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André Garcia: assaltos aumentaram, mas a polícia está nas ruas

andre_garcia_e_edvaldo_martineli_secretarios_de_ph_dayana_souza__1_-106819O ano de 2017, em todo o Brasil, o estado do Espírito Santo ficará marcado como o estado que viveu a pior crise na área da segurança pública – se já não bastasse todos os problemas que junto com o resto do país o estado vive. A paralisação das atividades da Polícia Militar (PMES) aconteceu entre os dias 3 e 25 de fevereiro, desencadeando série de crimes por todo território capixaba, com centenas de homicídios. O movimento, oficialmente acabou. Mas, para a população, nada voltou ao normal.

Cinco meses após a “greve”, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do ES, André Garcia, garante: não existe “greve branca” e as polícias estão na rua. “Não existe greve branca, absolutamente, não trabalho com esta possibilidade. Estamos conversando sempre com todos os representantes da categoria, por mais que haja esses movimentos e gente interessada nesse tipo de situação, não temos esse movimento caracterizado no estado. Muito pelo contrário, tem muita gente trabalhando, muitas operações sendo feitas inclusive de apreensão de armas e prisões, no nível que tínhamos antes de fevereiro”, afirmou ele.

Com o desafio de responder aos questionamentos da população, o chefe da Sesp recebeu a reportagem de ESHOJE na tarde da última terça-feira. As perguntas foram feitas pelos internautas por meio da rede social Facebook.

ESHOJE: Secretário, faça um panorama da segurança publica no ES.
André Garcia: Eu estou a frente da pasta há, pelo menos cinco anos – nove num conjunto de passagem pela segurança e por outras duas secretarias – e posso afirmar que nós caminhamos bastante no quesito planejamento, execução das ações que estavam estipuladas no planejamento inicialmente feito para a segurança publica  do estado. Se a gente pensar que nem tanto tempo assim, nós não tínhamos um programa de segurança no estado do ES. Nós tínhamos problemas com relação aos homicídios que colocavam o estado do ES figurando entre as primeiras colocações no país. Nós pensávamos nos problemas logísticos com a policia, tínhamos problemas básicos e elementares na formação dos policiais… Acredito que a gente evoluiu bastante.

Agora, esse é o campo da política publica que está muito mais sujeito as críticas, porque a segurança trata do dia a dia do cidadão. Ela conecta com uma série de questões e variáveis que muitas vezes não estão sob o controle do gestor do policial, questões sociais correlatas, falhas do sistema educacional e outras falhas que de certa forma deságuam no trabalho da polícia.

ESHOJE: Mas a população não sente esse avanço…
Do ponto de vista geral, acredito quer a gente avançou bastante em alguns indicadores, a gente precisa sempre avançar, mas avançou bastante em alguns indicadores, especialmente na questão dos crimes letais intencionais, notadamente os homicídios. Estamos vivendo hoje um problema brasileiro, que é um problema de todos os estados da federação com relação aos crimes contra o patrimônio, um aumento dos crimes contra ao patrimônio. Isso está generalizado praticamente no país inteiro, em função de diversos fatores, nós poderíamos pensar, por exemplo, na questão da crise econômica, mais de 14 milhões de desempregados. Isso tem seus reflexos, a questão do tráfico de drogas impacta na sensação de insegurança da população, quantidade de moradores de rua, enfim, questões que dialogam e se conectam com a segurança, não necessariamente devem ser resolvidas pela segurança, mas que causa o sentimento que falta muito por fazer.

ESHOJE: Tem dados sobre o aumento de roubos a patrimônio?
Estamos fazendo o levantamento agora, mas há indicativo, na maioria dos dados que vi, que tivemos aumento de crimes contra o patrimônio no estado no inicio deste ano.

