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Com o fim de mutirões na Serra, pacientes temem ficar sem cirurgia

cirurgia_medicosPor Ana Luiza Andrade

Com o fim do mutirão de cirurgia vascular e ginecológica para pacientes na Serra, 426 pessoas voltarão para a fila de espera, que pode demorar até um ano e meio. O temor de quem necessita dos procedimentos é ficar sem o tratamento e as doenças se agravarem.

Leia também: Mutirão de cirurgias é interrompido na Serra e mais de 420 voltam para a fila

A doméstica Marli Roza de Moura Lima, 41, está na fila de espera há dois anos e explicou sua condição.

“Estou na espera desde quando tive uma hemorragia muito intensa e, após exames, foi diagnosticado que eu tinha três miomas e cistos no ovário. O que me passaram no dia da consulta com o cirurgião é que a Secretaria de Saúde da Serra levaria uma van para fazer as cirurgias. Só consegui a consulta no final de novembro, mas até agora não tive retorno dos exames que me disseram que eu ia fazer, e nem da data da cirurgia”.

Marli contou que a Prefeitura da Serra entrou em contato para dar a notícia e disseram que estavam em negociação para retomar os atendimentos. “Eu acho isso um descaso com a população, por que a gente precisa dessas cirurgias. Antes de tudo, eu já achei um absurdo pra quem mora na Grande Vitória, ter que fazer a cirurgia em Santa Leopoldina, com tantos hospitais por aqui, mas disseram que era aonde tinha vaga”.

A paciente também contou que durante esse tempo de espera já teve mais duas crises, e que mesmo tomando o medicamento indicado pela médica, foi preciso aumentar a dose do remédio.

“Minha maior preocupação é que, em caso de complicação da cirurgia, pela distância, como eu vou fazer pra ser atendida em outra cidade em caso de urgência. Na minha consulta o cirurgião não me encaminhou para os exames da cirurgia, pois declarou que só retornariam aos trabalhos após as festas de fim de ano. Eu acho isso um absurdo com a população, por que pagamos nossos impostos, e quando precisamos não somos priorizadas. A saúde deveria estar em primeiro lugar”, afirma.

Frustração

Outra paciente que está na fila de espera é a doméstica Denise Pereira de Azevedo, 54, doméstica, que afirmou estar sem conseguir trabalhar por causa das dores. “Há dois anos tive uma hemorragia intensa. No dia a dia sentia alguns incômodos e não conseguia sair de casa, pois sentia muito desconforto. A ginecologista do pronto atendimento diagnosticou que eu estava com deslocação de bexiga, e por conta disso, meu útero desceu, também por causa do meu serviço pesado. A partir disso, ela me encaminhou para o cirurgião com urgência. Porém demorou 1 e 8 meses de espera com muita angústia e dor”, conta.

Segundo Denise, o período de espera está sendo de muita frustração, e ela está preocupada com a situação da família. “A cada dia eu achava que minha hora ia chegar, e que eu seria a próxima da fila. Porém, quando recebi a notícia de que o mutirão foi encerrado foi muito triste, chorei muito e me abati muito, por que eu tenho uma necessidade muito grande, pois, além de aliviar minha dor eu preciso voltar a trabalhar. Tenho dois filhos que ainda dependem de mim e nesse período nós três estamos dependendo apenas da renda do meu filho mais velho, enquanto não consigo fazer a cirurgia” contou.

A paciente disse que está preocupada com sua saúde e que não sabe o que fazer. “Minha maior preocupação e da minha família é que a médica disse que se eu demorar muito para fazer a cirurgia, eu corro o risco de pegar uma infecção. É uma sensação de ter que começar tudo de novo, o que me dá muita preocupação e raiva. O que estou sentindo no momento é até difícil de explicar”.

Sem prorrogação

As cirurgias estavam sendo realizadas em Domingos Martins, Santa Teresa e Santa Leopoldina. Até o momento, não houve prorrogação do contrato por parte do Governo do Estado.

A subsecretária da Secretaria de Saúde da Serra, Cristiane Stem, disse que o Governo do Estado fez um convênio com alguns hospitais. O município da Serra foi o primeiro a aderir à parceria por contrato com uma empresa de transporte, para garantir acesso aos pacientes.

“No dia 8 de janeiro fomos surpreendidos com a notícia de que o contrato não havia sido renovado, e que os pacientes que não foram atendidos voltariam para a fila de espera normal, que pode demorar até um ano e meio”.

A subsecretária afirma que o contrato é da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa). Cabe a Secretaria de Saúde da Serra fazer o transporte dos pacientes.

Cristiane também pontuou que a saúde básica é responsabilidade do município. Os recursos de média e alta complexidade são responsabilidade da Sesa. A Secretaria de Saúde da Serra está aguardando a remarcação dos mutirões e atendimentos.

Sesa

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou, em nota, que os mutirões foram realizados ao longo de 2018, e atenderam a mais de 6 mil pessoas com procedimentos de cinco especialidades diferentes.

Segundo a Sesa, os mutirões fazem parte da Política Nacional de Acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos do Ministério da Saúde. A secretaria esclareceu também que o contrato encerrou em dezembro e que está aguardando a publicação da nova Portaria 2019 para formalização dos novos contratos junto ao Governo Federal.

Na nota, a Sesa disse que tem a expectativa de retomar estes atendimentos e que estuda a viabilidade de ampliar o atendimento aos usuários que necessitam destes procedimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a Sesa, é importante lembrar que os serviços de rotina estão funcionando normalmente e que os pacientes que ainda não têm diagnóstico para seu caso de saúde devem seguir o fluxo do sistema para ter acesso ao tratamento apropriado.

A secretaria pontua que o cidadão deve ir até a unidade de saúde mais próxima de sua residência para ser avaliado pelo médico da Estratégia Saúde da Família para que seja encaminhado para o especialista. Após a avaliação, se for necessário cirurgia, o paciente será encaminhado para o hospital de referência para realização do procedimento.

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