Diante dos 4,54 bilhões de anos do planeta Terra, as formações rochosas que desenham sua superfície são relativamente jovens e se modificam rapidamente. Já a partir da perspectiva humana, uma pedra pode permanecer aparentemente igual desde o nascimento até a morte de gerações de pessoas. No novo solo em processo de montagem da bailarina Ivna Messina, com direção de Carla van den Bergen – “Pedra” –, o tempo geológico e o tempo humano, no entanto, se relacionam como se fossem próximos.O público, por sua vez, poderá conferir como isso tem se desenrolado em um Ensaio Aberto, que acontecerá no dia 13 de julho (sexta), às 19h, na casa da Má Companhia (Centro). A entrada é gratuita e, após a apresentação, será realizado um bate-papo. A estreia de “Pedra” está prevista para setembro.
A partir do olhar macro para o micro, o espetáculo de dança fala de diferentes estados da pedra, desde as placas tectônicas – as maiores pedras existentes na Terra e as grandes responsáveis pelos relevos –, até chegar ao grão, à unidade, passando por cordilheiras, penedo, seixos, entre outros, relacionando os eventos geológicos à realidade humana, mais especificamente, a ser mulher no mundo atual.
“Pensei diretamente na imagem da mulher pelo fato de eu ser mulher, por ter uma equipe quase toda de mulheres, e por pensar em como o mundo faz a gente embrutecer, em como a gente vai se contraindo e se fechando pelas ações exercidas sobre nós, de violência, intromissão, opressão, manipulação. A ideia é nos aproximar dos estados da pedra, entendê-los e ver como se relacionam com o movimento do corpo e com a mulher”, explica Ivna.
A convite da própria bailarina, os caminhos de criação têm sido conduzidos dentro de uma proposta cênica e coreográfica dirigida por Carla van den Bergen (com quem trabalha há 11 anos no Grupo Z de Teatro), observando quais movimentos e estados emocionais cada estado da pedra sugere.
“São dois caminhos de criação: um é a procura do estado corporal e, consequentemente, do movimento, da velocidade, do desenho que aparece, e outro é, a partir da descrição desses estados da pedra, fazer um exercício livre de criação que nos leva para um outro lugar onde cabe o poético – O que isso te lembra? No que isso te faz pensar?”, pontua Carla.
