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Aumenta número de desaparecidos encontrados mortos no ES

montagem desaparecidas
Katiane (ao centro) ainda está desaparecida; Jaqueline (esq.) e Thayná (dir.) foram encontradas mortas

Recentemente, dois casos de pessoas desaparecidas ganharam os noticiários do Espírito Santo e mexeram com os capixabas, que se solidarizaram com as famílias tanto na esperança de encontrar os entes vivos, quanto na tristeza da constatação das mortes. Foram os casos da menina Thayná Prado, de 12 anos, que teve sua ossada encontrada em Viana após 20 dias e o da médica Jaqueline Colodetti, cujo corpo foi encontrado após 12 dias, no Rio Jucu. Elas fazem parte de uma triste estatística: o de número de pessoas desaparecidas que são encontradas mortas.

Se no ano de 2016 foram 16 óbitos de pessoas desaparecidas, sendo 13 deles de homens adultos, dois de mulheres adultas e um de um adolescente. Já no ano passado foram 25 pessoas encontradas mortas (17 homens, seis mulheres e dois adolescentes, um menino e uma menina), o que representa um aumento de 36%. Já no primeiro trimestre de 2018, este número, inclusive já é superior ao do mesmo período dos anos anteriores, com seis óbitos (quatro homens, uma mulher e um adolescente) um a mais do que no ano passado e dois a mais do que em 2016.

De acordo José Lopes, titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, existem 74 casos de pessoas desaparecidas há algum tempo ainda não resolvidos, mas sendo investigados, a maioria deles relacionados a homens acima de 18 anos de idade.

“Nestes casos contamos com todas as possibilidades, desde um apagão, que é suscetível de acontecer com pessoas de mais idade; depressão, que pode levar ao cometimento de suicídio; ter se tornado andarilho, até ter sido morto e enterrado. Enquanto há vida, ainda há esperança. Já localizamos pessoas que estavam há 27 anos desaparecidas. Ano passado localizamos uma menina que tinha desaparecido e a achamos no Rio de Janeiro trabalhando de doméstica. Fugiu de casa, porque tinha engravidado e ficou com vergonha da família”, contou Zé Lopes.

Diminuição

O número total de pessoas desaparecidas diminuiu 9% do ano de 2016 para 2017, passando de 710 para 647. Os homens adultos, acima de 18 anos, respondem pela maioria dos desaparecimentos, representando 36% (262) em 2016 e 39,5% (256) em 2017. No primeiro trimestre de 2018, a quantidade deste perfil desaparecida foi de 78 casos, maior do que no mesmo período de 2016 (71) e 2017 (72).

“Temos um trabalho junto com o Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública) que divulgamos as fotos em todo o Brasil e temos o nosso banco de dados. As informações ficam, arquivamos e um dia aparece. Homens acima de 18 às vezes constituem família, cismam, não aguentam as responsabilidades, fogem e saem de casa. Já encontramos casos no Nordeste”, diz José Lopes.

Um outro perfil que chama a atenção é das adolescentes e jovens entre 12 e 17 anos, o segundo grupo em desaparecimentos. No ano de 2016 foram 244; em 2017 foram 184, e em 2018, até março, foram 40. Também neste grupo esteve a maior porcentagem de encontrados em 2016: 98,3%. Mas em 2017, esta porcentagem diminuiu para 84%. Além disso, este grupo contou com uma morte no ano passado, a da menina Thayná, o que não havia acontecido em 2016.

“Na maioria das vezes, as meninas de 12 a 17 costumamos localizar em, no máximo, três dias. Acontece de irem ‘pro rock’, pra casa do ‘grande amor’, algumas não têm responsabilidade com a mãe ou pai. É um problema mais social, na família, do que policial”, explica o delegado.

Redução de casos solucionados

Apesar da redução no número de pessoas desaparecidas, também diminuiu a porcentagem de pessoas encontradas, de 94,9% em 2016, para 85,4%, em 2017. No primeiro trimestre de 2018, a porcentagem de encontrados está em 75,6%. A tendência dos números é aumentar, à medida que os desaparecidos são encontrados.

De 244 adolescentes do sexo feminino desaparecidas em 2016, 240 foram encontradas (98,3%). Naquele ano, este foi o grupo de maior resolutividade nos casos (atrás apenas dos de crianças do sexo masculino e femininas desaparecidos, que não apresentam números expressivos de desaparecidos e a resolutividade foi de 100%). Já no ano passado, de 184 pessoas deste grupo desaparecidas, 84% (ou 155) foram encontradas. No primeiro trimestre deste ano, a resolutividade desses casos está em 85%, com 34 encontradas de 40 desaparecidas.

Em 2017, o grupo de maior resolutividade (também atrás dos de crianças) foi o de mulheres adultas, com 93,1% de encontradas (82 de 88 desaparecidas), superior ao ano anterior (91,2%). Em 2018, até março, 17 mulheres desapareceram e 11 foram encontradas, além de um óbito. Com o encontro do corpo da doutora Jaqueline Colodetti, mais uma morte será computada nesta triste estatística.

A filha da costureira Lucinéa Rocha de Brito, 48, está desaparecida desde o dia 17 de agosto de 2004. Pâmela de Brito, que hoje teria 25 anos, foi vista pela última vez quando saía da escola Terfina Rocha Ferreira, no bairro Itacibá, Cariacica, onde estudava. A mãe ainda nutre esperanças de encontrar a filha.

“Sempre posto no face o cartaz dela, mas não tem nada de novo. Vivo doente, vou à psicóloga e ela faz muita falta. Eu tenho esperanças de encontrá-la. Onde posso colocar cartaz e procurar, procuro”, relata a mãe, que ainda guarda roupas, brinquedos, fotos, joias e até o celular da filha, que mantém o número até hoje.

Nove meses de desaparecida

Na última terça-feira (24) foram completos nove meses do desaparecimento da adolescente Katiane Renock Zava, 17, que saiu de casa, no Córrego da Rapadura, em Vila Pavão, Região Noroeste do Espírito Santo, para comprar uma chapinha, e desde então não foi mais foi vista. O caso aconteceu no dia 24 de julho de 2017.

Segundo a lavradora Luciane Renock, mãe de Katiane, a garota saiu de moto com o pai por volta das 10h30. Eles foram até a rodoviária do município de Vila Pavão. De lá ela seguiu para comprar a chapinha na casa de uma conhecida da família, mas nem mesmo chegou ao local.

A última mensagem enviada por ela foi dizendo que estava chegando ao destino. “A última vez que ela foi vista foi na câmera de um supermercado”. Na imagem, registrada as 10h49, Katiane teria se aproximado de uma moto, mas não sobe.

Luciane afirma que nos últimos tempos não tem recebido nenhuma novidade da polícia sobre o caso, mas continua nos esforços de divulgar as fotos da filha nas redes sociais. Ela não cessa de procurar pela filha.

“Temos esperança de encontra-la viva ainda. Amanhã (terça-feira, 24) faz exatamente nove meses. A força é em Deus, porque o desespero é grande. A vida da gente não tem mais sentido. Filha única. O pai tá muito arrasado. A gente trabalha, mas só com a mente nela”, conta a mãe.

A mãe já chegou a se deslocar para municípios como São Gabriel da Palha e Colatina a partir de ligações de pessoas com pistas. “As pessoas ligam dando pista, mas quando chegamos lá, não é ela. Tá tudo guardado, do jeitinho que ela deixou. Ainda temos esperança”.

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