Dólar Em alta
5,258
16 de abril de 2024
terça-feira, 16 de abril de 2024

Vitória
27ºC

Dólar Em alta
5,258

Aridelmo Teixeira: “Quem quiser, terá a vaga de tempo integral”

 Empresário dos ramos da educação e tecnologia, doutor em controladoria e contabilidade, com experiência de 11 anos no Banestes e 17 como professor da UFES, Aridelmo Teixeira é o candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ao Governo do Espírito Santo. Ele nunca concorreu a cargo político e afirmou que vinha preparando sua candidatura ao Governo do Estado desde 2016, porém visando as eleições de 2022. Mas, com a desistência do atual governador Paulo Hartung (MDB) em concorrer, antecipou o processo.

O petebista abre a série de entrevistas com os candidatos ao comando do Poder Executivo estadual. Além dele, concorrem André Moreira (PSOL), Carlos Manato (PSL), Jackeline Rocha (PT), Renato Casagrande (PSB) e Rose de Freitas.

A principal bandeira do professor Aridelmo, como gosta de ser chamado, é a educação, sobretudo no que diz respeito ao projeto Escola Viva – que possui sua contribuição na implantação – o que considera um importante legado para o Estado. Dentre suas propostas ousadas, estão o oferecimento de um ensino médio de qualidade a todo o jovem capixaba que queira. “No final de quatro anos, quem quiser vai ter uma vaga de tempo integral no Ensino Médio, no modelo do Escola Viva. As pessoas estão pedindo. Essa é nossa meta”, afirma o empresário, que enxerga na educação a solução de problemas na segurança pública, saúde e até no meio ambiente.

Aridelmo Teixeira é o primeiro entrevistado da série de entrevistas de ESHOJE com os seis candidatos ao Palácio Anchieta. Confira na íntegra.

PH-e-Aridelmo-TeixeiraQuem é Aridelmo Teixeira?
Sou um cidadão comum, ontem. Até 15 dias atrás era aquele cara indignado atrás de uma TV vendo o que os políticos vem fazendo com os recursos públicos. Sou um cidadão que cumpro com minha obrigações e ainda faço meus projetos de responsabilidade social e cheguei à conclusão que isso era insuficiente. Cheguei à conclusão da minha responsabilidade individual: se eu quero mudança, eu tenho que ser essa mudança. E resolvi botar meu nome à disposição, para quem sabe ser o governador de nosso Estado a partir do ano que vem.

Você não é político de carreira e nunca concorreu a cargo político. Por que começar logo entrando num pleito para governador?
Vendo as demandas da sociedade, quando ouve às ruas, vê o que o povo tá querendo como sendo seu gestor, seu principal cargo executivo, quando olha o perfil que está sendo objetivado pela sociedade, eu tenho esses atributos. Tive sorte, mas trabalhei muito e consegui estudar, fiz doutorado na área de controladoria e gestão, sou um executivo bem sucedido profissionalmente; tenho um conhecimento grande da área pública. E como as mudanças demandadas pelo sociedade estava muito alinhadas com o que eu acho que tenho condições de fazê-lo , pelo que já executei até hoje. Eu realmente vi que alguém tinha que fazer. Porque a gente está acomodado em fazer, esperando que alguém faça por nós. Olhei e falei: Esse alguém sou eu. Mas não foi de repente, na realidade já estava trabalhando com um grupo. Faço trabalho de responsabilidade social há bastante tempo, nos últimos 8 a 10 anos me identifiquei mais na área da gestão pública, da educação pública, fui me contaminando com esse processo, ajudei a reconstruir um partido que pudesse oferecer uma candidatura à sociedade nos moldes que a rua está querendo, começando em 2013 e 2014. Fomos construindo esse processo e chegou a um ponto que chegou um vácuo que o governo atual, que vinha conduzindo as melhorias significativas de nosso estado com todo esforço, com receita caindo, mas conseguindo manter o estado numa direção que considerava num futuro melhor, ele realmente desistiu e quis passar essa bola para frente. Neste momento pensei que tínhamos que assumir essa responsabilidade, estou preparado, e se alguém tem que fazer, eu vou me dar essa trabalho de em quatro anos me colocar à disposição da sociedade capixaba.

