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Espírito Santo está no topo da lista de casos de feminicídio

feminicidio1(1)No dia 15 de outubro, um domingo, mais uma vida poderia ter entrado nas tristes estatísticas capixabas relacionadas ao feminicídio. A advogada Fábia Fernandes, 38, após sofrer agressões verbais, empurrões fortes, socos na face, tentativa de enforcamento, estrangulamento chegou a ouvir a frase “agora eu vou te matar”. Depois disso foi empurrada de um carro em movimento pelo companheiro. “Só lembro de ele ter acelerado e dito: ‘se é isso que você quer, então tá’. Depois eu desmaiei”, relata.

De acordo com os dados do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2017, o Espírito Santo ainda figura entre os Estados brasileiros que se destacam em relação à violência contra mulheres. Em 2016, foram 140 mulheres assassinadas no Estado, sendo 34 casos classificadas como feminicídio e outros 106 como Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), que incluem as categorias homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte.

Este ‘34’ colocou o Espírito Santo na quarta posição nacional na proporção de feminicídios em relação aos CVLI de mulheres, representando uma proporção de 32,1%, bem acima da média nacional, que foi de 11,4%. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), de janeiro a agosto de 2017, 94 mulheres foram assassinadas no Estado, sendo 28 casos considerados feminicídios. Este número é superior ao de 2016, quando, no mesmo período, foram registrados 22 de um total de 72 homicídios contra mulheres.

Segundo o Anuário, em 2016, 4.657 mulheres foram assassinadas no Brasil (entre homicídios de mulheres e feminicídios). Ou seja, a cada duas horas, uma mulher foi assassinada em 2016. Mas apenas 533 destes casos foram classificados como feminicídios. De acordo com os autores do documento, isso demonstrou as dificuldades do primeiro ano de implementação da lei que classifica feminicídios.

fabiaMarcas
Quando Fabia abriu o olho, se viu no meio da rua em um cruzamento do bairro Cobilândia, em Vila Velha, cercada de pessoas. O resultado foram 15 pontos na cabeça e pequenas escoriações pelo corpo. Felizmente sobreviveu. Ele relata que o suspeito, o empresário Felipe Folli Stange, 31, que foi preso em flagrante no mesmo dia – mas liberado após pagamento de fiança de R$ 5 mil – já a havia agredido no ano anterior com quatro socos na cara.

“Não é a primeira vez que ele me agride. Ele me deu quatro socos na cara, dois de cada lado. Então terminei, mas voltamos porque ele insistiu. Na primeira vez eu não denunciei e também não falei para ninguém. Ele me jurou que nunca mais ia encostar um dedo em mim. Porém o perfil dele é este. Descobri que outras namoradas sofreram, mas elas retiraram a denuncia ou não denunciaram”, contou a vítima.

No próprio dia 15 foi determinada a medida protetiva para a advogada, mas ela relata que, como aconteceu em outras ocasiões, Felipe tenta se aproximar pedindo para que conhecidos entrem em contato com ela, alegando que precisa conversar sobre a empresa, na qual ambos são proprietários.

No momento, a vítima e sua advogada tentam reverter o parecer da delegada, que classificou a situação como lesão corporal. “Ele tentou me matar. Foi tentativa de homicídio. Ela estava me batendo no meio do caminho e dizendo que ia me matar”, relembra.

A reportagem entrou em contato com o empresário Felipe Folli Stange, mas ele não quis responder aos questionamentos da reportagem.

movimento bastaMovimento Basta, pelo fim da matança
No fim do mês de agosto, após ter lido a notícia de que, somente em 2017, 84 mulheres já haviam sido mortas no Espírito Santo, a microempresária Joelma Moraes, 45, decidiu se mover. “Aquilo mexeu muito comigo e, numa roda de conversa com amigas decidimos ir para a rua dizer que basta! Decidimos bradar contra essa situação”, disse.

Surgia então o Movimento Basta. A primeira atitude foi um vídeo de impacto realizado dentro de um cemitério para trazer à memória mulheres que havia morrido em feminicídios. “Nossa mensagem foi direcionada a cada tipo de violência que começa dentro de casa e que acaba no silêncio. Foi buscando gerar coragem para que as mulheres denunciassem. Isso trouxe mais mulheres para abraçar a causa”, contou.

No domingo do dia 3 de setembro, Joelma e um grupo de mulheres e simpatizantes se reuniram na Praia de Camburi, e realizaram um ato com 84 cruzes pintadas de rosa, em sinal de protesto contra as 84 mortes.

“Esse foi nosso surgimento público. Foi um ato muito visto, pois tinha um movimento muito grande de pessoas. As pessoas paravam, perguntavam, refletiam, sugeriam, choravam ao lembrar de entes queridos e nós os escutávamos. Nos alegrou ver, algumas semanas depois, um movimento do Governo em torno do assunto. O que nós precisávamos fazer naquele momento era impactar e chamar a atenção do poder público. Precisamos da eficácia do acompanhamento de políticas públicas para que a mulher tenha condições de saber que podem denunciar ameaças dos companheiros”, frisou Joelma.

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