Ademir Lúcio Ferreira, acusado de estuprar e mata a menina Thayná Andressa de Jesus, em 2017, em Viana, confessou outro crime: o abuso de uma criança, de 11 anos, três dias antes da morte de Thayná.
A confissão foi feita durante audiência da CPI dos Maus-Tratos, no Ministério Público Estadual do Espírito Santo (MPES), nesta sexta -feira (25).
Essa também foi a primeira vez em que ele ficou frente a frente com a mãe de Thayná. Clemilda de Jesus foi quem pediu para falar. Em tom emocionado, e amparada pela polícia, ela desabafou sobre a falta de filha, morta quando tinha apenas 12 anos. Ela falou ainda sobre o dia em que tudo aconteceu e também sobre o desejo de leis mais severas para crimes de estupro contra crianças.
“Naquele dia eu saí para trabalhar e pedi que ela me fizesse um favor, e fosse buscar umas caixas. Eu trabalhava longe e a queria mais perto de mim. E ela foi. A última vez em que nos falamos foi às 8h24. Fui à delegacia a tarde, porque a escola dela sempre informava quando a criança não ia à escola. Mas nesse dia ela não chegou. Choveu muito no dia anterior, e meu aparelho celular estragou. Achei que minha filha tinha ido à escola. Às 18h, era o horário dela me ligar, não ligou. E eu já sabia que alguma coisa tinha acontecido. Encontrei crianças da escola e fui à delegacia várias vezes, até refletir que precisava fazer alguma coisa. Foi quando eu busquei ajuda”, comentou a mãe.
Clemilda afirmou que três dias após o desaparecimento, recebeu uma mensagem do pai da menina de 11 anos com uma foto de Ademir, informando sobre o estupro da filha no bairro Universal, em Viana. “Fui à delegacia e me disseram que uma coisa não tinha nada a ver com a outra, e que eu ficaria sabendo de muitas coisas”.
Ela disse ainda que doze dias depois, conseguiu duas imagens: uma na qual o carro de Ademir aparece parado durante 40 minutos na porta da escola de Thayná; e a outra em que ela entra no carro, no dia em que desapareceu.
Ademir Lúcio disse que não era ele quem dirigia o carro que aparece nas imagens, se disse ameaçado e torturado na prisão e que informou tudo ao Poder Judiciário. “O outro processo, sim, fui eu. Mas o da Thayná não é eu vou provar de todas as formas”, afirmou o acusado.