Como avalia a atual gestão do Governo do ES?
É um trabalho que tem que se tirar o chapéu. Se pegar qualquer governo brasileiro, quando a receita cai enfia os pés pelas mãos. Olha 2014, a receita caiu, o que aconteceu? Olha o Rio de Janeiro… a receita caiu e os governantes não tem a capacidade, o compromisso com o fiscal. Se caiu a receita, todo mundo faz isso na sua casa: se tem dois empregados, um perdeu o emprego, caiu a renda, a primeira coisa que faz é olhar para as suas despesas e diminuir, se quiser continuar vivo. Na área pública, essa tradição não existe. Tem que avaliar o governo olhando o cenário. Então a receita do estado caiu quase 16% em termos reais. Parte da população que não acompanha o dia a dia acha que está faltando alguma coisa. Mas olhando dentro dessas restrições todas e olhando o que os vizinhos fizeram, que não fizeram trabalho duro que foi feito… É muito fácil ser populista, distribuir dinheiro que você não tem. Que acaba o seu mandato, você vai embora e deixa a conta pro outro pagar. E o governo optou pro sacrifício pessoal . Nesse aspecto de gestão, fazer o que foi feito, com a quantidade de dinheiro que teve, foi uma gestão extremamente exitosa, na minha avaliação.

Você se preocupa de sendo um empresário, professor, tendo uma reputação tão respeitada aqui, ser considerado um laranja nessa eleição?
Opinião todo mundo pode ter. Agora tem que provar que eu sou um laranja. Laranja dedicando 13, 14 horas do seu dia nessa causa eu acho bastante difícil. Que eu seria um spoiler pra ficar apanhando… Foi uma prática muito grande entre PT, PSDB, PSD, se organizaram para um dos três ganharem a eleições e ficarem na evidência. Mas com certeza não, sem sombra de dúvida.

Acha que este perfil de “outsider” está sendo atualmente mais valorizado? Acha que isso pode favorecer você no pleito?
Isso é uma demanda da rua. Quem acompanha o sentimento, botaram esse nome de outsider porque é alguém que não está contaminado pela política. Porque político eu sempre fui: em casa… é a arte de viver. Você faz política na igreja, faz política no bairro, no grupo de amigos. Todo mundo pondera o que fala e age em função do processo político. Então o que a sociedade gostaria de ver hoje é alguém que não está tão contaminado. Um dia um xinga o outro, chama de incompetente e no outro dia estão os dois abraçados, tirando foto. Isso foi virando um ódio para a sociedade, como se política fosse uma coisa ruim. Todo mundo, no fundo entende que sem política não vive e procura uma solução para política. E eu também, até dois meses atrás, era esse eleitor sentado e irritado do outro lado. Meus últimos 8 anos trabalhei muito em responsabilidade social, e entendi que só isso não é suficiente. Descobri que eu tenho minhas condições de dar minha responsabilidade individual. Meu sacrifício pessoal por uma causa. Então nesse sentido me coloquei à disposição. Alguns chamam de outsider, mas é inovação que as ruas estão pedindo. É isso que quero representar. É representar a onda que a sociedade criou, começou de 2013 para cá e eu quero efetivamente entregar esse produto para a sociedade.

Acha que isso pode fazer a diferença?
Não tenho dúvida. 55% do eleitor está à procura disso. Esse montante ou não vai na eleição, ou vão voltar em branco ou vão anular o voto, porque não conseguem enxegar a solução nessa quadro, nessa bagunça que os políticos tradicionais colocam. O que a população queria hoje era um botão pra apertar que deletasse todo esse passado político e começasse do zero. E eu sou essa alternativa.

