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Câncer de próstata: doença pode ser hereditária e relacionada aos maus hábitos

prostata-101508Robert De Niro, Ben Stiler, Martinho da Vila e Jayme Monjardim. O que eles têm em comum não é somente o fato de serem artistas famosos. Todos tiveram câncer de próstata. Felizmente, no momento do diagnóstico a doença não apresentava alta agressividade, o que possibilitou a realização de cirurgia e eles alcançaram a cura.

Infelizmente o câncer de próstata ainda não tem prevenção. De Niro, Martinho e Monjardim descobriram a doença somente após os 60 anos de idade. Já Stiller descobriu o câncer de próstata aos 46 anos, já com índice médio de agressividade. E ele dá graças ao seu médico por ter decido realizar o diagnóstico anterior ao que é recomendado pela Associação Americana do Câncer, somente aos 50 anos. Após sua experiência, o ator americano defende que o toque seja feito a partir dos 40.

E assim também entende o urologista Jhonson Joaquim Gouvêa. Ele explica que 4% dos homens com 40 anos de idade já apresenta algum nível de câncer de próstata. E, quanto mais cedo o câncer aparece, mais agressivo ele é. Quando este já está em fase de alta agressividade, menor é a sobrevida do paciente após cirurgia ou tratamento com quimioterapia ou radioterapia.

“Quanto mais precoce diagnostica, mais maligno vai ser. Uns defendem o exame aos 40, 45, outros aos 50. Meu ponto de corte é aos 40 anos. Porque, epidemiologicamente, se você pegar 100 indivíduos que morreram aos 40 anos de outras causas, quatro já têm câncer de próstata. Eles podem fazer o exame (de próstata) a partir dos 40, mas o câncer aparecer aos 50. Tem que ir acompanhando. O diagnóstico precoce salva a vida do indivíduo”, afirma o especialista, acrescentando que a doença está ligada também ao envelhecimento do homem. “As pesquisas indicam que 60% dos indivíduos com 80 anos já têm câncer de próstata”.

jhonson joaquim gouvêaJunk food
De acordo com Jhonson, a doença tem uma grande conotação hereditária. “Quando o pai tem, o indivíduo (filho) tem tendência a ter, tem uma chance de ter câncer. Se o irmão também tiver, o indivíduo tem duas chances de ter câncer. Várias famílias têm dois ou três indivíduos homens com câncer. Mas dificilmente o indivíduo tem câncer, vindo da mãe”, explica.

Quando não está ligado à situação familiar o estilo de vida e a alimentação podem ser fatores determinantes para a ocorrência do câncer de próstata. Em países como os Estados Unidos, onde a “junk food” é altamente consumida, existe maior propensão ao mal. “Indivíduos com tipo de alimentação agressiva, com excesso de gordura, mais pesada, têm maior propensão. O junk food é extremamente incentivador do câncer de próstata. Um exemplo é que o negro americano ou o japonês americano têm mais câncer de próstata do que os negros da África ou os japoneses que vivem no Japão”.

Outros fatores importantes para determinar a sobrevida do paciente após o tratamento são sua imunidade e até o seu humor. Jhonson explica que o câncer é imunodependente  e que a depressão pode agravar a doença. “Mesmo um indivíduo com um tumor mais leve pode morrer mais cedo do que um que tem um tumor mais agressivo, porque varia de acordo com a imunidade. Obesos têm tendência a morrer mais cedo, porque a imunidade deles é mais baixa. As situações deletérias são o peso gordo, paciente deprimido, paciente ansioso… isso tudo joga a imunidade lá embaixo. Indivíduos extrovertidos, alegres, têm maior sobrevida. Por isso, trabalhar o humor do paciente é extremamente importante”, frisou.

Diagnóstico precoce: mais de 90% de chances de cura
Quando o diagnóstico é feito de forma precoce as chances de cura do câncer de próstata a partir da cirurgia ou de tratamento com radioterapia ou quimioterapia é acima de 90%. Tudo vai depender do tipo de tumor e do grau de malignidade do mesmo. Tanto para quem tem histórico familiar de câncer de próstata, quanto para quem não tem, a recomendação do urologista é que os pacientes façam o toque retal e o PSA a partir dos 40 anos.

“Fazemos o toque retal antes para conhecer a estrutura da próstata. É rápido, indolor e traz informações importantes. Depois pedimos o exame de sangue, o PSA. Se houver alguma alteração em algum desses dois exames, indicamos a realização da biópsia prostática para confirmar o diagnóstico. Por exemplo, 15% dos indivíduos que têm o PSA abaixo do ponto de corte têm câncer de próstata, provando a necessidade do toque, que vai mostrar alteração na próstata. Por outro lado, se tem um paciente com a próstata normal, mas o PSA se elevando, pede a biópsia também. O diagnóstico é dado pela biópsia”, explica.

A recomendação do urologista é que, mesmo não detectando alterações nos exames de toque retal e PSA na primeira consulta, os pacientes retornem ao médico no máximo em três anos para a nova realização dos exames. Esse intervalo pode variar para dois anos ou até anualmente, de acordo com as circunstâncias do paciente.

Já quando o paciente chega no consultório com os sintomas do câncer de próstata (incontinência urinária, urinar sangue e/ou dor nos ossos) já não existe mais possibilidade de tratamento cirúrgico, cabendo ao médico realizar tratamentos paliativos. “Nesse caso o que faz é retirar a testosterona, porque a testosterona estimula o câncer de próstata. Ou usa medicamento ou tira o testículo, e mesmo assim vai durar pouco tempo devido à malignidade. O tumor avançado pode dar metástase e o local de preferência é nos ossos, causando uma dor atroz muito forte e começa a quebrar o osso. Mas pode ir para o fígado ou pulmão”.

“Padrão ouro” de tratamento
Após a detecção do câncer de próstata, o doutor Jhonson mostra três possibilidades para o tratamento da doença. A primeira delas consiste em abordagens conhecidas como conduta expectante, observação vigilante ou vigilância ativa, que acontecem através da observação e acompanhamento do tumor do paciente  (quando este é de baixa malignidade). “No Brasil não é comum de se ver, mas tem médico que faz”.

A possibilidade de tratamento mais indicada de acordo com o urologista é a cirurgia para a remoção da próstata. “Esse é o ‘golden standard’. De 80% a 90% dos tumores dos tumores nos pacientes são cirúrgicos. São poucos os que optam por não fazer”, diz Jhonson.

A outra possibilidade que ele cita são a radioterapia ou quimioterapia. Ambas visam destruir ou inibir o tumor: a radioterapia por meio de radiações ionizantes e a quimioterapia administrada por via intravenosa ou via oral. “Para o indivíduo que não quer operar é indicada a radioterapia. Em alguns casos, se o PSA volta a subir após a operação, faz-se a radioterapia adjuvante. Quando o indivíduo faz o tratamento com hormônio e esgota este tratamento, ele faz a quimioterapia”.

Os principais efeitos colaterais do tratamento são a incontinência urinária e a impotência, que “vão sendo corrigidas parcialmente ou totalmente após a cirurgia”. Caso a opção seja pela retirada da próstata, existe a consequência da infertilidade. “Se o indivíduo resolver ter filhos, ele pode fazer uma reserva de espermatozóides antes e fertilização in vitro”.

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