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Brasil: eterno “1º de abril” Walber Gonçalves de Souza

Walber Gonçalves de Souza*

O dia primeiro de abril que há pouco acabamos de viver, é reconhecido como o dia da mentira, dia em que as pessoas brincam inventando histórias fantasiosas, discursando enredos impossíveis, pronunciando causos descabidos.

Em se tratando de Brasil este dia parece ser especial, sua essência demonstra estar intimamente ligada à nossa história, às nossas posturas, às nossas ações. Aqui, nas terras brasileiras, o “1º de abril” parece ser todos os dias.

Desde o descobrimento, assim oficialmente chamado, a mentira faz-se presente. O enredo inventado, contado e embutido no imaginário das pessoas não condiz com outras versões que se aproximam mais da verdade dos fatos históricos.

Nossa abolição da escravatura foi outra farsa sem tamanho, mais uma mentira. A liberdade foi oferecida, as porteiras foram abertas, as senzalas destruídas. Mas esqueceram de contar que como aqui as coisas acontecem de qualquer jeito, as favelas apareceram e as verdadeiras oportunidades para todos nunca aconteceram. Das senzalas para as favelas, da escravidão para o salário mínimo. Será que a escravidão acabou mesmo ou mudou de cenário, de forma, de nome?

E a nossa independência?! Simbolicamente representada com aquele grito às margens do Rio Ipiranga: “Independência ou morte?”. Fizeram com que acreditássemos que a independência de fato acontecera, mas não percebemos que até hoje a morte acontece todos os dias nas entrelinhas da guerra civil silenciosa na qual estamos inseridos; e que justamente em nome dela a dita independência ainda não aconteceu. Vivemos a reboque dos ditames das grandes potências mundiais, dos capitais especulativos, das forças dos bancos, dos interesses das minorias. É fato e notório que nunca houve por aqui um Projeto Brasil, onde todos os brasileiros também fizeram ou farão parte e não somente uma minúscula parcela.

A república brasileira, que deveria ter sido conquistada pela força popular, pois é justamente isto que faz da república uma coisa pública, passou longe, muito longe de ser assim. Um planejado golpe das minorias, elites oligárquicas e conservadoras, apoiado por uma burguesia medíocre, acabou com o período imperial brasileiro. Junto com a dita república nasce também o voto de cabresto, os “homens bons”, a constituição da mandioca e tantas outras questões que inauguram uma república ainda para poucos.

Mas se você acha que acabou, puro engano. A tão falada e necessária reforma política não passa de uma mentira, haja visto o que é pretendido através da votação em lista; nossa justiça é injusta; a lei da ficha limpa é suja; nossa educação não educa; nossa saúde está doente; nossas estradas são intrafegáveis; nossa conta de energia que deveria ter desconto por causa dos erros cometidos na cobrança no ano passado vai ganhar tarifa vermelha, uma forma de compensar; nossas cadeias não socializam e tornam-se a melhor e mais preparada escola de criminosos; nossos policiais, coitados, fazem papel de bobo, pois eles prendem e a “justiça”, solta; os ditos defensores dos direitos humanos não lutam pelos humanos, mas sim pelos desumanos.

E você acha que findou? Ledo engano, veja: a carne é fraca; o desdobramento do petrolão; as consequências do mensalão; os elefantes brancos espalhados pelo território nacional; as inúmeras obras que desabam frequentemente; e muito mais… tudo isto é um reflexo do cenário de mentiras sem precedentes.

Tomara que um dia no Brasil o dia da mentira fique sendo somente o dia 1º de abril. Quando este dia chegar acredito que passaremos a ser mais felizes, vivendo em uma sociedade justa, aquela que muitas pessoas sonham!

*Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.

 

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