O senhor já estava preparando a sua candidatura? Foi planejado ou foi por causa do vazio deixado por Hartung?
Estávamos planejando um vazio para daqui há 4 anos. Em fevereiro de 2016 fui procurado pelas pessoas que estavam assumindo o PTB no Estado, num grupo de empresário que estava incomodado com o processo. Começamos a conversar que em quatro anos o Paulo vai continuar e não tínhamos dúvida de que a sociedade vai entender e que os problemas enfrentados, não tinham como ser de forma diferente. Começamos a pensar como construir isso daqui há 4 anos. Fomos construindo o modelo, como seria. Quando chegou em março desse ano, tivemos alguns sinais de idas e vindas do comandante, mostrando dúvida entre continuar e não continuar. Daí começamos a preparar um plano. O grupo me convenceu que eu tinha que ficar de plano B, caso alguma coisa acontecesse. No dia que o Paulo anunciou, nós não sabíamos. Ficamos sabendo naquela reunião, junto com todo o secretariado. Em seguida os grupos de apoio se reuniram para que ele indicasse alguém. O presidente de nosso partido estava, surgiram dois nomes, que não foram para frente. E tinha um terceiro nome, que era o nosso. Ou seja, era uma coisa planejada. Isso que é a nossa vantagem. Construímos cenários A, B, C, D e tínhamos soluções para todos eles. Quando o cenário se consolidou, somente executamos. Já estava tudo bem encaminhado. Não foi improviso. Foi a antecipação de um projeto, num curso de tempo. O projeto tá na rua e tá de pé.

EscolaVivaSãoPedro_Vitória-1Você esteve prestes a assumir como Secretário de Educação no lugar de Haroldo. Estava pronto para aquela tarefa? O que o credenciaria a assumir a pasta?
Participo de uma organização empresarial como voluntário desde 2008. Essa associação tem uma mérito que tem um plano estratégico no Estado de longo prazo. Hoje olhamos para o plano e vemos como gostaríamos que o Estado tivesse em 2030 em todas as áreas. Temos planos de ação que nos ajudam a ter esse cenário objetivado. Dentro da educação, comecei a coordenar desde 2008. Eu tenho uma história na educação, no nível superior. Fui professor da UFES durante 17 anos. Então comecei a cuidar desse aspecto dentro do segmento empresarial. Começamos a fazer workshops trazendo especialistas para ver onde está o problema, pois a base da decisão é fazer um bom diagnóstico. Se consegue enxergar o problema com clareza é possível construir solução. Entendemos onde estávamos, quais eram o principais problemas e como ataca-lo. Com base nisso procuramos soluções e encontramos em 2014 através de estudo o modelo pedagógico e de gestão que começou a ser desenvolvido em 2002, em Pernambuco, bem sucedido, que coube no bolso do Estado e levou Pernambuco de 22º para 1º lugar no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), produzindo um aprendizado muito melhor. Contratamos esse modelo e implementamos em três escolas da Prefeitura de Vitória. Aprendemos com o modelo e fomos para o Estado, e foi implementado o Escola Viva. Coordenei esse projeto desde 2008 até agora. O principal papel do ES em Ação é preservar os projetos bem sucedidos de uma gestão para outra. Porque vem um governo e quer matar o que o outro construiu. Esse é o espírito do político tradicional brasileiro e não foge o capixaba. Quando Haroldo foi convidado, pensamos, e o nosso projeto no Estado? Então me dispus a cumprir os oito meses para entregar para o próximo secretário, porque se ele chegar lá sem a continuidade que está fazendo hoje, o projeto pode reduzir o seu ritmo. Foi aí que me coloquei à disposição. Saí da presidência do ES em Ação para fazer esse trabalho. Como a educação é nosso pilar central, não podemos fazer esse projeto correr risco. Aí que eu fui para assumir. O que me credenciava a fazer isso é acompanhamento progressivo desde a escolha à implementação de todos os projetos. Já visitei todas as 32 escolas, participo, faço reuniões mensalmente acompanhando o desempenho delas, onde estamos errando, onde pode ser melhorado. Isso me credenciou a assumir. Como larguei as coisas para poder assumir e em seguida o Paulo declinou de ser candidato, o nosso projeto entrou em cena.

