Funcionários da Petrobras fazem protesto na sede da empresa em Vitória

Cerca de 50 funcionários da Petrobras no Espírito Santo fazem manifestação, na manhã desta sexta-feira (24), na sede da empresa na Reta da Penha, em Vitória. O grupo bloqueou a entrada do prédio com correntes e cadeados para impedir a entrada de funcionários. O trânsito não foi bloqueado na avenida. O movimento desta sexta é nacional e acontece em outros estados também.

Os petroleiros prometem greve de 24 horas, que começou a zero hora desta sexta. A greve é contra o novo Plano de Negócios da Petrobras, que prevê cortes de US$ 89 milhões nos investimentos, além da venda de ativos que poderá reduzir em 57 bilhões o patrimônio de estatal.

“Nossa luta é em favor do Brasil, em defesa do emprego, do pré-sal e da incorporação das subsidiárias. O petroleiro tem história de luta e de resistência. Coincidentemente, este ano fazem 20 anos da histórica e bem-sucedida greve de 1995, que também contestou a privatização do Sistema. Temos um papel social importante e não podemos nos furtar de defender um dos maiores patrimônios do povo brasileiro”, frisa o coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros, Paulo Rony Vianna.

Para o diretor do Sindipetro-ES, Davidson Lomba, a Petrobras está sendo oportunista em pleno momento de crise, querendo obter lucros a custos do Brasil e de seus funcionários. “A Petrobras tem as minas de ouro e diamante, mas agora quer vender a mina de ouro para investir mais na de diamante. A empresa está mentindo, ela está se aproveitando da fragilidade político-econômica do país para aumentar o lucro dos acionistas. De janeiro até agora, mais de 30 mil petroleiros ficaram desempregados e neste mês haverá mais, caso ocorra as vendas dos campos terrestres, de subsidiárias, navios, dutos e terminais”, afirmou.

Lomba explicou ainda que se a Petrobras efetivar essas ações, todos os Estados produtores de petróleo sofreram grande perda de recursos, que impactaram diretamente no poder de investimentos públicos.

As duas entradas da Sede da Petrobras estão fechadas desde às 5h e permanecerá dessa forma até às 23h59. Segundo Lomba, dos 2 mil petroleiros que trabalham no escritório central da estatal no Espírito Santo, menos de 5% dos funcionários administrativos conseguiram passar pela barreira. Com a paralisação, cinco bases e duas plataformas estão com a atuação reduzida.

“Aderiram ao movimento as base de Cacimbas, Anchieta, Barra do Riacho, Vitória e Serra, além de duas plataformas em alto mar. Somente as produções em mar estão normalizadas, a manutenção e tudo em terra está parado. Com a venda dos ativos o Brasil não vai lucrar nada a mais, só vai aumentar o desemprego, pois essas empresas privadas não tem o mesmo compromisso com os trabalhadores locais. A nossa pauta é política e nacional, a empresa tem que parar de se esconder dos debates e se manter como operadora única do pré-sal”, disse o diretor do Sindipetro-ES.

Mesmo já cientes da paralisação geral de 24h, dezenas de funcionários tentaram trabalhar nesta sexta. Um dos efetivos da Petrobras, que preferiu não se identificar, ressaltou que não imaginava que seria dessa forma. “Foi anunciado com antecedência, mas mesmo assim eu vim né, precisava tentar. Não imaginei que seria de forma tão radical o movimento. A maioria que está aqui, está querendo trabalhar, mas não consegue, fechar o escritório não causará o mesmo impacto que na área operacional, então não será significativo”.

Por volta das 10h, um outro funcionário tentou furar a barreira de petroleiros na entrada da Estatal no Espírito Santo, mas foi impedido e chegou a ser hostilizado pelos funcionários que aderiram ao movimento.

Por meio de nota, a Petrobras informou que em função da greve de 24 horas prevista para ter início à meia-noite desta sexta-feira (24), em algumas unidades, houve registro de bloqueios na entrada dos empregados, gerando atrasos, assim como corte de rendição de turno. As atividades da empresa estão dentro da normalidade, sem prejuízo à produção, estando preservada a segurança das instalações da companhia e de seus trabalhadores.

A Petrobras tomou todas as medidas para garantir a manutenção da produção de petróleo e gás, bem como o abastecimento do mercado.