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Atividades da CJP serão remanejadas para outra comissão, diz Arquidiocese

Catedral Metropolitana. Crédito: Dayana Souza/ESHOJE.
Catedral Metropolitana. Crédito: Dayana Souza.

Os funcionários e atividades da extinta Comissão de Justiça e Paz (CJP) de Vitória serão remanejados para a Comissão Sócio-Transformadora. A informação é da Arquidiocese da capital.

A Arquidiocese confirmou o fim da CJP, e disse que a Comissão Sócio-Transformadora, onde os trabalhos devem continuar, existe desde 2017, por um pedido do vaticano.

Tudo começou com uma foto publicada numa rede social, onde aparecem o Senador Magno Malta (PR), e o Arcebispo Metropolitano de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela. O registro seria de uma conversa entre os religiosos, que são contrários a legalização do aborto.

Após a publicação da foto, o presidente da CJP, Bruno Toledo, entregou o cargo ao arcebispo, em carta de demissão. Porém, a assessoria afirma que Dom Luiz já pretendia acabar com a CJP e associar os trabalhos a Comissão Sócio-Transformadora. Ele apenas aguardava o melhor momento para isso.

Em reunião na última sexta-feira (3), foi entregue a carta nominal para cada membro da CJP, informando sobre o fim da mesma. A Comissão Sócio-Transformadora é presidida pelo Padre Renato Cristi, que ainda deve se organizar em relação aos trabalhos.

A foto

DOM LUIZ E MAGNO MALTADiversas pessoas se manifestaram contra a publicação da foto com Magno Malta. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) emitiu nota lamentando o fim da CJP.

Leia também: Arcebispo de Vitória critica legalização do aborto e o PSOL; partido se defende

Segundo o partido, o arcebispo tenta “enterrar” os 40 anos de lutas sociais da Comissão, que protagonizou importantes histórias no Espírito Santo, especialmente nos “Anos de Chumbo”, onde foram acolhidos um enorme contingente de militantes perseguidos pela Ditadura Militar, em defesa da liberdade.

Já o Arcebispo disse, em nota, que recebe qualquer autoridade política que o procure, independente da opção político-partidária, religião ou crença. Segundo ele, isso não significa aprovação ou desaprovação de projetos políticos.

Confira as notas na íntegra:

Dom Luiz

“Tomei conhecimento da indignação de alguns padres e leigos, pelo fato do Arcebispo de Vitória do Espírito Santo receber, em seu escritório, um Senador da República que viera prestar-lhe solidariedade quanto à sua declaração em favor da vida e contra o aborto. Sim, recebi um Senador da República Brasileira, e, dialogamos com respeito como cidadãos e cristãos. Esclareço a todos utilizando-me do mundo virtual porque as críticas também foram feitas pelas redes sociais: recebo qualquer autoridade política que me procure, independente de sua opção político-partidária, religião ou crença. Isso não significa aprovação ou desaprovação de projetos políticos. Receber uma autoridade é uma questão de educação e não uma posição política. Dialogar é uma atitude muito presente nos apelos do Papa Francisco, na tentativa de criarmos e cultivarmos a cultura do encontro. O pensamento diferente não deve nos colocar em campos opostos, mas na perspectiva do acolhimento fraterno, atitude que se espera de qualquer cristão e muito mais de um bispo. As diferenças não devem se sobrepor às lutas que são comuns e umas não devem ignorar as outras. Lamento que as críticas venham de lideranças que falam de diálogo, acolhimento, justiça e transformação social e que estas não tenham discernimento para interpretar uma foto e um texto claro que relata as razões de um diálogo entre um Senador e o Arcebispo”. 

PSOL

Na última sexta-feira (3), o arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela extinguiu sumariamente a Comissão de Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de Vitória e destituiu todos os seus integrantes. Com a decisão, Mancilha tenta “enterrar” os 40 anos de lutas sociais da Comissão. O PSOL capixaba lamenta a extinção da CJP que protagonizou importantes histórias de lutas no Espírito Santo, especialmente nos “Anos de Chumbo”, acolhendo um enorme contingente de militantes em defesa da liberdade e perseguidos pelo regime militar. Nomes como João Batista Herkenhoff, Isabel Aparecida Borges, Professora Vera Nacif e Rogério Vello, entre tantos outros capixabas (de nascimento ou de coração), fizeram da defesa dos direitos humanos e da democracia uma missão de vida. É impossível relembrar das quatro décadas de serviços prestados pela CJP à sociedade sem mencionar Dom João Batista da Motta e Albuquerque e o bispo auxiliar Dom Luís Gonzaga Fernandes. Progressistas por convicção, ambos se dedicaram a aproximar a Igreja Católica das pautas sociais, como a defesa de moradias e dos direitos dos trabalhadores.A extinção da CJP por Dom Luiz Mancilha Vilela significa um preocupante retrocesso nessa história de lutas sociais da Igreja Católica. Retrocesso que se contrasta aos perfis progressistas de Dom Luís Gonzaga e Dom João. O primeiro é considerado “parteiro” das comunidades eclesiais de base no Brasil. Já o segundo é autor da célebre frase: “Só o povo salva o povo”, expressão que resume a história de luta do religioso. Nesse lamentável episódio que tenta pôr um ponto final nessa história de lutas da CJP, o PSOL também não pode deixar de registrar a coerência de Bruno Toledo em renunciar à Presidência da Comissão em repúdio à decisão de Mancilha de se aliar ao senador Magno Malta (PR), antagonista histórico da defesa de direitos. O PSOL parabeniza o ex-presidente da CJP pela sua coragem de seguir “o espirito que vivifica” e se solidariza com os demais membros que integravam a Comissão, nutrindo a esperança de que o brilho da luz lançada por Dom João, das trevas da ditadura, não se apague da história do Espírito Santo e siga iluminando o futuro das lutadoras e dos lutadores capixabas”. 

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