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Com fluxo de brasileiros no Japão, português é falado em fábricas e hospitais

O mês ainda é maio, mas a província de Aichi fez neste domingo, 20, uma festa junina, com direito a quadrilha e caldo de cana – importado da Tailândia, é verdade. Na região mais tupiniquim do Japão, com 53 mil brasileiros, o português é o idioma de fábricas e algumas escolas, pode ser ouvido nas ruas e está até no site oficial de governos locais.

“Abro a janela e vejo brasileiros passando. Aqui tem restaurante, mercado, Banco do Brasil”, diz Thiago Tagawa, de 32 anos, que desde 2017 mora na cidade de Okazaki, em Aichi.

A família de Tagawa dribla as crises com migrações. Em 2000, ele viajou ao Japão para juntar dinheiro, mas voltou ao Brasil em 2009, fugindo da recessão mundial. Oito anos depois, foram os problemas no Brasil que o expulsaram. Além de Tagawa, quatro dos sete irmãos se mudaram recentemente para o país. “E o resto está vindo.”

Apesar de já ter morado no Japão, Tagawa fala pouco japonês, mas diz não sentir muita falta. “Nos parques tem placa em português e há tradutor na prefeitura, nos hospitais”, conta ele, que trabalha de madrugada em uma fábrica de autopeças com outros conterrâneos.

Edson Nishimura, de 40 anos, está no Japão há um ano. “Ouvia comentários de que a empresa em que trabalhava no Brasil estava em falência”, diz. Instalado e empregado, ele elogia a estrutura do país. “Se comparar com os japoneses, o brasileiro é mal educado. Aqui não tem ônibus lotado, as pessoas não jogam cigarro no chão, não atravessam no farol vermelho.” A rotina de trabalho de um estrangeiro, porém, é extenuante. “Entro às 19 horas e saio às 7.”

Em agosto, ele espera receber a mulher e a filha, de 8 anos, que ficaram no Brasil. A dúvida, conta Nishimura, é se colocarão a pequena, que nunca pisou no Japão, em colégio japonês ou brasileiro. Segundo dados do Consulado Geral do Brasil em Tóquio, 32% das crianças e jovens brasileiras em idade escolar têm dificuldade de aprendizado por causa do domínio insuficiente do idioma.

Desafios

Para Guida Suzuki, voluntária na Associação Brasileira de Toyohashi (NPO-ABT), a segunda cidade com mais brasileiros no Japão, o volume de informações “mastigadas” em português desestimula o brasileiro a estudar o idioma local. “O que mais queremos é que eles saibam o mínimo da língua para se virarem sozinhos.” Na NPO-ABT, uma organização não governamental, são oferecidas aulas de japonês a brasileiros.

Por outro lado, explica Guida, os filhos e netos de imigrantes que estão há muitos anos no país sabem pouco da cultura brasileira. Contra isso, cartazes para promover cursos de alfabetização em língua portuguesa na cidade alertam: “Não permita que seus filhos percam suas raízes”. “Estávamos preocupados com a identidade das crianças”, diz Guida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Júlia Marques
Estadao Conteudo
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