O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) recomenda cuidado redobrado com os materiais hospitalares descartáveis. Em comunicado nesta quarta-feira (17), um dia após a Polícia Capixaba deflagras a operação Lama Cirúrgica, denunciando venda desses materiais em reuso e com irregularidades, a instituição informou que sempre recomenda atenção especial com a entrada e saída desses produtos nos hospitais.
“Esses materiais exigem coleta diferenciada, tanto os que estão com prazo de validade vencido quanto os que já foram utilizados. É de fundamental importância que o fluxo de entrada e de descarte de todo material médico-hospitalar seja revisto pelas unidades hospitalares, a fim de evitar riscos aos pacientes e transtornos de toda ordem. O CRM-ES também orienta para a suspensão, de imediato, do uso de qualquer material fornecido pela empresa investigada Golden Hospitalar, acusada de adulteração e reutilização de material cirúrgico descartável”.
Três pessoas ligadas a Golden foram presas na operação. Eles são acusados de reprocessar, falsificar e fornecer materiais médicos hospitalares descartáveis usados como sendo novos. O material, com rótulos adulterados, era usado em hospitais particulares da Grande Vitória. Foram presos os empresários Gustavo Deriz Chagas, 41, e Marcos Roberto Krohling Stein, 37, além do enfermeiro Thiago Waiyn, 36.
Segundo as investigações, a empresa tinha todos os documentos em dia e funcionava de maneria regular, mas reprocessava e distribuía materiais cirúrgicos ortopédicos descartáveis para hospitais privados da Grande Vitória. Um deles está localizado no município da Serra. A polícia não informou quantos, ao todo, recebiam esse material. Quatro tipos deles, entre agulhas e fios cirúrgicos, foram reutilizados 2536 vezes.
Essa foi a primeira fase da operação. O secretario de segurança pública, André Garcia, disse que a investigação começou em 26 de outubro de 2017, após uma denúncia anônima. Informou que o esquema criminoso não é um caso isolado, mas uma prática. Não está descartada, por exemplo, a participação de médicos.
O reprocessamento de produtos é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).Além de ser infração sanitária, a prática pode elevar os riscos de infecção ao paciente, bem como acarretar falhas na utilização do produto, perda de desempenho, retenção de corpo estranho, intoxicação, entre outros.