Então a educação é a sua principal bandeira?
Eu quero ser eleito se a sociedade entender que o principal pilar dela tem que ser a educação. O problema da segurança pública está na educação. Quem está sendo assassinado e está assassinando são jovens de 16 a 24 anos e essas pessoas têm em comum que abandonaram a escola no ensino fundamental. Daqui há oito anos os alvos são quem está abandonando a escola. Se intervém nesse processo fazendo uma escola mais atrativa que consiga abrigar esse aluno para que ele não saia. Isso é investimento em segurança pública. Quando vai nos postos de saúde, grande parte dos problemas têm origem na falta de conhecimento, obtido em educação. Reduziria o custo do atendimento primário nos postos de saúde. Nossos problemas ambientais, grande parte deles vêm do descuido do descarte, daquilo que a gente consome: fala de educação. Todos esses problemas têm origem na educação de baixa qualidade. Quero convencer a sociedade nesses dois meses que ela tem que abraçar isso como sendo a causa dela. Se não resolver isso, o resto é enxugar gelo. Temos que otimizar recurso público e pra isso primeiro é acabar com a mazela da educação, que ela começa a resolver seu entorno e todos os outros problemas. Essa é a visão.

Por isso o senhor pensa em dissolver metade das secretarias?
Exatamente, porque são secretarias “enxuga gelo”. Você pega a Secretaria de Esporte, de Cultura, de Ação Social: isso tudo tinha que estar conectado com a educação. Isso gera diversos controles, autoridades separadas, sem projetos em comum. Quer um projeto mais importante para o esporte do que estar conectado com as escolas? No mundo inteiro é assim. Se voltar 30, 40 anos, as melhores disputas no Estado eram as que existiam entre escolas. Era ali que você começava a ver quem tinha o espírito esportivo mais aguçado para investir na carreira de esportista dele. Isso se perdeu. Há 40 anos o Brasil tinha 11 ministérios, e hoje tem 26 ministérios por que? Porque tem 14, 15, 18 partidos consolidados. Candidato que tem 18 partidos, o número de deputados federais dele hoje, ele vai eleger 3 ou 4. O resto vai procurar emprego nas secretarias. Ele tem que achar e vai criar um monte de “monstrengo”. Por isso fizemos opção de fazer coligações o mínimo dentro da lei, ganhando viabilidade mínima. Não temos nem um candidato que tenha mandato, que é a aclamação da rua. Toda a economia que temos tem um foco: melhorar a qualidade da educação, acabar com as mazelas. Com economia e otimização da educação, não precisamos de mais de 10, 11 secretarias.

