Dólar Em baixa
5,148
24 de abril de 2024
quarta-feira, 24 de abril de 2024

Vitória
24ºC

Dólar Em baixa
5,148

Cesariana agendada ficará por conta dos planos de saúde

Thiago Sobrinho – [email protected]

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://www.eshoje.jor.br/_midias/jpg/2013/05/17/1_16_mhg_1601_mul_gravidez__1_-20356.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'519654c7ba18e', 'cd_midia':20352, 'ds_midia_link': 'http://www.eshoje.jor.br/_midias/jpg/2013/05/17/16_mhg_1601_mul_gravidez__1_-20352.jpg', 'ds_midia': 'd', 'ds_midia_credi': 'f', 'ds_midia_titlo': 'd', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '350', 'cd_midia_h': '223', 'align': 'Left'}Nas duas primeiras vezes que deu a luz, a arquiteta Kamila Zamborlini, 32, até cogitou que seus filhos nascessem por parto normal. Apesar do desejo, os planos esbarraram na orientação dos médicos e a cesariana foi realizada. “Os dois partos que tive foram mais ou menos a mesma coisa:: o primeiro cheguei a esperar a madrugada inteira para dar a luz e, no segundo, como eu não tinha dilatação, já cheguei ao hospital e fui fazer a cesárea”, contou a mãe, que hoje espera o seu terceiro bebê.
Assim como Kamila, outras gestantes recorrem à rede privada para ter seus filhos e acabam passando por procedimentos cirúrgicos. A comodidade, o receio de que a criança seja ferida no parto normal e, principalmente, o medo da dor são alguns dos fatores que tornam o Brasil campeão de taxas de cesáreas: 84% dos brasileiros que chegam ao mundo dentro de hospitais particulares são através de cesáreas.
Esses dados contradizem o que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS): a OMS recomenda que apenas 15% dos partos realizados em nosso país sejam cesarianas. Para tentar reduzir esse número e estimular o parto normal entre as mulheres, as novas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) começam a valer a partir desta segunda-feira (6).
As novas determinações do governo irão obrigar os hospitais particulares a utilizarem o partograma, que é uma marcação gráfica onde o médico irá acompanhar a gestante e saber se o parto está normal ou anormal. Com isso, os procedimentos cirúrgicos serão realizados apenas se houver a complicações que dificultem o parto normal.
Outra medida é obrigar os planos de saúde a fornecer às gestantes dados sobre a quantidade de cesarianas e partos pelo método normal feitos pelos médicos e hospitais conveniados. Assim, as mães poderão se informar e escolher aqueles profissionais que atendam ao seu desejo de dar a luz pelo parto normal. O prazo para disponibilizar essas informações é de 15 dias e os planos de saúde que se recusarem a liberá-los podem ser multados em R$ 25 mil.
Segundo o médico e membro da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo (Sogoes), Henrique Zacarias, além de diminuir os índices de cesarianas em nosso país, a resolução da ANS chega para proteger a vida das gestantes. “Já sabemos que a mãe que faz cesárea tem um risco de morte quatro vezes maior do que aquela que faz o parto normal”, destacou.
Ainda de acordo com Zacarias, os médicos e hospitais que não reduzirem seus números podem sofrer as consequências. “Aqueles que não melhorarem seus indicadores de cesariana serão punidos. O que não pode é continuar com essa farra”, criticou obstetra e também diretor do Hospital Maternidade da Unimed em Vitória.
Todos os meses, cerca de 200 mães chegam ao Hospital da Unimed, localizado na capital, para dar a luz. Desse total, apenas 34 partos são normais – que significam 17% dos nascimentos mensais na unidade – e os outros 166 capixabas nascem a partir da cesárea.
A Unimed Vitória informa que tem buscado estimular a realização de partos normais entra suas clientes com medidas para criar um cenário ainda mais adequado e seguro para as mães. Entre as medidas adotadas, está a construção de um espaço totalmente adaptado no Hospital-Dia e Maternidade Unimed (HDMU), com salas de parto humanizado preparadas.
A cooperativa destaca ainda que recentemente foi escolhido ao lado de outro hospital do Estado para receber o Projeto Parto Adequado. A iniciativa é desenvolvida pela ANS, Hospital Israelita Albert Eistein (HIAE) e pelo Institutie for Healthcare Improvement (IHI). O projeto Parto Adequado tem como objetivo identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimen to na saúde suplementar brasileira, baseados nas melhores evidências científicas disponíveis e em experiência exitosas.
Mesmo que o Brasil viva uma verdadeira epidemia de cesáreas, Henrique Zacarias acredita que esse panorama pode mudar. “Com o passar dos anos, as pessoas vão entender o que é o melhor para elas. Essa situação não pode ficar do jeito que está”,
Mãe opta pelo parto normal
Para viver a experiência de ser mãe pela primeira vez, a advogada Emanuelle S., 31, optou pelo parto normal. Grávida de sete meses da Vitória, a decisão foi tomada depois de muita pesquisa e orientação com amigas e familiares. “Colhi informações logo que descobri a gravidez. Como eu planejei a gravidez, eu já pensava na possibilidade de parto normal antes”, explicou a mãe.
Para levar sua vontade adiante, Emanuelle chegou a trocar de médica. A decisão foi tomada depois que a advogada percebeu que profissional a levaria realizar uma cesárea sem necessidade. “Descobri quando a fiz uma pergunta e ela disse que não faria o parto normal naquelas condições. Conversei com amigas que tinham feito parto naquela mesma situação. Pelo sim, pelo não resolvi trocar”, disse.
Um dos fatores que a motivaram levar em frente a decisão foi a possibilidade de acompanhar a filha em seus primeiros dias. “A minha preocupação (com a cirurgia) é ter de ficar um tempo me recuperação ter tempo de desfrutar minha filha. Com a cesárea, eu tenho certeza que ficaria no mínimo 40 dias em cima de uma cama me recuperando e isso é uma coisa que tenho pavor”, comentou Emanuelle.
Mesmo sabendo que, assim como aconteceu com ela, os médicos acabam influenciando na decisão das grávidas, a futura mamãe ainda acredita que parto normal é a melhor opção par a se dar a luz. “O parto tem de ser uma interação da mãe com o bebê. A mulher nasce pronta para parir, então não tem necessidade de intervenção cirúrgica”, finalizou.

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas