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Coronavírus x Páscoa: empreendedores tentam contornar vendas

Durante o período de quarentena, muitas portas precisaram ser fechadas como uma maneira de prevenção para diminuir a contaminação do novo Coronavírus (Covid-19).

A medida afetou diversos setores, inclusive as vendas na Páscoa, que costuma elevar as vendas nos comércios e também nas pequenas e médias empresas do ramo alimentício.

Coronavírus x Páscoa: empreendedores tentam contornar vendas
Com foco em eventos, Camila sente impacto do vírus em seu negócio. Foto: Arquivo Pessoal

Camila Harckbart, 37, largou o emprego há quatro anos para se dedicar à produção de pães de mel. “A páscoa é a melhor data, meu carro chefe é a produção de pães de mel. Nesse período, além de personalizar meus produtos, também vendo ovos de páscoa de colher, e as vendas são ótimas. Mas, infelizmente, esse ano parece que nem tem páscoa. Minhas vendas caíram cerca de 70% e no momento, essa é minha única renda. Tinha lançamentos para este ano, que foram cancelados, junto com eventos que perdi”, lamenta.

Apesar dos prejuízos, Camila demonstra confiança. “Infelizmente, esse isolamento é necessário. Para contornar isso, personalizei meus produtos para a situação atual”.

Segundo ela, a maior renda vem das festas. “Como não pode haver grandes concentrações de pessoas, para não deixar os aniversários passarem em branco, elaborei um mini kit ‘Festa na caixa’, que vem com um pequeno bolo e docinhos para as pessoas presentearem umas as outras, mesmo que há distância. A gente tem que ser criativo e se adaptar à realidade do mercado para não perder as vendas”.

O trabalho de Camila é divulgado através do instagram @feitoamaodocesgourmet.

Renda extra

Para a professora Gisele Menegaz, 39, o prejuízo não é tão grande, pois o trabalho com bolos e doces é apenas uma renda extra.

“Eu sempre fiz bolos para minha família, mas desde novembro do ano passado quando me qualifiquei, passei a vender pra fora. Hoje divulgo meu trabalho através do instagram @bolo.da.gi”.

Segundo ela, para a primeira páscoa não foi feito muito investimento devido à repercussão do vírus. “Não fiz muita divulgação, pois sabia que as vendas poderiam cair com a chegada do coronavírus ao estado. Mas ,apesar de tudo, já tenho umas 15 encomendas, mesmo sendo a maioria de amigos”.

Alternativas

O empreendedor Rhenan Nepomuceno, 29, encontrou medidas alternativas para manter o mesmo número de vendas do ano passado que, segundo ele, foi um sucesso.

“Eu e minha esposa começamos nosso negócio em 2017, quando vendíamos brownies durante uma viagem que durou 60 dias, por isso o nome @brownienaestrada. Em 2018 lançamos para a páscoa o ovo de colher com pedaços de brownie, com a casca de chocolate. Já no ano passado resolvemos inovar com o ovo de páscoa com a casca de brownie. O que foi um sucesso, aumentando nosso faturamento em três vezes”, contou.

Coronavírus x Páscoa: empreendedores tentam contornar vendas
Foto: Divulgação @BrownienaEstrada

Para 2020, o jovem casal empreendedor adotou uma estratégia que ajudou a salvar o negócio.

“Nosso carro forte é o Instagram. Por lá lançamos uma campanha de pré-venda da páscoa, após uma forte divulgação no carnaval de Vitória. Na campanha lançamos o cardápio de páscoa com os mesmos preços do ano passado. Ou seja, o cliente que comprasse na frente sairia em vantagem pagando mais barato e com alguns outros benefícios. Isso foi antes do agravamento do coronavírus no Brasil e no ES, e por causa disso garantimos 65% do faturamento do ano passado”.

Além disso, a empresa, hoje, é a única fonte de renda do casal, manteve as vendas diárias dos brownies através dos. “Nosso trabalho de pronta entrega aumentou após a medida de isolamento social. Acredito que as pessoas consomem mais delivery quando estão em casa. Nós temos essa vantagem, de trabalhar em casa e com a entrega”.

Com as medidas adotadas, o casal está confiante.  “Acredito que vamos conseguir manter o faturamento do ano passado, se tudo der certo”.

Empresas maiores

Enquanto os pequenos negócios se contorcem para encontrar meios de se manter, as empresas maiores encontram mais obstáculos com o decreto de manter as portas fechadas. O diretor da chocolateria capixaba Espírito Cacau, Paulo Gonçalvez Pereira, afirma que as vendas vão cair.

“Com as lojas fechadas, estamos trabalhando apenas com o delivery. Na indústria o impacto é ainda maior, precisamos parar nossa produção. No delivery, aumentamos e melhoramos nosso modelo de venda, mas não tem procura”.

Segundo ele, a estreia de novos produtos veganos precisou ser interrompida devido o decreto de fechamento das lojas físicas. “A páscoa sempre teve mais vendas na véspera, mas pelo que percebi, até agora, as vendas devem cair uns 50%”.

Para o empresário, as medidas do governo são injustas com os pequenos negócios. “Os supermercados e distribuidoras continuam vendendo. Quem é grande vai crescer ainda mais, e os pequenos vão se recuperar como? Concordo que o cuidado deve ser grande, mas se as lojas abrissem com controle de entrada, daria certo. Infelizmente, o desemprego vai ser muito grande. Nós mesmos seremos obrigados a parar depois da páscoa, e os funcionários contratados para esse período ficarão como?”, questionou.

 Angelo Piana, diretor da Le Chocolatier, está investindo em parcerias capixabas para contornar a crise. “Durante esse período de cerca de duas semanas antecedentes à páscoa, o fluxo de pessoas nas lojas já teria aumentado. Porém, há 15 dias, quando percebemos o movimento causado pelo coronavírus, antes mesmo do decreto de fechamento das lojas, adotamos parcerias com mercearias, supermercados, varejos de bairro e padarias capixabas para colocarmos nossos produtos. Além da venda através de aplicativos, com nossos produtos e lançamentos para a páscoa”.

Coronavírus x Páscoa: empreendedores tentam contornar vendas
Foto: Divulgação @LeChocolatierOficial

Com essas medidas, o empresário espera conseguir manter as vendas do ano passado.

“O brasileiro deixa para comprar de última hora. Nossos clientes são fiéis e vão atrás do produto. Apesar de uma estratégia recente, acredito que conseguiremos manter o faturamento do último ano”.

Mesmo com as dificuldades, o diretor da chocolateria acredita que as medidas são controversas. “Mas a vida deve vir em primeiro lugar”.

A Chocolates Garoto respondeu, em nota, que “nesse momento, é muito cedo para quantificarmos o impacto nos negócios da Nestlé como um todo, e com a Páscoa não é diferente. Esta é uma data importante para o varejo brasileiro e os pontos de venda já haviam sido abastecidos anteriormente”.

Ainda em nota, a empresa afirma que está dedicando esforços para garantir o abastecimento de alimentos e bebidas em todo o país, nas diferentes categorias onde atua.

“Trabalhando em estreita colaboração com nossos parceiros das cadeias de fornecimento, distribuição e varejo”.

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