A partir de quanto teremos a maioria dos alunos do Ensino Médio no Escola Viva? Quais as propostas para ensino fundamental e infantil?
No final de quatro anos, quem quiser vai ter uma vaga de tempo integral no Ensino Médio, no modelo do Escola Viva. As pessoas estão pedindo. Essa é nossa meta. O município que quiser, o Estado vai assumir o segundo ciclo do fundamental. E o município se concentra no primeiro ciclo do fundamental (até a 5ª série). No primeiro ciclo desgasta pouco com a capacidade do aluno, mas não fica tão longe do primeiro mundo. Com a concentração do município nesse foco, ele consegue resolver. O descalabro começa no segundo ciclo do fundamental, porque os município têm pouco recurso. Vamos assumir isso. A maioria do segundo ciclo que está na mão do Estado, o aluno termina melhor. Onde quiser teremos ter uma escola dessa no município e vamos ajudar o município a implementar. Vamos disponibilizar o recurso por aluno de escola de tempo integral que a prefeitura implementar, cedendo o modelo, material, treinamento para os professores e gestão para essas escolas. Assim podemos fazer uma escola do primeiro dia do ensino fundamental até o final do ensino médio. Na pré-escola, ajudamos o Estado em parceria com o BIRD, para financiamento de construção em equipamento de creches. A ciência nos mostra que para cada um real que gasta nessa idade, para ampliar o aprendizado na mesma potencialidade, depois dos oito, gasta cinco a seis reais para absorver o mesmo conhecimento. Cada real é ali na pré-escola que tem que colocar, onde está se formando as sinapses da criança. Ali que tem que investir pesado, pois ali garante a potencialidade que a natureza deu à criança. Para isso vamos trabalhar. Vamos fazer isso juntos. Já pensou poder trabalhar e deixar a criança o dia inteiro bem cuidada do dia que você começou a trabalhar até ele terminar o ensino médio? Em oito anos você não ter mais jovem morrendo, sendo assassinado e nem assassinando. Porque vão estar com perspectiva de vida. Esse projeto tem que ser tão grandioso que ele tem que dar um projeto de vida para as pessoas. No Escola Viva, a primeira coisa que se faz com o jovem, é construir seu próprio projeto de vida: quem eu quero ser. E com base nesse projeto você vai estruturando seus aprendizados e seus conhecimentos.

Educação é médio e longo prazo. Para agora, como manter o ES no caminho do desenvolvimento econômico?
Estamos falando de nosso planejamento de longo prazo. No médio prazo temos que ter medida de intervenção o mais eficiente possível para conter o problema. Essa medida é aumentar a oferta de emprego. Temos 230 mil desempregados no ES, e precisamos melhorar o ambiente de negócios para isso. Primeiro temos que garantir empregos, valorizando o empreendedorismo, a economia criativa. Tem que garantir que se empreender, os contratos vão ser respeitados, o governo não vai fazer bobagem e sair gastando mais do que arrecada, porque aí destrói o empreendedorismo. Quanto mais consolidado for esse meio ambiente de negócios, mais capacidade o empreendedor terá. Quem gera emprego são essas pessoas. Tem que criar um ambiente de negócios saudável se possível crescendo a receita do Estado e reduzindo a carga tributária. Nosso compromisso é não aumento de custeio enquanto não tivermos reduzido o problema da saúde, da educação que vão refletir diretamente na segurança pública.

Qual é a solução na segurança pública?
Na segurança pública é inteligência, tecnologia. Isso para reduzir o risco desse policial que está entre o agressor e a sociedade. Esse dinheiro vem da redução de custeio. O dinheiro para isso vem da eficiência na gestão, redução de custeio e melhoria no gasto público.

E na saúde?
Temos que ter tecnologia também. A fila de exames tem que ser online. Você tem que saber quem é o próximo. Ninguém sabe qual é essa lista porque não tem tecnologia. Vamos usar isso para controlar a fila e acabar com ela. Depois disso saber, quantos profissionais tem para tender? Qual é a capacidade diária? Tá sobrando nesse posto? Às vezes tem profissional num posto sobrando e a demanda está em outro. Isso se faz com gestão tecnológica a serviço da eficiência no gasto.

Tem proposta para aumentar a oferta nos atendimentos e cirurgias especializadas?
Sim. Esse problema começa lá embaixo. É preciso ter um programa de assistência à família. A parte ultra especializada que é o topo tem que ficar concentrada. O nível básico temos que instrumentalizar as prefeituras. Hoje o cara pode estar com o smart fone dele na mão e o atendimento pode ser feito pelo Skype, já sabendo quem o paciente é, já acompanhando, não precisa estar com ele todo o dia. Posso usar tecnologia para fazer o atendimento muito mais rápido. Porque reduz custo. Esse processo temos que trazer para o dia a dia da saúde. Tem que investir em tecnologia. Queremos fazer a modernização na saúde.

