por Laureen Bessa – [email protected]
“O médico disse que provavelmente meu neto não será operado neste ano porque a agenda está cheia”. Com esta afirmação e de forma desesperada Inês Silva, avó de Carlos Eduardo Freitas de Abreu (Cadu), de um ano e meio, teme pela saúde do menino. A família, que é de Marataízes, litoral sul do Estado, saiu com um carro cedido pela prefeitura municipal, às 5h, desta segunda-feira (6), para a consulta com um cirurgião pediátrico, às 7h, no Hospital Infantil de Vitória. Às 7h20, todos já aguardavam ser chamados, mas só foram atendidos, por volta das 11h10.
Durante a consulta a família recebeu a notícia que a cirurgia de esofagoplastia poderia não ser realizada neste ano, devido à falta de vaga na agenda de salas cirúrgicas. “Eu chorei, pedi por favor para ele ajudar o meu neto, mas ele disse que já é final de ano e que a agenda de cirurgia está cheia. A consulta durou no máximo 25 minutos, ele olhou a barriguinha dele e os outros documentos e exames já feitos. Depois pediu exames de sangue e falou que era pra gente retornar no dia 20”, relatou a avó.
Desde que nasceu, o menino tem dificuldades para se alimentar. Ele sofre de atresia esofágica, uma mal formação congênita do esôfago, que impede a criança de comer pela boca. Carlos Eduardo tem se alimentado através de uma sonda, desde o quinto dia de vida. Além disso, o menino só consegue se alimentar à base de um leite (Fortini) que custa em média R$ 40, e a lata dura apenas dois dias.
“É muito difícil, desde que nasceu temos que vê-lo assim, ele mamava certinho, mas o leite voltava pela boca e nariz. Foi quando os médicos descobriram que ele não tem o esôfago, é muito triste. Estamos esperando pela internação e cirurgia, porque o médico disse que é uma operação delicada, mas possível de ser feita. Ele não pode ver ninguém comendo que quer também, mas não pode, é desesperador para uma mãe”, frisou a mãe, Carla Gomes Freitas, 21.
Segundo a avó da criança, o médico de Cadu, em Cachoeiro de Itapemirim, explicou que devido a mal formação durante a gestação, o menino não nasceu com o esôfago – canal que liga a boca até o estômago. E para corrigir isso, é necessário fazer a cirurgia de esofagoplastia, nela será retirado um pedaço do intestino grosso do menino para substituir o canal.
“É doloroso ver o sofrimento dele, é muito triste mesmo. Se não tivesse jeito, a gente iria cuidar da mesma forma para o resto da vida se fosse necessário, mas tem jeito sim, e ficam enrolando a gente para fazer a cirurgia”, afirmou Inês.
Carlos Eduardo, já passou por duas pequenas intervenções, a primeira quando era recém-nascido para colocar a sonda. A segunda foi um pequeno furo na traqueia para que saliva e secreções pudessem ter saída, evitando possíveis sufocamentos.
Sem previsão para que a cirurgia seja realizada, a família continuará a depender de familiares, amigos e vizinhos para comprar as latas de leite. Quem quiser e puder ajudar, pode entrar em contato com a avó do menino no número (28) 99905-2544.
A direção do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória informou que o paciente deu entrada pela primeira vez na unidade nesta segunda, e foi atendido por cirurgião pediátrico que solicitou exames e já marcou o retorno para avaliação e marcação da cirurgia. Esclarece que o paciente está recebendo todo o atendimento necessário. Quanto a ajuda para comprar o leite, a mãe precisa procurar a Unidade de Saúde de seu município para solicitar encaminhamento para a Farmácia Cidadã.