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Ex-delegado acusa Camilo Cola pela morte do dono do “Povão”

Em depoimento prestado à Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Espírito Santo, que apura os casos de violações dos direitos humanos e crimes cometidos por agentes da ditadura militar contra profissionais de comunicação, o ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, Claudio Antonio Guerra, garantiu que o empresário Camilo Cola, hoje deputado federal pelo PMDB capixaba, foi financiador de inúmeras ações clandestinas contra inimigos do regime militar e também desafetos pessoais.

Ele citou a execução e o desaparecimento do corpo do dono do jornal “Povão”, José Roberto Jeveaux, como encomendado por Camilo Cola pelo fato do dono da Viação Itapemirim estar sendo extorquido pelo dono do jornal.
“Eu me reunia periodicamente com os chefes do SNI e outros órgãos da repressão que combatiam os adversários do regime militar e encomendavam mortes e desaparecimento de pessoas, aqui e em outros Estados, onde atuei como pistoleiro eliminando dezenas de adversários da ditadura. As reuniões ocorriam em Vitória, no Ed. IAPI, no gabinete do então procurador geral da República do Espírito Santo, Geraldo Abreu, com o coronel do DOI-Codi Freddie Perdigão e com o comandante Vieira, e eles queriam atender ao pedido do Camilo Cola, que pretendia se livrar das extorsões que sofria do Jeveaux. Eu, que já havia eliminado adversários dos militares em outros Estados, ponderei que era amigo de Jeveaux. Basta lembrar que em seu jornal saiu uma série de artigos do jornalista Pedro Maia sobre ações de combate ao crime que eu havia comandado. A coluna se chamava “Guerra, o Cana Dura” e assim, consegui ficar fora do desaparecimento do Jeveaux”, disse o delegado.
Claudio Guerra acrescentou que o desaparecimento do dono do Povão ocorreu dez dias depois dele ter recusado a encomenda e que foi feita por uma equipe de fora, que teria vindo de Minas Gerais e Rio de Janeiro, com a cobertura dos policiais locais Moacir e Levi Sarmento. Ele disse lamentar ter se omitido, pois hoje entende que deveria ter alertado Jeveaux, de quem reiterou ter sido amigo. Segundo o ex-delegado quem disse a ele no gabinete do procurador Geraldo Abreu que a morte de Jeveaux atendia a uma encomenda do hoje deputado federal Camilo Cola, foi o coronel Freddie Perdigão, com quem se reunia periodicamente em Vitoria e no Rio de Janeiro para tratar do combate aos “subversivos” que desafiavam o regime militar.
Para Guerra, “não há dúvida de que a morte de Jeveaux foi um crime de mando do SNI para atender ao pedido de um dos principais financiadores da repressão militar contra a esquerda brasileira durante a ditadura militar. Além de sumirem com o corpo do Jeveaux, colocaram uma bomba na sede do jornal na Ladeira Caramuru, em Vitoria, e o vigia do “Povão” teria reconhecido as pessoas que foram colocar a bomba no jornal, tendo sido também eliminado por causa disso”.
No depoimento, ele citou ainda uma reunião ocorrida no Hotel Gloria, no Rio de Janeiro, onde foi articulada a Operação Condor, que assumiu a eliminação de adversários das ditaduras do Cone Sul, e assumiu a responsabilidade pela bomba colocada no jornal A Tribuna, em Vitoria, atribuída na ocasião a militantes de esquerda, pelo fato do jornal pertencer ao Grupo João Santos, que tinha entre seus dirigentes o Marechal Cordeiro de Farias, um dos ideólogos do golpe militar de 1964.
Outros atentados a bomba contra veículos de comunicação também foram assumidos por Claudio Guerra em seu depoimento à Comissão da Verdade do Sindijornalistas-ES.

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