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Com quase 20 anos, a Associação é formadora de verdadeiros campeões no tatame e na vida

judo aliancaCaminho suave. Esse é o significado de judô. E para aqueles que convivem em meio às dificuldades sociais, nada mais almejado do que ter a oportunidade de trilhar um caminho suave na sua formação cidadã. É justamente com essa proposta que Francisco Celso Leitão, ou sensei Chicão, começou a desenvolver, no ano de 1999, um projeto social que tinha o judô como instrumento de transformação de vidas. À frente do Judô Aliança, sua equipe, ele iniciava os trabalhos na instituição filantrópica Caminho da Luz.

Crianças, adolescentes, jovens e até adultos moradores dos bairros Santa Martha, Mangue Seco, Joana D’Arc, São Cristóvão e Andorinhas, em Vitória, puderam, pela primeira vez, ter contato com o tatame. E mais: com uma nova filosofia de vida. “O judô me ensinou disciplina, responsabilidade, organização, honestidade, respeito ao próximo e solidariedade. Foi uma base para a minha vida, essencial em meu crescimento pessoal e profissional, e carrego isso até hoje comigo. Se hoje sou formado e trabalho numa boa empresa, devo isso ao judô, por me ensinar no bom caminho”, revelou o administrador Ivan Martins, 30, um dos primeiros discípulos do sensei.

Sensei ChicãoO sonho de Chicão ia crescendo e os frutos começavam a ser colhidos, quando, em janeiro de 2002, ele não resistiu à realização de uma cirurgia e morreu. Um golpe duro e inesperado na vida da família e dos discípulos. A dor da perda era latente, mas o amor que o sensei havia deixado foi mais forte: o sonho teria que ser continuado.

“Foi muito doloroso. Tínhamos que continuar um trabalho, um sonho, daquela pessoa que nós amávamos e que nos deixou de forma tão repentina. Mas tudo o que deixou fazia com que nós tivéssemos a missão de dar continuidade àquele trabalho. O sonho dele passou a ser o nosso sonho”, relata a viúva Mary Dias Leitão, mãe de Matheus, na época com apenas cinco anos de idade.

A retomada às atividades exigiu um esforço de organização e operacionalização das filiais do Judô Aliança e da Instituição Caminho da Luz conduzido por Mary. “Uma das coisas mais difíceis foi encontrar alguém que pensasse como ele, que acreditasse que o judô era muito mais do que apenas uma atividade física. Uma responsabilidade que tinham que ter com o estudo, de se dedicar na escola para que possa ser um campeão não só no esporte, mas na vida”, lembrou a viúva.

Vitor cortada médicoTrunfo
O sensei Chicão não foi sem deixar um trunfo. Seu primeiro faixa preta acabava de ser formado. Felipe Ceotto, na época com apenas 17 anos, junto a seu irmão Vitor (foto), então faixa marrom, entenderam a importância do projeto. “Retornar após tamanha perda foi muito difícil. Sensei Chicão não era apenas um exemplo, mas, também, uma figura paterna para mim. Todos nós já ministrávamos aulas há algum tempo, contudo a história era outra quando passamos a não ter ele para nos socorrer naqueles momentos de incerteza. Muitas vezes pecamos pela imaturidade, mas sempre no intento de levantar ainda mais o Judô Aliança e honrar o nosso Sensei”, lembrou Ceotto, que é policial federal.

Campeões, além do judô
Com o empenho de Mary, Felipe, Vitor e de outros nomes também importantes para o reestabelecimento e continuidade do Judô Aliança, como os senseis Thales Tedoldi e Júlio Faria, o trabalho na instituição chega aos 18 anos transformando a realidade de crianças, adolescentes, jovens e adultos. Muitos são os testemunhos do legado de Chicão. Hoje, dada à distância dos trabalhos de Felipe, que mora em Brasília-DF, e Vitor, que vive em São Paulo-SP, o Aliança é administrado por Adison Santos, discípulo de Chicão na Instituição, e que foi trabalhado pelos irmãos.

“O Judô Aliança é uma associação que eu tenho um prazer enorme de fazer parte. Pelo nosso querido sensei Chicão e por todos que ali passaram. O judô só tem me dado coisas boas, grandes amigos, grandes professores, uma renda para sustentar minha família. Foi uma das melhores coisas da minha vida”, afirma o sensei Adison, que, além de ministrar aulas no Aliança, estende o projeto social para igrejas nas redondezas.

Thuany cortadaOutra que multiplica o legado de Chicão é a fisioterapeuta e sensei Thuanny Castro, 26, que foi chamada para integrar o grupo de mestres da Waza Lutas. No Judô Aliança ela chegou com sete anos. “Lá eles sempre nos incentivavam ser pessoas melhores. Havia sempre um diálogo, reuniões com pais e alunos, se preocupavam sempre em saber o que estava acontecendo em casa, como estávamos na escola e sempre ajudando as famílias, dando uma melhor orientação a cada caso. São princípios que a gente leva tanto para a vida profissional, quanto pessoal”, avalia ela.

O sensei Widnei Vieira, formado pelo Aliança, é técnico automotivo e dá aulas na associação Uchi-Mata de Judô, em Cariacica. Ele reconhece todo o trabalho do judô, junto à instituição. Outros grandes faixas pretas lembrados pelos senseis, e que foram formados para a vida pelo trabalho do Judô Aliança na Instituição Caminho da Luz são os policiais militares Ijanai Filho, marido de Thuany, e Ana Paula Conceição, que tem inúmeros títulos de campeã estadual e disputou diversos campeonatos brasileiros representando o Espírito Santo.

O trabalho desenvolvido pelo Judô Aliança na Instituição Caminho da Luz, que é mantida pela Corpus Saneamento e Obras, extrapola o local de treinamento. É uma verdadeira força tarefa de amparo às famílias em risco social na região que o projeto compreende. Até hoje, mais de 600 alunos e suas famílias foram atendidas pelo projeto.

O trabalho também atende adolescentes grávidas, ensinando os cuidados com o bebê, preparo de enxoval e outros cuidados.

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Comentários
  1. Puxa, tenho muito orgulho de meu primo! Linda reportagem! O Legado dele na família vai longe também. Meu sobrinho hoje é faixa preta de Judô aos 13 anos de idade, e no Japão! Tenho certeza que Chico estaria com aquele sorriso largo no rosto por causa dele.

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