Diabetes: mais de 70 mil pessoas sofrem dessa doença na Grande Vitória

Um levantamento feito com as secretarias de saúde dos municípios da Grande Vitória indica que mais de 70 mil pessoas sofrem de diabetes. Esse número deve ser ainda maior, já que os dados repassados são de pacientes que fazem acompanhamento nas unidades de saúde e estima-se que 25% dos diabéticos, desconhecem sua condição.

Nesta quinta-feira (26), é celebrado o Dia Nacional contra a Diabetes. A data alerta para a prevenção e o tratamento deste mal que deve atingir, de acordo com a Federação Internacional da Diabetes (dados de 2012), cerca de 330 milhões de pessoas em todo o mundo até o ano de 2025. No Brasil, essa doença crônica atinge mais de 10 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde (MS).

Em Vitória, cerca de 12 mil diabéticos são acompanhados nas 30 Unidades Básicas de Saúde. Na Serra, de acordo com a Secretaria de Saúde, o município acompanha 50 mil pacientes cadastrados no Programa de Hipertensão e Diabetes. As Secretarias de Cariacica e Vila Velha informaram que o número é superior a 2 mil e a 3 mil, respectivamente.

A diabetes possui dois tipos e se caracteriza pela incapacidade do pâncreas em produzir. De acordo com a endocrinopediatra da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Daniela Franco Lube, o tipo 1 é genético e atinge crianças. Já a segunda modalidade é hereditária e está relacionado a obesidade, principalmente, sendo prevenida com alimentação saudável e prática regular de atividades físicas.

O diagnostico da doença é feito através de exame de sangue. O sinal de alerta para a doença é o paciente realizar dois exames seguidos (original e confirmação), em jejum, e a medição ser maior do que 126 mg/dcl ou um fazer um exame, em horário aleatório, e o resultado ser superior a 200 mg/dcl.

“Quanto mais precoce for feito o diagnostico evita o risco de doenças cardiovasculares, que é o principal vilão e causador de mortes entre os pacientes”, ressaltou a médica. Além dos exames, ela explica que há sintomas de alerta, são eles: aumento do consumo de água, urinar muitas vezes, aumento de apetite e mesmo assim apresentar emagrecimento.

O tratamento da diabetes tipo 2 é feito a base de medicação com comprimidos hipoglicemiantes e mudança de estilo de vida. Já o tipo 1 é tratado com insulina, alimentação e atividade física.

Para auxiliar as crianças e adolescentes portadores da doença genética, foi criado, em 2012, o Ambulatório de Endocrinopediatria do CRE Metropolitano. A iniciativa passa a 50 pacientes, entre 02 e 18 anos. Familiares recebem orientações sobre a aplicação da insulina, como ela atua no organismo, importância da atividade física e da dieta adequada.

No município de Vila Velha, foi criado, há dois anos, o programa de Proteção ao Pé Diabético (Propé), que já atendeu cerca de três mil pacientes com neuropatia (lesão dos nervos ocasionada pela glicemia elevada) e lesões nos pés.

De acordo com o médico cirurgião vascular e coordenador do projeto, Eliud Garcia, além da neuropatia, os pacientes ainda recebem acompanhamento da chamada síndrome metabólica, relacionada a problemas como obesidade, sedentarismo, gordura abdominal, alterações nos triglicerídeos e no colesterol.

Uma equipe multidisciplinar – formada por cirurgião geral, endocrinologista, cardiologista, oftalmologista, nefrologista enfermeiro e técnicos – atua para reduzir as taxas de complicações, amputações e incapacidades nos pés dos diabéticos.

O médico revela que, no Brasil, são 200 amputações para cada 100 mil habitantes, por ano, e, no mundo, 85% dos pacientes amputados são por conta de complicações provocadas pela neuropatia, desenvolvida a partir da diabetes. A neuropatia está presente em cerca de 90% dos pacientes que possuem diabetes há mais de cinco anos e não a tratam – em muitos casos, por não saberem da doença.

“Com o acompanhamento é possível rastrear problemas cardíacos, oculares e renais, prolongando a vida útil desses órgãos”, disse o coordenador do Propé Diabético. Eliud destaca que é preciso promover programas multidisciplinares como este para diagnosticar precocemente complicações geradas pela diabetes, a fim de reduzir as taxas de amputações e mutilações.

Vitória – O tratamento para as complicações causadas pelo diabetes é realizado pela rede própria municipal (Unidades de Saúde e Centro Municipal de Especialidades) e também pela consultas de especialistas ofertadas pelo Estado.

Vila Velha – O Propé funciona na sede da Secretaria de Saúde de Vila Velha, no Centro Municipal de Atenção Secundária (Cemas Mais Saúde). Com o programa os pacientes são encaminhados pelas Unidades de Saúde e recebem consultas, exames, curativos, pequenos procedimentos cirúrgicos e visitas domiciliares.

Cariacica – Os munícipes que precisarem de tratamento podem procurar pelo Programa de Hipertensão e Diabetes nas unidades de saúde de Bom Pastor, Santana, Santa Fé, Valparaiso e Alto Lage.

Serra – Os pacientes podem procurar atendimento nas 37 Unidades de Saúde do município para prevenção, acompanhamento e tratamento da doença. A Secretaria de Saúde do município está fazendo uma campanha de estímulo para realização do exame de fundo de olho e de avaliação odontológica para pessoas com diabetes. A campanha vai até o dia 4 de julho e o agendamento deve ser feito nas unidades de saúde.