Como o turismo será trabalhado na sua gestão?
O turismo tem dois momentos. Qual cidade turística você encontra que os restaurantes fecham às 15 horas num domingo? É uma cultura. Uma capital em que o supermercado não abre ao domingo, o shopping começa a funcionar as 15 horas… estamos trabalhando para o turismo? Você vai para a montanha, pega a BR 262, o cara vai uma vez não volta nunca mais. Turismo não vai cair do céu. Tem que começar a discutir sério com a sociedade. Temos coisa muito melhor que muito lugar do mundo em termos de natureza. Mas quando olhamos para a estrutura profissional por trás, para atender, não dá. Vira e meche pegamos uns gringos por aí sem saber para onde ir. Porque o volume de prestação de serviço para falar inglês com ele é praticamente zero. A cidade ainda não incorporou o espírito e cabe à classe empresarial desenvolver. Quem desenvolve o turismo é a iniciativa privada. O Estado pode não atrapalhar, construindo estradas razoáveis, reduzindo insegurança, melhorando índice de qualificação da população. Temos que fazer um ambiente propício para o turismo, através de um conjunto de ações.

Aridelmo TeixeiraMobilidade urbana: qual a sua proposta para diminuição dos gargalos nas vias capixabas?
Não adianta fazer estrada a mais e alargar estrada. Chegamos à conclusão que cada metro de pista é um carro a mais que vai entrar ali. Então quando olhamos para frente a expectativa é a economia compartilhada. A tendência do mundo hoje é largar de ter seu próprio carro e usar o carro comunitário. É cultural. Abandonei meu carro tem dois anos. Só uso de aplicativo. Economizei 80% por ano por não ter um carro. Vou onde eu quero, quando eu quero. Arranjei um emprego pra ele. Meu carro andava 12 mil km por ano, ocupava 15 m² onde estivesse. É preciso melhorar o transporte público. Precisamos trabalhar para mudar a cultura e investir no transporte público e na economia compartilhada. Hoje tem aplicativo que tem grupos de pessoas que compartilham a carona, fazendo carona solidária. Essa é a solução, na cultura e na tecnologia. Conseguimos fazer um transporte público de qualidade investindo em infraestrutura de transporte público.

Quais são suas propostas para cultura e esportes?
Têm que estar atrelado à educação. Hoje fazemos teatro no Espírito Santo com 12 ingressos e fica vazio. Isso porque nós não ensinamos às nossas crianças a vivenciar teatro. Fazer uma coisa desassociada não resolve. Você chega nas grandes capitais do mundo e enfrenta fila para assistir teatro que às vezes tem lá 20 anos de peça e continua cheio. E não conseguimos fazer porque não está na nossa cultura, não se vivencia isso até chegar a idade adulta. Cultura tem um papel muito grande na formação do cidadão e não pode estar descolado do ambiente escolar. Um cidadão completo tem que ter cultura de todas as artes. Isso é num comando só junto com a secretaria de educação. E o esporte também. O exército de 85% dos jovens capixabas está na escola pública. Escola fechada no sábado, porque não ter uma parceria da comunidade com a escola para usar a quadra, por exemplo, fazer o envolvimento das duas pastas para que as coisas funcionem? Então esporte, cultura, assistência social têm que ser um só garantindo que o menino fique na escola assistido plenamente, investe em segurança de longo prazo, em ambiente de negócios de longo prazo – com cidadão mais produtivo – e começa a ter mais possibilidade de construir o Brasil do futuro.

