Na década de 40 meu pai, Mesquita Neto, foi preso pelo regime ditatorial do Estado Novo, por ter escrito um artigo em seu jornal, O NORTE, editado na cidade de São Mateus, sobre o enforcamento de um modesto produtor rural, Manoel Justino, pela cobrança do Imposto Territorial Rural. Sem o único animal de carga, para transportar suas bananas até o mercado, preferiu o suicídio à vergonha.
A polícia sob o comando de Filinto Muller prendeu meu pai como comunista, porque em seu artigo dizia que Manoel Justino fizera muito bem em dar cabo à própria vida. A expressão levou o Delegado de Ordem Política e Social, Amulio Finamore, considerar o autor do artigo um “comunista perigoso”.
Preso por seis meses, quando deixou a prisão o velho Mesquita Neto, fez à mesa do jantar, com sua mulher e os sete filhos uma pregação de liberdade: “Se algum dia vocês encontrarem pela frente alguém que ouse tirar-lhe a liberdade, não titubeiem, matem-no. A pior coisa que existe nas nossas vidas é a falta de liberdade. Pensei que nunca mais ia rever minha família”.
Discute-se, vez por outra, há nove anos, no Conselho de Representantes da Fecomercio-ES, se os supermercados devem ou não abrir suas portas aos domingos. No Brasil o único Estado onde os supermercados se convencionaram a fechar suas portas aos domingos é no Estado do Espírito Santo. Os empresários acham que têm prejuízo colocando a estrutura dos seus empreendimentos comerciais para funcionarem aos domingos. Raros países no mundo os estabelecimentos comerciais abrem aos domingos, mas no Brasil, apenas no Estado do Espírito Santo os supermercados estão proibidos de abrirem suas portas, por exigências dos próprios empresários, medida aplaudida pelo sindicato dos empregados no comércio, que viram na medida um motivo de “vitória”, às custas da decisão dos patrões.
Com os novos ventos da liberdade varrendo o Brasil, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que prega a liberdade das atividades econômicas, a verdadeira economia de mercado, a maioria dos membros do Conselho de Representantes da Fecomercio-ES entendeu que deva permitir que o comércio, desde que atenda a legislação em vigor, funcione aos domingos.
Tem um velho livro sobre liberalismo econômico, (“Liberdade de Escolher”) de autoria do casal Milton & Rose Friedman, consagrado best-seller nº 1 nos Estados Unidos na década de 60, uma verdadeira bíblia de ensino do liberalismo, que deveria ser lido por todo empreendedor. Se você não tem competência, não se estabeleça. Por favor, não impeça, com sua mediocridade, incompetência, que seu vizinho fique rico.
A morte por enforcamento de Manoel Justino e a prisão de um jornalista defendendo a liberdade servem de exemplo ao direito de escolher.