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Especialistas explicam sobre a presença e cuidados com as águas-vivas

Os capixabas andam percebendo o aumento da presença de águas-vivas no litoral. Nos últimos dias, cresceram os relatos de adultos e crianças que foram “queimados” pelo animal enquanto se divertiam no mar. Mas o que traz esses animais para próximos dos banhistas? Segundo o biólogo Marinho Edson Valpassos, elas chegam a praia por correntes marítimas de águas frias ricas em nutrientes e seres vivos.

Ele explicou que isso varia ano a ano dependendo do clima global. A exemplo, citou os fenômenos “El Niño” e “La Niña”, que podem alterar o comportamento das correntes marinhas. As águas-vivas têm capacidade de deslocamento, mas muitas vezes é o vento quem as empurra por um caminho no mar.

“Muitas delas são conhecidas como caravelas, e ficam na parte superior da água. Hoje elas estão presentes no ES porque estamos recebendo correntes de águas frias características, onde normalmente existem pequenos invertebrados e seres vivos. Muitas vezes é o plâncton (organismos que flutuam nas águas salgadas ou doces) e outras diferentes espécies das quais elas se alimentam”.

O biólogo explicou que as águas-vivas são um conjunto de seres vivos que fazem parte dos cnidários. (presentes no mar e que se apresentam de diferentes formas, como os corais). Para se alimentar, elas projetam tentáculos com quantidades de veneno que em contato com a pele, causa paralisia em pequenos seres vivos.

“Nos seres humanos causa queimaduras. Nós não somos presas naturais das águas-vivas; o contato acontece por uma questão de acaso. Elas esbarram. Como defesa e sem reconhecer se é ou não um alimento, injetam veneno em maior ou menor quantidade. Mas podem atacar também”.

Explicou também que ao chegar à praia, as águas-vivas podem morrer e não causar tanto dano em contato com a pele, o que também vai depender do estágio de decomposição. Mas por serem compostas de 95% de águas, elas desidratam de acordo com a intensidade do sol.

Segundo o biólogo marinho, quando mortas, elas podem ser recolhidas pelo serviço de limpeza do município. Cabe também as prefeituras monitorar a costa para identificar com antecedência a aparição delas. Alertas nas praias para advertir os banhistas sobre a presenças das águas-vivas também são recomendados, para que eles não entrem no mar em casos de grande concentração.

“É importante reforçar aos órgãos públicos que tem litoral para monitorar e identificar a presença desses seres vivos na praia, orientar salva-vidas, e ter postos de atendimento próximos. Isso é orientar no sentido de reduzir a probabilidade de ocorrência e ter o que fazer posteriormente em casos fatais”, disse o biólogo marinho.

Valpassos disse que na maioria dos casos, principalmente em crianças, a dor pós contato é muito intensa. Depende da espécie e extensão do contato dos tentáculos com a pele das pessoas. Vai de dor a convulsão, dependendo da reação de cada um ao veneno.

“A primeira medida é sair imediatamente da água para evitar mais contato. As pessoas que estão se banhando próximo a orla automaticamente vão sair e buscar segurança na areia. Existem duas recomendações: se não tiver pinça, lave um palito de picolé e tente retirar delicadamente da pele da pessoa; e jogue água do próprio mar sobre o local. Nunca lave com água doce, gelada ou mineral. Faça compressa de vinagre ao chegar em casa se a queimadura for de pequena extensão. Se for grade, procure um pronto-socorro”, orientou.

Orientação médica

A dermatologista Krishna Sandoval explicou que a queimadura da água-viva pode levar a outros sintomas, entre eles taquicardia, náusea, hipotensão (pressão arterial mais baixa do que o normal), arritmia. Dependendo da sensibilidade de cada um, o caso pode ser mais ou menos grave.

“Depende da quantidade de água-viva presente e da superfície do corpo atingido. Numa área pequena, o estrago é menor. Mas em crianças, que são mais sensíveis, absorve mais. São vários fatores: a quantidade de água-viva, do que será infiltrado, a superfície corpórea (quanto maior, pior). As vezes são mais graves, causam bolhas e levam ao pronto-socorro”.

A principais orientações são: sair logo do mar em casos de contato com a água-viva, sair logo da água; não jogar água doce, urina ou outras substâncias, porque elas podem piorar a penetração do veneno liberado na pele; e utilizar uma espátula ou o lado contrário da faca para raspar e tentar tirar o máximo.

“Quando os sintomas são mais violentos, tratamos a queimadura com creme e pomada. Em casos de sintomas sistêmicos, usamos antialérgicos ou medicações para controlar. Se a pessoa for alérgica pode surgir um edema de glote (inchaço) ou choque anafilático (reação imediata). Mais raramente acontecem mortes por reações sistêmicas. Nesses casos é corticoide e adrenalina”.

Poucos registros

Segundo o Tenente David Justo, do Corpo de Bombeiros, não houve aumento significativo desse tipo de ocorrência no Espírito Santo. A Grande Vitória registrou 39 ocorrências por queimaduras de água-viva entre 2016 e 2017: 17 foram em Vila Velha (seis na Praia da Sereia, sete no trampolim da Praia da Costa e quatro em Coqueiral de Itaparica).

No município da Serra foram registrados dez casos (cinco em Jacaraípe, três em Manguinhos e duas em Balneário Carapebus). Em Vitória foram 12 ocorrências (uma na Ilha do Frade, três na Curva da Jurema e oito em Camburi).

Mesmo assim, o tenente explica que o número é bem abaixo do Estado de Santa Catarina, no Sul do país. Por lá são registrados cerca de sete mil ocorrências como essa por ano.

“É ainda mais raro a incidência de morte. Aqui no ES não temos esses relatos nos últimos 10 anos. Desde 2005, o brasil registrou 18 mortes no geral em todo o litoral brasileiro. A caravela, espécie que mais frequentemente causa queimaduras, não é muito frequente aqui”.

Ele orientou aos banhistas que querem se certificar sobre a presença ou não do animal nas áreas de praia. “Esse tipo de animal depende muito das correntes oceânicas. Ele não tem atividades padronizadas que possamos prever. O que deve ser feita é uma análise do local onde o banhista frequenta. Se tiver uma ou duas águas-vivas, é provável que tenha pode ter mais. É perceber o que está acontecendo e ter o cuidado ao se banhar, principalmente com crianças. O veneno dela não é tão letal, mas nas crianças pode ser mais nocivo”.

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