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Espírito Santo registrou 27 partos por dia em mães entre 10 e 19 anos

Laureen bessa – [email protected]

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Em anos anteriores, foram registrados 9.975 partos (2014) e 9.771 (2013), sendo sempre considerada a idade das mães entre 10 a 19 anos. Os números dos municípios da Grande Vitória chegam a representar 79,9% dos dados apresentado pelo Estado. Na capital capixaba, durante o ano de 2015, foram acompanhadas 538 adolescentes gestantes. Em Vila Velha, o número subiu um pouco, 636. Já Viana, foi o município que registrou menos casos, 465 meninas grávidas. Os municípios com maior número foram Serra, com 1.195 e Cariacica, com 779 gestantes com menos de 20 anos.
Com o passar dos anos, o campo científico desenvolveu métodos contraceptivos que facilitaram o controle de natalidade. Mesmo assim, ainda é um problema para os adolescentes fazerem o uso de tais metodologias.
As opções são as mais variadas, que vai desde o uso de camisinhas, pílulas e injeção de anticoncepcionais, coito interrompido, diafragma e até espermicidas. Apesar de terem acesso às informações sobre o assunto, muitos ainda desconhecem as formas de adquirir e utilizar.
Segundo Fabiana Fafá, da área de Saúde do Adolescente de Vitória, o que falta é diálogo sobre o assunto. “Apesar de os adolescentes terem acesso às informações através da internet, o que falta é o diálogo aberto com a família e com pessoas que possuam conhecimento sobre o tema. Ao longo do ano, a gente vai até as escolas para conversar e orientar os adolescentes, fazemos uma roda com meninos e meninas de 12 a 16 anos e os orientamos sobre o sexo seguro e sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”.
Nas unidades de saúde, qualquer pessoa pode pegar, gratuitamente, camisinhas no balcão da recepção, sendo que não é necessário se identificar. Já os medicamentos são oferecidos após consulta médica, para receber orientação de uso. A partir dos 16 anos não é necessária a presença dos responsáveis para o atendimento ginecológico.
Para a pediatra do ambulatório de Ginecologia Infanto Puberal da Serra, Sylvia Bahiense, os índices podem ser reduzidos com o trabalho de prevenção. Desde 2008, o município tem buscado interagir com os adolescentes nas unidades de ensino, para evitar a gravidez precoce.
“Atuamos no campo da prevenção da gravidez precoce, conversamos com as meninas e com os meninos. A orientação é dada de forma didática para cada grupo de 10 a 19 anos. Esse projeto está em escolas de 18 bairros da cidade, escolhidas por estarem em regiões de grande vulnerabilidade social”, revelou a pediatra.
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Segundo profissionais da área da saúde, durante as conversas com os adolescentes, é comum ouvir reclamações sobre a falta de interesse dos responsáveis em falar sobre sexualidade. Desta forma, muitos acabam descobrindo fora de casa, e em muitos casos, na prática.
“As principais queixas dos adolescente é que os pais e responsáveis têm vergonha de falar com eles sobre sexo. Por isso, que nós tentamos fazer com que a família participe das palestras. É através da orientação que vamos conseguir prevenir a gravidez precoce”, salientou a pediatra Sylvia Bahiense.
Mãe de um bebê de dois meses, Mirela Batista Miranda, 15, revelou que não tomava anticoncepcional, mas fazia uso regular de camisinha. No entanto, bastou uma relação sem o preservativo para ela engravidar. “O pai do meu filho tem 16 anos e não quis assumir o filho. Engravidei porque deixei de usar a camisinha uma vez, e como eu não ia na médica, não sabia como funcionava o meu corpo. Não me sentia confortável no ginecologista, mas hoje, eu vejo a importância de um acompanhamento médico”, ressaltou a adolescente.
Mirela não está sozinha. “Tenho sete amigas, três são gestantes e quatro já são mães, e elas têm entre 15 a 17 anos. Por medo eu não falei nada para minha mãe e minha barriga só apareceu com seis meses. Mesmo assim eu não contei, ela descobriu”.
Lídia Perovano de Oliveira, 17, mãe de um menino de quatro meses também nunca conversou com pais sobre o assunto. Mas, no caso dela, eles que evitavam o assunto, pois são evangélicos. “Meus pais nem sabiam que já não era virgem e tive medo de contar. Eu morria de medo de contar essas coisas para eles, quem contou foi o pai do meu filho. Meu pai não falou uma palavra, já a minha mãe surtou, disse que não havia me criado para isso, que eu era muito nova para essas coisas. Não ia na ginecologista e nem tomava remédio, porque eu tinha medo da minha mãe descobrir”, frisou Lídia.
Já Ana Carolina Firmino, 18, está grávida de cinco meses e conta que quando contou para o pai, a única resposta foi “vai falar com sua mãe isso”. “Eles já sabiam que eu não era mais virgem, mas nunca conversaram comigo sobre sexo seguro. O que eu aprendi foi com jornal, escola, internet e minha amigas. Acredito que se eu tivesse tido acompanhamento ginecológico, tudo teria sido diferente”.
Culpa dos pais
De acordo com os psicólogos Martha Zouain e Antonio Elmo, a gravidez precoce ocorre exatamente quando os pais e responsáveis se omitem de seus papeis como educadores. “Eles estão em uma fase de mudanças corporais e comportamentais, devido os hormônios. São os pais que devem orientar, para evitar a procura de informações não confiáveis, com amigos e internet”, afirmou Zouain.
A psicóloga destaca que os pais têm se eximido e negligenciado a educação dos filhos ao longo de toda a sua formação, por vergonha. “Os pais têm é vergonha de conversar sobre sexo com os filhos e empurram isso para outra pessoa ou até mesmo, para a unidade escolar”, declarou.
Segundo o psicólogo, Antonio Elmo, os pais ainda têm dificuldades de entender que a prática sexual é normal, principalmente para ambos os sexos. E que o machismo ainda impera: o adolescente homem pode, “com juízo”, já a mulher, não. “A mudança está nos pais e não nos adolescentes. É de responsabilidade dos pais fazerem com o que seus filhos se tornem pessoas responsáveis, principalmente com a vida sexual”, finalizou.

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