Por que as pessoas cultivam há séculos o hábito de comemorar o ano novo?
Tradição? Herança cultural? Simples vontade de festejar? Possibilidade de reunir os amigos?
Tudo isso junto, certamente, mas há o algo mais: a necessidade de renovar nossas esperanças no futuro, e de deixar para trás problemas, frustrações, desencantos e desencontros.
A virada do ano significa, efetivamente, a possibilidade de recomeçar de forma diferença.
Uma simples mudança no calendário tem o poder emblemático de representar a possibilidade de superar o desemprego, vencer um mal que nos aflige, encontrar a cura para uma doença que faz mal ao corpo e à alma da gente.
Não importam os credos, as crenças, as não-crenças. Há no dia 1º de janeiro de cada ano a renovação dos sonhos, que extrapola aos espetáculos pirotécnicos de rara beleza, em regra, mas que acabaram se transformando em instrumento de gestão pública.
No Brasil de 2015, por exemplo, mais de 80% dos Estados e Municípios fecharam o ano descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Alguns – e não foram poucos – com salários dos servidores públicos atrasados, com crises na saúde, na educação e na segurança pública.
Isso não serviu para inibir gestores descompromissados e descomprometidos de “investir” milhões de reais em espetáculos pagando cachês irreais a artistas decadentes.
Lamentavelmente, a virada do ano acabou se transformando também em mais uma oportunidade de superfaturamento, inclusive pela impossibilidade real de aferição do que foi efetivamente gasto.
É mais ou menos como o Natal, festa que tem originalmente um espírito cristão, em que se celebra o nascimento de Jesus Cristo, mas que se transformou na mais importante data do calendário comercial e todo o planeta.
As lições de Cristo, portanto, e os sonhos de uma vida melhor a cada ano que se inicia, ficam em segundo plano.
Mas não há que se renunciar aos sonhos. São eles que alimentam nossa alma e nosso sorriso.
Feliz 2016 a todos.
Apesar de tudo.
