o trabalho do médico geneticista. O primeiro diagnóstico do chamado Transtorno do Espectro Autista é clínico, mas a investigação genética é relevante no encaminhamento posterior do paciente. Segundo o Diretor de Ética Médica da Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM), Rodrigo Fock, não há uma única condição clínica e sim uma soma de fatores que levam a suspeita por parte do médico. As variações são relevantes, podendo ter um paciente sem comunicação nenhuma e elevado isolamento social até quadros leves que são conhecidos, hoje, como de “bom rendimento”.
“O diagnóstico é clínico, ou seja, não há nenhum exame que vai indicar o diagnóstico de autismo no paciente. A genética entra no auxílio do diagnóstico etiológico, ou seja, da causa. Atualmente dos indivíduos que possuem espectro autista, 40% tem alguma alteração genética”, explica.
Um estudo realizado em 2018 pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, revelou que uma criança a cada 59 nasce com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os dados revelam um aumento no número de casos de autismo em todo mundo. Até há alguns anos, a estimativa era de um caso para cada 150 crianças. No Brasil existem aproximadamente dois milhões de autistas.
“Estima-se que cerca de 20% dos indivíduos com autismo possuem alterações de microdeleção ou microduplicação do (quantidade de) material genético. Esse grupo é muito importante e expressivo”, completa Rodrigo.
Por conter dados comportamentais, a investigação do espectro autista é feita em sua maioria a partir dos dois anos de vida. Além do geneticista, o médico pediatra é fundamental, pois costuma ser o primeiro a ter o contato com o paciente desde os primeiros dias de vida e pode acompanhar o pleno desenvolvimento. A partir dos primeiros sintomas identificados, o psiquiatra infantil e o neurologista pediátrico também são muito importantes para o diagnóstico.