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Cariacica também é vítima do pó: moradores acusam empresa de causar riscos à saúde com poeira

casalEngana-se quem pensa que somente os bairros em Vitória e Serra sofrem com o pó preto. Em Cariacica, os moradores dos bairros Vasco da Gama, Vale Esperança, Jardim América e Bela Aurora vivem o mesmo drama e acusam a ArcelorMittal Cariacica de ser a principal responsável por sujar as casas com o material particulado. Na usina da empresa são fabricados aços longos, tarugos, perfis, barras chatas, barras redondas, cantoneiras e vergalhões.

O aposentado Anilton Machado Corrêa conhece bem o problema. Morador da Avenida Central, no bairro Vale Esperança há 45 anos, ele afirma que a bronca vem desde a época em que trabalhava na Companhia Ferro e Aço, que atuava no local antes da ArcelorMittal. Indignado, ele passa a mão na mureta da varanda de casa, mesa, freezer e em outros utensílios que ficam ao ar livre e o resultado são mãos pretas. “Minha mulher não aguenta mais de tanto limpar pó. São 45 anos aturando isso!”, irrita-se.

Sua esposa, a dona de casa Elisa Borba, é quem mais sofre e nem suas orquídeas se livram do problema. “Olha essa orquídea, olha que situação! Já lavei isso com sabão, lavei folha por folha, mas não adianta. Ninguém passa um dia sem pó”, conta revoltada.

marceneiroNa mesma avenida, o marceneiro Renan Chagas, tem dois problemas com o material particulado: a casa e a saúde das filhas. “Acordamos com a casa suja com o pó, limpamos, e à tarde já está tudo sujo de novo”. E acrescenta sobre as meninas, de 5 e oito anos: “Elas têm problema de asma e bronquite e essa situação de exposição ao pó agrava bastante. Nessa época ainda, de calor, de ar seco junto com o pó, piora bastante”, relata o marceneiro.

Unânime
Em Bela Aurora, bairro vizinho, a situação não é diferente. Eliane Sepulcro, 38, conta que em seu prédio, a reclamação é unânime e diária. “O minério vem da Arcelor. Todos reclamam do mesmo problema, de limpar a casa o tempo todo e das alergias. Resolver essa questão é um anseio nosso”.

O pedreiro Sidney Moraes, 45, tem o costume de manter a casa fechada para evitar sujeira. Mas, neste calor, é impossível. “Num calor desses, não pode deixar a janela aberta, porque a poeira acumula em cima do lençol da cama e nas roupas também. Mas nesse calor não tem como. Durmo de janela aberta e respirando esse pó preto vem da Belgo Mineira (Arcellor). À noite tem o barulho de lá, que também atrapalha. A fumaça é tanto de dia quanto de noite. Acaba com a saúde e acaba com a natureza”.

po02Carretas e calçada também são problemas
O problema da população dos bairros Bela Aurora, Vale Esperança, Vasco da Gama e Jardim América não é somente com relação à sujeira nas casas. Outra reclamação constante é quanto ao tráfego de caminhões pesados de empresas que prestam serviço para a siderúrgica, que além de contribuírem para o agravo do ar pesado no local, danificam o asfalto e derrubam sucata nas vias.

“Uma parte da empresa fica dentro de Jardim América e outra em Vasco da Gama. Dentro da principal do bairro, as carretas passam com sucatas, algumas não são lonadas, e derramam sucata no asfalto, que furam pneu dos carros… Já sugerimos a eles que as carretas não entrem pelo nosso bairro, mas pela entrada principal em Jardim América, só que nunca fizeram”, relata Marcos Leite, presidente da Associação de Moradores do bairro Vasco da Gama.

O vice-presidente da Associação de Moradores de Jardim América, Juarez Lima, complementa: “O grande fluxo de veículos pesados da empresa que carregam a sucata também danifica o asfalto. São buracos, ondulações, pelo fato de o veículo estar pesado”. De acordo com Marcos Leite, existe inclusive uma ação no Ministério Público estadual. O órgão foi procurado para falar do assunto, mas não quis se manifestar.

foto-cariacicaArcelor: “Controle 24h/dia”
A ArcelorMittal Cariacica informou, por meio de nota, que recicla sucata metálica, sendo o produto a principal matéria-prima utilizada na produção de aço bruto e aços longos laminados da empresa. Em 2017, a empresa reuniu cerca de 246 mil toneladas de sucata “que retornaram ao mercado na forma de novos produtos, como automóveis, ferramentas, vigas, vergalhões, utensílios domésticos e outros”.

A empresa informou que conta com o Sistema de Despoeiramento da Aciaria – equipamento responsável por promover a captação e a filtragem dos gases e material particulado gerados durante o processo de fabricação de aço – e que a unidade possui acompanhamento e controle 24 h/dia das emissões de material particulado na chaminé da Aciaria, “submetendo os relatórios à apreciação pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos”.

“Outra fonte de emissão de material particulado é aquela gerada durante o trânsito de veículos e equipamentos, como ocorre em qualquer via de circulação. Neste caso, é executada a varrição mecânica das ruas pavimentadas e a umectação de vias, o que reduz significativamente a emissão de material particulado”, afirma a empresa, em nota.

O Instituto Estadual de Meio Ambiente, localizado em Jardim América, informou que tem uma estação de medição de qualidade do ar em Vila Capixaba, que mede também a região de Jardim América e que todos os índices registrados estão dentro dos padrões estabelecidos pelas legislações vigentes. O Iema reforça que a população pode realizar denúncias no site (www.iema.es.gov.br), pelo telefone 3636-2599 ou no email para [email protected].

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