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Defesa de Temer desiste de parar inquérito e perito diz que gravações são “imprestáveis”

molinaContratado pelos advogados do presidente Michel Temer, o perito Ricardo Molina afirmou nesta segunda-feira (22) que a gravação de uma conversa entre o presidente Michel Temer e o dono da JBS Joesley Batista, de março deste ano, é “imprestável” como prova numa investigação e não seria aceita em uma “situação normal”. Também nesta segunda o advogado Gustavo Guedes, que integra a defesa de Temer, disse que a defesa não vê mais necessidade de o plenário do Supremo Tribunal Federal julgar o pedido de suspensão do inquérito que investiga o presidente.

Segundo ele, a defesa contratou uma perícia própria que constatou 70 “pontos de obscuridade” na gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista, na qual a Procuradoria Geral vê indício de cometimento, pelo presidente, de crimes de obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. Na conversa, o empresário faz relatos de crimes a Temer, sem que nenhuma providência tivesse sido tomada. Guedes disse que, como a defesa tem segurança de o áudio é “imprestável”, quer agora que o inquérito prossiga para “provar a inocência” do presidente.

Ele deu as declarações depois de ser recebido numa audiência de 15 minutos no gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo. “Nós contratamos uma perícia particular no final de semana. O Dr. (Antônio Cláudio) Mariz [dono do escritório de advocacia que defende Temer] contratou uma perícia em São Paulo. Nós nos sentimos atendidos com o pedido da perícia atendido e, portanto, vemos a desnecessidade de suspender (o inquérito). O presidente a partir do resultado dessa nossa perícia o presidente quer que essa situação seja esclarecida o mais rapidamente possível. (…) O presidente quer dar essa resposta ao país o mais rapidamente possível”, disse Guedes.

Com base na gravação e em informações prestadas por Joesley e o irmão Wesley Batista, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. As delações dos empresários já foram homologadas por Fachin e, como provas, eles entregaram ao Ministério Público Federal documentos, gravações, fotos e vídeos.

Críticas de Ricardo Molina
Para Ricardo Molina, há “inúmeras descontinuidades, mascaramentos por ruído, longos trechos ininteligíveis ou de inteligibilidade duvidosa” na gravação relacionada ao presidente Temer. “Ela [gravação] deveria ter sido considerada imprestável desde o primeiro momento. E assim o seria, se aparecesse no bojo de um caso sem as conotações políticas que aqui prevaleceram”, afirmou o perito em entrevista ao lado de advogados de Temer.

Em um determinado momento da entrevista, Molina fez, ainda, uma comparação. Disse que quando um consumidor vai ao supermercado e encontra uma peça de carne com um pedaço podre, descarta toda a peça e não retira apenas o pedaço contaminado. “Numa situação normal, essa gravação jamais seria aceita como prova. Não existe prova mais ou menos boa. Ou ela é boa ou não presta.”

Molina também questionou a transcrição da Procuradoria Geral da República (PGR) de um dos trechos mais comprometedores sobre Temer, no qual Joesley teria dito ao presidente “todo mês”, numa possível referência ao pagamento de propina ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para o perito, o empresário disse “tô no meio”. “Não falou a palavra mês, porque procurei a palavra mês de outras vezes em que o Joesley falou. Não tem ‘s’ nenhum [no final], é ‘tô no meio’, é isso que ele fala, não tem ‘todo mês'”, disse Molina.

O perito também questionou outro dos principais trechos, nos quais Temer disse “tem que manter isso, viu?”, numa suposta referência à ajuda de Joesley a Cunha. Molina disse que, num intervalo de 17 segundos do diálogo, neste momento, a equipe dele identificou ao menos 5 pontos de “possível edição”, com cortes na gravação. “Descontinuidades não ocorrem de modo previsível. Acontece de vez em quando sem nenhuma explicação”, afirmou o perito.

Autenticidade

Durante a apresentação, na qual usou diversas imagens de análise do áudio representado por ondas sonoras, Molina mostrou pontos em que ruídos podem ter sido usados para edição, juntando partes da gravação com outras, não necessariamente em sequência. Ele também disse que a gravação entregue por Joesley ao Ministério Público não é a original feita no gravador, especialmente por conta dos nomes dados aos arquivos digitais: “PR1 14032017”, “PR2 16032017” e “PR2 A 13032017”. Molina disse que o nome do arquivo original dado pelo gravador teria sido outro.

“A gravação não pode ser considerada autêntica, do ponto de vista técnico-pericial. É algo que eu posso garantir que não foi manipulada a posteriori”, disse. Molina também disse considerar “provável” que a gravação tenha passado por edição. “O mais provável é a extração de trechos, porque isso é muito fácil. A inclusão de trechos é muito mais complicada. Você corta um pedaço e ninguém vai saber o que aconteceu”, disse.

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