Qual foi a sua avaliação sobre as coligações montadas?
O nosso posicionamento foi de ouvir as ruas. A rua quer clareza no seu processo. Temos que ser coerentes. Quando fomos observando aquele trampolim, quando sento com fulano, assino um termo de compromisso, sai correndo, vejo qual que ficou melhor pra mim… Ninguém estava pensando no eleitor, estava pensando no seu umbigo. Político não quer ser eleito, quer ser nomeado. Quer montar uma coligação que garanta que vai ser eleito ao invés de ir lá, se expor e conversar com o eleitor. Nós fizemos essa opção de nos expor e conversar com o eleitor. Nosso projeto é: se o eleitor entender, eu quero ser eleito. Se não entender, eu não preciso ser eleito, porque não vou conseguir realizar. Então tenho que ter tempo e clareza para conversar com ele. Todo mundo vai ter que se esforçar. Não tem mágica. Cada fatia tem um corporação por trás defendendo a sua fatia. Vira uma guerra. Quantas pessoas vou ter que suportar depois do processo eletivo? Só a sociedade. Quais interesses vou ter que defender? Só os da sociedade. Foi essa a nossa opção. Tem gente que acha que já está eleito, porque acha que montou uma coligação que é imbatível. Porque querem ser nomeados e não disputar a eleição. Quem entrou na nossa coligação todo mundo sobrevive profissionalmente, não precisa do mandato para sobreviver. É o contrário, tem gente abrindo mão da sua atividade profissional, para ficar quatro anos à disposição do público, resgatando o verdadeiro papel de servidor público. Tá claro o nosso modelo.

Vocês vão ter muito mais trabalho, porque vão ter que conversar mais com eleitor, gastar mais sola de sapato e ter menos tempo nas mídias. Frente à coligação do Casagrande, com 18 partidos, parece que a sua coligação montada com o PMB é insignificante. Existem chances práticas de vitória?
Se eu respondesse que não você teria que me internar num hospício. Vai dar muito trabalho e é por isso que estou aqui. Não quero ser nomeado, quero ser eleito. E para isso, tem que trabalhar, conversar com o povo. Nossa candidatura já veio das ruas. Começamos a organizar tem dois anos. Estamos dispostos a trabalhar. Quem quer ser nomeado monta coligação grande. Quem quer ser eleito, tem que trabalhar. Eles não querem ter esforço. E eu quero. Quero gastar esses 52 dias que ainda faltam fazendo isso. Sentindo o povo e olhando o que eles querem. Fazer o certo é muito mais difícil do que fazer o fácil.

Quais são as estratégias nessa campanha eleitoral?
Pesquisas estão indicando que 46% do eleitor está se alimentando exclusivamente das redes sociais. 36% vão utilizar TV, incluindo telejornais, debates, programa eleitoral. Quando vai para o eleitor que não tem candidato, e está pensando em não votar, que são 55%, estão nas redes sociais. As campanhas milionárias não vão existir. Quem fizer vai ter que explicar de onde está vindo o dinheiro. Podia pegar o meu dinheiro e fazer, mas não vou fazê-lo. Quero trabalhar com a sociedade. Se ela entender que o projeto é útil, vote em mim. Se não, não vote. Vamos utilizar internet. Todos os dias nós fazemos um comunicado na internet.

De onde está vindo o dinheiro da campanha?
Nós vamos jogar com as regras eleitorais. Dentro das regras tem um dinheiro que vem do fundo partidário. Para o nosso partido hoje são R$ 680 mil, sendo 30% para as mulheres e 70% para os homens. Estamos dividindo de forma igualitária. Quem tá no estadual recebe todos iguais. Também estamos trabalhando com crowdfunding na internet. Não vai ter meu patrimônio pessoal e nem Caixa 2. Não vamos gastar um centavo que não esteja registrado legalmente.

Especificamente para governador vão gastar quanto?
Hoje, desses R$ 680 mil, só R$ 60 mil ficou para a chapa majoritária que é governador, vice e os dois senadores.

