Não é novidade para ninguém que o carnaval capixaba está dividido. Prova disso é que a cada dia do desfile no Sambão do Povo, em 2018, de 1 a 3 de fevereiro, uma entidade responderá pela organização. Tudo isso não seria problema, uma vez que todas já se reuniram com a Prefeitura de Vitória, num acordo para que a folia fosse um evento harmônico, e os resultados das apresentações abrissem oportunidade de promoção das melhores escolas. Contudo, a situação é outra.
Um ofício assinado pelo presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do grupo Especial (Liesge), Rogério Sarmento, pôs fim a isso. Segundo a Liga, no desfile de 2018 a escola do grupo com menor pontuação não descerá para o Acesso de sexta, coordenado pela Liga Espírito-Santense das Escolas de Samba (Lieses). No documento, Sarmento afirma que a decisão foi tomada neste domingo (10), com a presente de representantes de todas as escolas do grupo principal justificando “instabilidade institucional que cerca a Lieses”. Leia o ofício
Segundo Rogério Sarmento, já não existe harmonia entre as ligas possibilitando acesso e descenso das escolas. O acordo inicial, definido em reunião na PMV com representantes, também, da Federação Capixaba das Escolas de Samba (Fecapes), dava conta que o desfile voltaria para três dias e a escola que vencesse no primeiro, subiria para o acesso de sexta-feira e neste dia uma seria promovida para o Especial. Já a cada perda, uma escola desceria. Com o ofício, isso acaba.
“Mudou por causa da instabilidade que a Lieses está passando. Lá atrás existia uma harmonia, mas depois disso, alguns gestores da Lieses simplesmente começaram a querer tumultuar o bom ambiente do carnaval e atrapalhar o andamento da festa. As escolas que fazem parte da Liesge entenderam que, nesse clima hostil não temos condições de abrir as portas para receber. Se a harmina voltar, com certeza haverá o acesso e o descenso. Foi uma decisão de todas as escolas da Liesge”, explicou Sarmento.
“Todas (as escolas) estão trabalhando a todo vapor para o carnaval 2018. Não vamos para passar pela avenida sem concurso, pois, embora as escolas estejam retornando, queremos disputar e chegar ao grupo especial”, afirmou Neno Bahia, presidente do Conselho da Fecapes.
Relembre a criação das entidades
Estrutura do desfile
Desde o dia 8 de dezembro a avenida Dário Lourenço de Souza (Sambão do Povo) está interditada para o início da montagem de camarotes e arquibancadas na área do desfile das escolas de samba. A organização está sendo feita pela Liesge, cuja apresentação das sete escolas será na noite do sábado, 3 de fevereiro.
Segundo o presidente, toda estrutura tem sido preparada com as devidas separações: camarote, iluminação e som estão sendo contratados para os três dias. Contudo, venda de mesas e de arquibancadas a Liesge cuidará apenas do dia de suas escolas.
“Não tem como vender camarote para um dia, pois têm toda preparação, ornamentação e cuidado de quem compra. Eles (escolas da Lieses) querem dividir isso e não é possível, sobretudo a menos de dois meses do carnaval. Algumas pessoas ainda não entenderam isso e tem gente torcendo para a confusão ficar e não ter carnaval. As sete escolas da Lieges, a qual eu represento, estão todas dedicadas para o carnaval acontecer. Hoje a Lieges está contratando arquibancada montada, camarote de estrutura metálica, pois alguém tem que fazer. Mas a venda das mesas de pista e arquibancadas para a sexta-feira não teremos responsabilidade”, concluiu.
Para o presidente do conselho da Fecapes, Neno Bahia, o objetivo da Federação é que o acesso do público ao sambódromo capixaba seja gratuito na noite de quinta-feira. “Nesse retorno visamos a gratuidade do público”, finalizou. A reportagem não conseguiu falar com o presidente da Lieses, Edson Rodrigues de Freitas Neto.
