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quinta-feira, 28 de março de 2024

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Desmatamento, poluição e perda a biodiversidade interferem no clima do ES

Foto:Divulgação / Governo do ES
Foto:Divulgação / Governo do ES

No dia 16 de março se comemora o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas. Mas existem muito mais motivos para trabalhar pela preservação de nossa natureza, que é diretamente responsável pelas mudanças que vivenciamos no nosso clima, do que para celebrar. Essa é a conclusão dos principais especialistas do estudo ambiental no Espírito Santo, apesar de considerarem que a sociedade tem começado a dar uma – ainda tímida – resposta no rumo da conscientização ambiental.

Nos últimos cinco anos o Espírito Santo tem passado por épocas de enchentes que provocaram verdadeiras calamidades, e secas que trouxeram consequências desastrosas. De acordo com Leonardo Merçon, presidente do Instituto Últimos Refúgios, esse desequilíbrio ambiental no Espírito Santo vem sendo causado pela falta de um ator essencial: as florestas. Ele afirma que o Espírito Santo tem somente 10% de sua Mata Atlântica original, o nosso principal bioma.

“A gente tem sentido bastante esse desequilíbrio climático. Um clima desregulado pela falta de um agente regulador, que são as florestas. E os animais fazem parte da floresta. Para ela funcionar bem, precisa ter os animais para dispersar as sementes, para manejar outras espécies. Se tem 10% das florestas, significa que só tem 10% da fauna original, consequentemente. As grandes monoculturas são uma grande ameaça não só no ES, mas no Brasil inteiro. Pra você botar monocultura, você tem que destruir a floresta. Nunca monocultura é boa para o solo, para todas as espécies de animais. A especulação imobiliária. Todo mundo quer morar na beira da praia e com isso vai destruindo o máximo de florestas que conseguem”, elucida Merçon.

Ao longo dos séculos 20 e 21 o Espírito Santo, a exemplo de grande parte da Mata Atlântica brasileira, sofreu um severo processo de desmatamento e degradação – causado por fatores como expansão urbana e agropecuária; abertura de estradas; exploração de madeira e outros recursos naturais; caça e captura de animais silvestres; poluição química por pesticidas; doenças e desastres provocados pelo homem – o que levou à fragmentação do nosso ecossistema. A redução do habitat das espécies e da população de plantas e animais – causando a extinção de muitas delas – trouxe consequências, inclusive, climáticas, agravando, por exemplo, a seca dos últimos anos.

“Não vivemos sem a fauna e flora. Porque prestam, além do valor intrínseco, serviços ambientais de regulação do clima, mantendo mais estável, do ciclo hídrico – das águas, retenção da água e absorção dos lençóis, dando estabilidade aos rios – da polinização das culturas – café, por exemplo”, afirma o professor Sérgio Lucena Mendes, do departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Peixes contaminados
Ambiente marinho capixaba tem sofrido grande pressão por conta de poluição por esgoto, pesticidas, plástico, sobrepesca e desastres ambientais, como o da Samarco. De acordo com o pesquisador Felipe Buloto, da ONG Voz da Natureza, em poucas décadas tivemos extinção local de espécies enquanto outras sobrevivem lidando com a degradação e perda de habitat.

“Poucos sabem que havia peixes boi na baia de Vitória, por exemplo, mas comemos todos. O aumento da população humana gera muita pressão sobre recursos naturais e temos que lidar com isso de forma inteligente”, comenta Buloto.

Ele firma que 90% dos grandes peixes dos oceanos do planeta já foram comidos e no ES não é diferente. Peixes recifais, como o badejo, estão vulneráveis e várias espécies de tubarões estão sumindo. “Quase não se vê mais tubarão martelo, por exemplo. Só na cordilheira Vitória Trindade e nos arquipélago de Trindade e Martin Vaz, que são ilhas que pertencem ao ES, existem 32 espécies de peixes ameaçados e 13 endêmicas”, afirma.

A queda dos estoques de peixes pode ser observada no balcão das peixarias. “Quando o estoque de uma espécie acaba muda-se o alvo de pesca. Espécies que não tinham valor comercial, nem eram vendidas, hoje são encontradas com os maiores preços da banca, como o bodião, por exemplo”, alerta o pesquisador.

Ecoturismo e conservação da natureza

No Espírito Santo existem diversos projetos focados na preservação da fauna e da flora, capitaneados por verdadeiros apaixonados pela natureza, que na maioria das vezes disponibilizam de seu tempo para cuidar do meio ambiente, sem ganhar nada com isso. De acordo com os especialistas, o Espírito Santo é um dos lugares do mundo mais ricos em biodiversidade, mas os investimentos governamentais raramente miram o meio ambiente.

“Projetos existem, ideias existem, pessoas interessadas em fazer os projetos de conservação existem. Só que o ES é um estado industrial. Aqui o governo olha o lucro da indústria, de superportos, da exportação…”.

O professor Sérgio Lucena completa, afirmando que é preciso investir em ciência e pesquisas para entender fatores ecológicos e climáticos envolvidos na recuperação do meio ambiente. “Temos que investir em pesquisa relacionada a recursos hídricos, como a fauna e a flora se relacionam com os recursos hídricos e como melhorar nossos recursos hídricos investindo proteção ambiental”.

CONHEÇA PROJETOS CAPIXABAS FOCADOS NA PRESERVAÇÃO DA NATUREZA

Projeto Muriqui: Conservação e monitoramento de populações do macaco muriqui no Espírito Santo. https://www.facebook.com/ProgramaMuriquiEs

Projeto Amigos da Jubarte: Iniciativa para colaborar com os esforços de conservação da Baleia Jubarte no ES. https://www.facebook.com/amigosdajubarte/

Projeto Caiman: Projeto de pesquisa e conservação dos jacarés da mata atlântica brasileira. https://www.facebook.com/projetocaiman/

Projeto Marsupiais: Programa de conservação e levantamento de espécies de marsupiais que ocorrem na Mata Atlântica do Estado do Espírito Santo. https://www.facebook.com/projetomarsupiais/

Projeto Pró-Tapir: Projeto de preservação das antas na Mata Atlântica capixaba. https://protapir.wordpress.com/

Projeto Felinos: Projeto de pesquisa para conservação das espécies de felinos presentes no Bloco Linhares/Sooretama (norte do Espírito Santo). https://www.facebook.com/Projeto.Felinos

Instituto Últimos Refúgios: Organização socioambiental e cultural que atua desde na divulgação e sensibilização ambiental, estimulando o diálogo entre sociedade, organizações ambientais, instituições privadas e governamentais. https://www.ultimosrefugios.org.br/

Instituto Marcos Daniel: Projetos de conservação de biodiversidade, monitoramento da saúde da fauna selvagem e educação ambiental através do ecoturismo. https://www.imd.org.br/

Instituto O Canal: O instituto com missão de promover debates nas vertentes socioambientais, esportivas, educacionais, culturais e de mobilidade no Espírito Santo. https://www.facebook.com/institutoocanal/

Voz da Natureza: ONG focada em pesquisas científicas e diagnósticos ambientais voltados para a conservação e gestão dos recursos naturais. https://www.facebook.com/vozdanatureza/

Projeto TAMAR: Projeto com missão de conhecer, recuperar e proteger populações das cinco espécies de tartaruga marinha que ocorrem no Brasil. http://www.tamar.org.br/

Projeto Harpia: Programa de conservação do Gavião-real no Espírito Santo. https://www.facebook.com/harpiaprojeto/

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