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Fit 2018 flerta com propostas que subvertem os limites da cena

Mais do que organizar uma série de espetáculos e encaixá-los dentro de uma agenda, os festivais de artes cênicas no Brasil têm encarado o desafio de reinventar essa celebração pública entre a plateia e os artistas.
Na 18ª edição do Festival Internacional de Teatro São José do Rio Preto 2018 (FIT- Rio Preto), o perfil da programação que vai até sábado, 14, incorpora a arquitetura da cidade, a tecnologia e os espetáculos menos convencionais como aposta de uma interação mais singular com o público.
Um deles é Tudo o Que Está ao Meu Lado, do argentino Fernando Rubio. Apresentada em uma represa, em parques ecológicos e praças, a montagem propõe ao público uma experiência olho no olho. Para participar, o espectador deve tirar os sapatos e deitar-se em uma das camas instaladas nesses locais. Ao seu lado, está uma atriz que apresenta um pequeno monólogo, durante 15 minutos. A proximidade com a intérprete e o ruído natural do ambiente serviam como moldura de uma mensagem pelo resgate da intimidade e do afeto com as pessoas.

Em um caminho semelhante, o projeto Corpo/Lentes evidencia a presença do artista no espaço público em um espetáculo multimídia. O lugar escolhido foi o Complexo Swift, uma antiga construção com um graneleiro, feito para armazenar produtos, mas que hoje abriga um complexo cultural, com salas e um teatro municipal. No projeto, Guilherme Di Curzio e Jorge Etecheber captaram áudio e imagens da bailarina Andrea Capelli dançando pelo edifício do graneleiro. Um filme foi projetado e exibido dentro do mesmo lugar das gravações, duplicando os ruídos – em um momento o som digitalizado do trem que passa nos arredores se confundia com o ruído real da composição que se aproximava no momento da apresentação.

Na outra extremidade, o trabalho do performer Maikon Kempinski talvez seja um dos mais radicais na programação de um festival de teatro. O Ânus Solar tem inspiração direta no texto curto do escritor francês George Bataille, que versa sobre a ambição de Ícaro de encarar a luz solar e como o corpo humano tentou configurar um terceiro olho que conseguisse tal proeza. “Ele faz uma paródia que compara o ânus dos babuínos, que são aparentes e coloridos, com os dos humanos, que são escondidos”, disse Kempinski à reportagem.

Composto por diversas cenas, o espetáculo quer dissolver os limites e criar uma comunhão com a plateia, diz o artista. “Faço um número musical, depois algo mais teatral e até uma exploração do que é clichê para a performance, como o uso de elementos como leite e sangue fictício.”

Na sessão do dia 8, Kempinski acabou se ferindo acidentalmente enquanto manuseava uma serra elétrica no espetáculo. Ao tentar cortar um colchão, a lâmina ficou presa no tecido da cama e feriu a parte interna da coxa esquerda do artista. Quando o acidente aconteceu, muitas pessoas já tinham deixado a sala. “Faço esse espetáculo desde o ano passado e nunca me machuquei, a intenção não é essa”, afirmou. “O que aconteceu foi que segurei a serra de um jeito errado e ela acabou ricocheteando na minha perna, foi uma falha técnica.”

Durante a apresentação, o artista recebeu atendimento médico, mas decidiu continuar. Ao final, Kempinski teve apoio da plateia, foi aplaudido e logo encaminhado ao hospital. “O médico me tranquilizou, pois, apesar do corte ter sido extenso, não foi profundo. Estou tomando medicação e melhorando.”

A última sessão de O Ânus Solar, marcada para esta segunda, 9, à noite, seria realizada com mais cuidado, atenção e executada em ritmo mais lento, afirmou o artista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leandro Nunes
Estadao Conteudo
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