E vamos às urnas.
Depois de três meses de uma vergonhosa campanha eleitoral, pautada sobretudo pelo comportamento desqualificado, descredenciado e desonrado de importantes veículos da comunicação social, os brasileiros vão escolher, domingo, se preferem tomar injeção na banda direita ou na banda esquerda da bunda.
Nesses meus mais de 40 anos de vida (muito mais, admito), é a primeira vez que me vejo diante de um quadro em que não me é dada a oportunidade de escolher o melhor, mas o menos ruim.
Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, entre uma facada e uma/ fake news, passaram o tempo inteiro trocando acusações – quase todas levianas e financiadas de forma não autorizada em lei – e não tiveram tempo para apresentar propostas à nação.
O eleitorado, pelo que indicou o resultado do primeiro turno e ainda indicam as pesquisas de intenção de voto do segundo turno, cansou da velha política.
Por isso foram sepultados nomes importantes da vida pública brasileira como a lamentável Dilma Rousseff, Fernando Pimentel, Lindbergh Farias, Eunício Oliveira, a família Sarney e mais meia dúzia de imprestáveis.
Lamentavelmente, outra meia dúzia de imprestáveis conseguiu salvar o pescoço, mesmo que tivesse que recuar na trajetória política apenas para obter o mandato e preservar a imunidade parlamentar, como os desonrados senadores Aécio Neves e Gleisi Hoffmann, agora eleitos deputados federais. Sem contar o senador reeleito Renan Calheiros, uma das figuras mais repugnantes da vida política brasileira.
Propostas? Programas de governo? Isso não faz, para a classe política brasileira, a menor diferença. A tábua de salvação é a manutenção do foro privilegiado pela certeza de que o Supremo Tribunal Federal, aparelhado, vai continuar tomando decisões amparadas em critérios políticos, e não legais.
Bolsonaro tende a confirmar, nas urnas, a vitória no primeiro turno. Nunca foi e nunca será o candidato dos sonhos do povo brasileiro. Mas conseguiu
montar seu próprio exército com a retórica perfeita para o mercado consumidor: o combate à corrupção e à violência urbana.
E só conseguiu isso porque o Partido dos Trabalhadores prestou-se a servir como palanque de defesa da libertação de Lula da Silva, o político mais sujo e mais rejeitado do momento brasileiro.
Para tirar Lula da cadeia, o PT aceitou, antes, tirar Lula da campanha eleitoral. Depois tirou a vice Manuela D’ávila e a presidente do partido, Gleisi Hoffman.
Na falta de respostas, a assessoria de marketing obrigou Haddad e Manuela a participarem de missa, a se deixarem ser fotografados comungando, recuaram na defesa do aberto e da liberação de drogas, enfim, desfigurou-se apostando que uma dezena de artistas, intelectuais e profissionais liberais seria suficiente para liderar o rebanho. Não conseguiu, sequer, mobilizar o exército de Stédille, o inconsequente líder do MST. Tampouco as lideranças sindicais, que ficaram sem “argumento” para reunir a militância depois que perderam a chave do cofre onde eram guardados os dinheiros do imposto sindical.
Desgastado e afundado na lama até o pescoço, o PT viu-se obrigado a abandonar propostas temáticas para áreas vitais como saúde, educação, segurança pública e tentar dar um novo tom (nova logo, novas cores), defendendo o politicamente correto, num país em que os politicamente corretos são ética e moralmente incorretos.
Bolsonaro foi no sentido inverso: “a vítima da facada fui eu, a quem eles acusam de fazer a apologia da violência”.
Somando-se a isso as mortes suspeitas contabilizadas na conta do PT, o candidato fascista conseguiu convencer a classe média de que, como presidente, seus filhos sairão de casa e voltarão em segurança.
Era só o que o eleitorado queria ouvir.
Mas ele avançou o prometeu também combater com vigor a corrupção. Aí já era o paraíso.
Bolsonaro deve ser eleito presidente. Vai ter que trabalhar muito para reunificar a nação e tirar o Brasil da crise.
Mas seu maior desafio será manter os filhos de boca fechada.
Os trapalhões são a grande ameaça ao futuro governo