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Augusto Ruschi: 103 anos de história e defesa da natureza

Augusti Ruschi
Foto: Alexandre França

Cientista, advogado, professor, defensor das florestas, Patrono da Ecologia do Brasil. Esses e outros adjetivos e ocupações coloriram a vida do naturalista brasileiro Augusto Ruschi (1915-1986).

Nascido na cidade de Santa Teresa, região centro-serrana do Espírito Santo, esse descendente de imigrantes italianos católicos marcou de maneira indelével a história de seu estado natal e também a do Brasil, em especial por seus estudos sobre beija-flores e por sua sistemática militância em favor da natureza.

Em 1949, fundou o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão – uma homenagem a seu mestre e amigo, o zoólogo Cândido Firmino de Mello Leitão –, inaugurando, assim, o primeiro espaço institucional do estado dedicado aos estudos biológicos.

Uma década antes, Ruschi ingressava como assistente voluntário em um dos principais centros brasileiros de expertise em ciências naturais: o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ). Atuando inicialmente como botânico contratado e, anos depois, como Professor Titular, o MNRJ também foi um espaço de intercâmbio acadêmico, no qual teve a oportunidade de aprimorar os conhecimentos sobre fauna e flora que adquirira de maneira autodidata.

Concomitantemente ao desempenho de suas atividades de pesquisa, foi construindo relações de prestígio e confiança com diversas autoridades políticas, conseguindo desenvolver um longo trabalho de colecionamento biológico e de mapeamento dos recursos naturais capixabas – uma novidade importante para o quase desconhecido Espírito Santo da primeira metade do século XX.

Além das contribuições para os conhecimentos biológicos, Ruschi também foi feliz em participar do processo de criação das primeiras áreas de proteção natural do Brasil – com destaque para a Reserva Florestal de Nova Lombardia (hoje, ReBio Augusto Ruschi) e para a Reserva do Córrego do Veado, em Pinheiros, norte do estado.

Famoso por ter contrariado interesses empresariais multinacionais no contexto do plantio de eucaliptos em Aracruz e pelas constantes denúncias de invasão de terras na Ilha de Comboios e em Itaúnas, Ruschi também militou pelos direitos indígenas à terra e ao reconhecimento como sujeitos portadores de conhecimentos indispensáveis aos cuidados com o meio ambiente e, portanto, com a diversidade biológica e cultural da vida.

Trinta e dois anos após sua morte, o legado do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, por ele fundado há quase 70 anos, continua mais vivo do que nunca na missão encampada pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), unidade de pesquisa subordinada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Ao incorporar o Museu Mello Leitão, o INMA tem se dedicado à produção e difusão de pesquisas relativas à Mata Atlântica, sua biodiversidade, história e conservação, sem descuidar de atividades voltadas à educação ambiental, bem como à memória de seu Patrono, cuja data de nascimento merece ser não apenas comemorada, mas servir de ocasião para refletir sobre nossa relação com o mundo, tanto quanto de pretexto para discutirmos os próximos passos – possíveis e desejáveis – rumo a um convívio mais sustentável.

“Ruschi e o Museu são essenciais para a história da ciência: o primeiro por suas descobertas científicas sobre orquídeas, morcegos e beija-flores e ainda pela defesa do meio ambiente. O segundo por abarcar todas essas pesquisas e se tornar referência em estudo da mata atlântica nas mais variadas áreas: zoologia, botânica, história, taxidermia, educação ambiental, entre outros”, explicou o diretor do INMA, Sérgio Lucena.

103 anos de Augusto Ruschi

Para lembrar desse capixaba emblemático o INMA preparou uma programação especial para comemorar os 103 anos do Patrono da Ecologia do Brasil, no dia 12 de dezembro, data de seu aniversário.

Com o título “Mata Atlântica, história, ciência e arte: uma homenagem a Augusto Ruschi” o evento terá roda de conversa sobre Ciência e Arte, com a participação dos doutores Ronald Cintra Shellard (diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF) e Laércio Ferracioli (diretor do Departamento de Inovação e Divulgação da Ciência da Pró-Reitoria de Extensão da UFES) e com a artista plástica, autora do mural “Grafite da Ciência” do CBPF, Gabriela Lopes Tores. 

Uma segunda roda de conversa versará sobre o passado e o futuro da Mata Atlântica e contará com a participação dos doutores José Augusto Pádua (historiador ambiental, cientista político e professor da UFRJ) e Fabio Rubio Scarano (coordenador geral da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – BPBES e também professor da UFRJ).

Logo após será lançado o calendário de eventos do INMA para 2019 com o tema “Museu Mello Leitão: 70 anos trabalhando “ComCiência” e a exposição fotográfica Ciência em Verso, Prosa e Imagem, fruto de um projeto pedagógico realizado com alunos/as de escolas da região. Ao final acontece uma batalha de rap com MC’s de Santa Teresa, rimando o “Freestyle do Conhecimento”, e o batismo do Auditório do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, encerrando o evento com um coquetel.

 

 

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