Uma doença tão antiga quanto a própria humanidade e para qual a sociedade parece fechar os olhos e os ouvidos. A sífilis, uma das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) mais conhecidas do mundo, está em curva ascendente no Brasil desde 2015. O problema, especialmente em mulheres gestantes, é complexo.
Os dados oficiais mais recentes, do Boletim Epidemiológico de 2016 do Ministério da Saúde, indicam que, entre 2014 e 2015, a sífilis em gestantes teve um aumento de 20,9% e de 19% nos casos congênitos (bebês que já nascem infectados). O Espírito Santo é um dos estados que tem mais notificações de casos de sífilis congênita, junto com Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná.
A contaminação pode ocorrer em qualquer fase da gravidez. E as consequências de não fazer o diagnóstico e deixar de tratar a gestante em tempo oportuno são o aumento dos riscos de retardo do desenvolvimento do neuropsicomotor do bebê, surdez, cegueira, malformações ósseas, entre outras, com mortalidade em torno de 40% nas crianças infectadas. Ainda pode acontecer de o bebê nascer aparentemente saudável, desenvolvendo sinais clínicos graves algum tempo depois.
O médico ginecologista e obstetra da Maternidade Unimed Vitória, Fernando Guedes Cunha, disse que acredita que a má assistência prestada e o diagnóstico mal feito contribuem para o aumento desses dados. “Apesar da gravidade, a doença é tratável e curável. Estamos falamos de uma doença para a qual a medicina já encontrou a solução. Ignorá-la e não fazer os exames de pré-natal pode trazer comprometer gravemente a saúde do bebê”, informa o médico, lembrando que a produção de penicilina benzatina, medicação mais eficaz contra a doença, chegou a ser suspensa devido à escassez mundial no suprimento de matéria-prima para sua confecção. Atualmente, a medicação está restrita na rede pública para o tratamento de poucas doenças e sífilis e uma delas.
Tratamento
O tratamento da sífilis é simples, barato e efetivo. Tanto a testagem quanto o tratamento são garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e estão disponíveis em unidades de saúde. A penicilina benzatina continua sendo a opção mais segura e eficaz para a gestante com a doença, visando à prevenção da sífilis congênita. O parceiro da mulher infectada também deve ser tratado, para evitar a reinfecção.
“Não se pode admitir que a sífilis, em pleno século XXI, esteja tão presente e seus casos aumentando. Ainda mais quando se pensa no suporte e no tratamento eficaz que se consegue na luta contra essa doença”, avalia Cunha.
O que você precisa saber sobre a doença
1 – A prevenção da sífilis entre a população, de maneira geral, se dá por meio do uso regular de preservativos, diagnóstico precoce em mulheres em idade reprodutiva e seus parceiros, realização do teste VDRL em mulheres com intenção de engravidar e tratamento imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seus parceiros.
2 – Apesar da ampliação do diagnóstico para sífilis, a maioria dos casos continua sendo detectada tardiamente, com danos para a saúde do bebê. Em 2013, segundo dados do Ministério da Saúde, 36,3% das gestantes foram diagnosticadas apenas no terceiro trimestre.
3 – O teste para o diagnóstico da doença faz parte do pré-natal e deve ser realizado no primeiro trimestre da gestação e no início do terceiro.
4 – A mãe e o pai da criança devem se submeter ao exame.
Meu bebê teve sífilis congênita ficou internado durante 17 dias na uti, passou por vários tratamentos, nasceu com o fígado e o baço alterado e hoje ele aparenta estar bem como qualquer outro bebê o que me preocupar é que ele está no acompanhamento e a médica me pediu o LCR dele e eu tirei seu exame novamente tinha como se ele ainda estivesse infectado. Isso me deixou bastante preocupada.