O que tem a dizer sobre o vice e os candidatos a senador?
Eu tenho uma experiência em gestão forte e em educação. As outras duas maiores demandas da sociedade são segurança e saúde. Então procuramos alguém especializado na segurança ou na saúde e que conhecesse o dia a dia das pessoas. E dentro desse programa vem a doutora Jéssica. Que é uma médica, profissional autossuficiente financeiramente, não precisa de política para sobreviver, com grande conhecimento na área pública, pois atuou como médica na saúde pública há muito tempo. Juntamos essas duas características, cobrimos 80% da demanda da sociedade por resolvermos os problemas que já não deveriam existir na sociedade brasileira, dado que o Estado arrecada 35% do PIB.

E os senadores?
É uma chapa completa em termos de matizes da sociedade. Um é o Rogério que tem uma história de vida bacana e uma liderança muito grande em seu meio. Mesmo com todas as adversidades conseguiu estudar, formar e hoje é advogado, tem escritório, trabalha, é autossuficiente financeiramente, tem uma comunhão muito forte com os movimentos das classes que ficaram à margem do processo de desenvolvimento da sociedade brasileira. O outro é voltado para a agricultura. Um engenheiro do Crea que conhece muito bom o processa da agricultura familiar, que é 6% a 10% do PIB do Estado, e que tem muita dificuldade de sobreviver. Mas ao mesmo tempo todo mundo da Região Metropolitana depende dessa economia para sobreviver. Todos são profissionais que podem devolver serviço para sociedade. Assim fechamos a majoritária.

Caso eleito o senhor montaria uma equipe com muitos homens da iniciativa privada?
Não necessariamente. Nós precisamos fazer um processo extremamente técnico de escolha e que vença o melhor. Estou propondo o processo seletivo às cegas. Você pega um currículo igualzinho, bota o nome de uma mulher em um e um homem em outra e dá para uma equipe. 70% das vezes seleciona o homem. A equipe seletiva ela ouve tudo, não vê a pessoa, para ver o estereótipo, para não ter esse tipo de preconceito. No ES tem muita gente competente que está à margem do processo. Dentro do serviço público tem talento sobrando, só está mal aproveitado. Não tem a prerrogativa de ser público ou privado. Quem está ali dentro só precisa ser motivado. Se ele tiver comprometimento com as habilidades necessárias é preferível pegar um cara de dentro do que de fora.

Cargo político o seu governo então vai ser coisa mínima?
Só se for muito competente. Ele vai participar do processo seletivo como outro qualquer. Eu vou fazer as entrevistas. Preciso que as pessoas entrem com o gás que eu estou de fazer quatro anos fantásticos e com muito trabalho. É um dia atrás do outro.

Qual é a sua visão sobre a participação capixaba na Câmara Federal e no Senado?
Nossa participação é extremamente pífia. De cada real que o ES manda em Brasília, volta para nós de investimento federal 10%, 11%, 15% quando somos muito bem sucedidos. O Acre recebe 20 vezes o que manda para a União. Isso é eficiência de bancada. Toda a vez que nossa bancada se une, ela tira coisas interessantes e traz para o Estado. Olha o exemplo da Vale, resolveram tirar um investimento que é daqui. Se você não for lá e meter o pé na porta, não acontece nada. Tem que brigar. Pega o caso da Secretaria de Educação (Haroldo Rocha iria para o MEC), olha o que a bancada de Minas fez: mete o pé na porta e falou “esse cargo é nosso” e nomeou o cara. Nossa bancada fez o que? Já somos 10, somos poucos. Se conseguirmos trabalhar isolados, aí não tem chance nenhuma. Temos que ter reuniões periódicas entre executivo e legislativo federal e senadoras, para todo mundo trabalhar numa causa única. Aí começamos a ganhar força. É mais falta de liderança e unidade do que de volume. Esse jogo é vencido com muita articulação e união. Se unido já é difícil, dividiu, já perdeu o jogo. Temos que melhorar o relacionamento da bancada para unificação dos discursos, para que todo mundo possa fazer.

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas