O mês de novembro é dedicado ao combate do câncer de próstata, o segundo que mais mata os homens, perdendo somente para o de pulmão. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de entre 2016 e 2017 sejam registrados 61,2 mil novos casos da doença. O histórico familiar e a idade são os principais fatores de risco, mas a chance de cura é de 90% se detectado em fase inicial.
O urologista Gabriel Gouvêa explica que os principais exames são o de sangue e toque retal, que ainda faz muito homem torcer o nariz. “O toque retal é essencial, além do exame de sangue. É rápido, indolor, demora menos que 10 segundos, e traz informações importantes para o médico. Ele é imprescindível”.
Ele explicou que o câncer de próstata, na grande maioria das vezes, é o aumento na proliferação de células malignas entre os homens, com propensão há um crescimento lento que em fase mais avançada pode se tornar metástase óssea (quando o câncer se espalha). Em 80% dos casos ele está localizado na zona periférica, e de 10% a 20% na zona de transição, que pode dificultar os sintomas, já que não dá sinais em fases iniciais.
“Por isso é importante o homem se conscientizar a fazer o preventivo, que é muito simples. Envolve exame sangue e o de toque, para vermos o tamanho da próstata, se a consistência está normal, e se há algum nódulo, por exemplo, do tamanho de um caroço de feijão, que já nos ajudar a identificar. Se houver alteração em qualquer um desses exames está indicada a biópsia prostática para confirmar”.
Diagnosticado o câncer, o médico explica que é preciso saber o grau do tumor (inicial, avançado ou metastático). No primeiro caso eles podem ser tratados com cirurgia para retirar próstata e vesículas; com radioterapia, e também com braquiterapia (colocação de sementes radioativas via períneo, dentro da próstata).
“O tratamento mais realizado é a cirurgia, que evoluiu e hoje é muito segura para o paciente. Os principais efeitos colaterais dela são disfunção erétil e incontinência urinária, mas isso não acontece com todos os pacientes. Os que já tem disfunção prévia tem uma chance muito maior em desenvolver do que os que não tem, após a cirurgia”, explicou Gouvêa.
O autônomo Elias Ângelo, 52, já fez o exame. Ao conversar com o médico, foi explicado que o exame de sangue, que é feito anualmente acusa alguma coisa. Porém, nesse tempo de 12 meses, pode acontecer de o homem estar com a próstata alterada. “Nesse tempo pode acontecer uma alteração bem acentuada. Por isso que é recomendado o exame anual. E nesse espaço a chance de cura é bem grande”.
O auxiliar de recursos materiais José Francisco Charpinel, 60, começou a fazer antes, aos 42 anos, por exigência da empresa onde trabalha. “Faço todos os anos. Esse é um exame que não podemos deixar de fazer, é um dos mais importantes porque pode detectar o câncer e a pessoa iniciar um tratamento. Tem que deixar o preconceito de lado. Ainda vejo muito isso. Os homens são muitos esquisitos e têm muita vergonha. Até de dizer que já fizeram o exame”, disse.
Risco de lesão
Na fase inicial o médico pede exames pré-operatórios, avaliação do cardiologista e anestesista. Se todos derem resultados positivos, o paciente está apto para marcar a cirurgia, que deve ser feita pelo menos 60 dias após a biópsia. Isso porque antes a próstata está bastante inflamada e aderida ao reto, o que pode aumentar a chance de lesões retais.
“O tratamento em fases avançadas já é paliativo, feito com bloqueio hormonal, que no caso pode ser com drogas ou cirurgia de orquiectomia (retirada dos dois testículos), que na verdade é a fonte de produção de testosterona e aumento desse tumor. Ou com bloqueio hormonal completo, em que se usa outros antagonistas dos hormônios, como o casodex ou bicalutamida para completar o tratamento”.
O urologista diz que o câncer de próstata tem uma classificação que varia de seis (indolente), sete (perigoso), até oito, nove e 10 (as fases mais perigosas). Os principais fatores de risco são a história familiar e a idade. Em estágio avançado, a sobrevida do paciente pode chegar de oito a 10 anos.
“Dizem que para prevenir o câncer de próstata você pode ter uma alimentação saudável. Mas não falam se isso pode aumentar as chances de cura ou diminuir o aparecimento. Com o envelhecimento da população, aos 100 anos, se você biopisiar a próstata num grupo de 100 pacientes, em 100% deles você vai encontrar algum grau de câncer de próstata. Se você tem um irmão ou pai que teve, tem mais chances de desenvolver”.
Diagnóstico precoce
No Brasil, os homens podem começar uma rotina de ida ao urologista a partir dos 50 anos. A idade diminui para 45 anos em pacientes com histórico familiar da doença, negros e obesos (ambos por alterações genéticas). A prevenção acontece apenas com diagnóstico precoce, com check ups anuais.
“Os sintomas da doença avançada são palidez, emagrecimento e dores ósseas muito forte. Porque o tumor tem uma propensão a metástase óssea, principalmente bacia e coluna. Nessa fase a chance de cura é zero. Já na fase inicial, a chance de cura é de 90%. Os efeitos colaterais dependem muito do status prévio do paciente, se ele tem ou não potência boa. E também da habilidade do cirurgião na preservação dos nervos”.
Os principais efeitos colaterais é a disfunção erétil, em que o paciente se queixa da dificuldade em ter ereção e de ela não durar até o final da relação sexual; e a incontinência urinária. Nesse caso, uma tosse ou tipo de esforço fazem a urina pingar. “Todos os pacientes submetidos a cirurgia não conseguem ter filhos de modo natural, devido a retirada das vesículas. Mas podem ter a partir de reprodução assistida ou congelamento do sémen”, finalizou o urologista.
Durante todo o mês de novembro o Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves (HEJSN) promove ações relacionadas ao tema. Na terça-feira (22) haverá uma palestra sobre saúde do homem para colaboradores.