ESHOJE: O policiamento nas ruas foi reduzido? No município da Serra, por exemplo, que está entre as cidades mais violentas do país, são constantes as ocorrências de assaltos até a unidades de saúde e creches.
É preciso, as vezes, separar essas ocorrências, que algumas delas referem-se a arrombamentos. Situações que, as vezes, são causados por falta de vigilância no local. Isso não quer dizer que não tenha que ter policiamento e investigação desses casos. Mas o que mais incomoda e causa transtornos são assaltos, furtos e que nós estamos com foco nesses para impactar, seja no aumento da presença policial, seja no numero de operações voltadas para coibir crimes contra o patrimônio.

ESHOJE: O número de delegacias reduziu, por meio de fusões ou fechamento mesmo. Isso aumenta a sensação de medo da sociedade?
Não tivemos DPJ, hoje chamado de regional, que fosse desativado. Temos alguns casos de delegacias distritais que vão ser fundidas, segundo planejamento da chefia de Polícia Civil, para melhor atender a população. Temos que adequar a polícia, como a todo serviço público, ao orçamento. Não é possível fazer algo além do que podemos custear. Dentro deste contexto, mas com a premissa de manter o serviço com qualidade, é que a PC está fazendo este planejamento e que será apresentado brevemente para a gente fazer adequações – manter unidades, fundir outras – para que a estrutura policial responda da melhor forma possível diante do orçamento que temos à disposição.

policia_civil__goiabeiras___bruno_barros__10_1-129340ESHOJE: A categoria e os sindicados de policiais civis estão participando da elaboração do planejamento?
Este planejamento é feito pela Chefia da Polícia Civil.

Edmar De Carvalho Xismendes: Por que o sistema de policiamento mudou? Por que não os vemos mais em duplas pelas ruas e avenidas parados em locais estratégicos? Antes, se você passava o dia em determinada região, como Campo Grande ou Centro de Vitória, sabia onde costumeiramente estava a polícia. Hoje não mais.
Essa é uma questão muito de percepção, mas o sistema de policiamento não mudou. Existem os mesmos processos de policiamento utilizados, desde o a pé, bike, moto, viaturas. A nossa vocação no Espírito Santo e a orientação da Sesp é que quanto mais tivermos policiamento preventivo de referencia para a população, melhor. Isso inclui duplas de policiais a pé e os demais. Todas as estratégias desenvolvidas hoje levam isso como premissa: equilibrar o atendimento de ocorrências com viaturas e aumentar a capacidade de prevenção com esses processos que não foram extintos. 

Camilo De Brito Agadil e Andreia Vaz: Secretário, por que você não intervém junto ao governo e pede pra ele valorizar os policiais, dando condições para eles trabalharem com maior segurança? Ofereça pra eles armas melhores que as armas dos bandidos, ofereça viaturas compatível e tire das ruas essas sucatas velhas. Se quer combater a bandidagem dê condições para os policiais.
Isso é um mito disseminado pelo censo comum. A nossa policia tem armas adequadas para o seu trabalho. Não vivemos aqui realidades como as do Rio de Janeiro, em que há armas de guerra a disposição dos bandidos. Isso não quer dizer que por aqui não há bandidos com fuzis, tem sim, fazemos regulamente apreensões. Mas nossas polícias também têm fuzis. Nossa polícia tem viatura que adquirimos recentemente. Nossa policia tem equipamentos de proteção individual. A questão da valorização passa muito além disso e estamos avaliando atendimento do policial, como vai ser feito e aperfeiçoado daqui para frente. Como fazer com que o policial se sinta amparado pela corporação. Vamos mais pra frente, melhorando o cenário econômico, encarar a questão do reajuste salarial, que eu acho importante não só para o policial mas para todo serviço público. 

protesto_pmes_mulheres-217266Julio César Passos, Leandra Lopes Moreira, Thais Rocha, Luciana Gloden, Manoel Nunes de Oliveira, Thayná Macedo Lunz, Alcionis Ennes, Samyra Rangel Gomes, Iolanda Rodrigues, Mauricio Jose Ventorim, Guida Neves: Depois do movimento da PM, em fevereiro, a força policial desapareceu das ruas. Onde estão policiamento? Onde está a polícia na Grande Vitória, Nova Venécia, Guarapari, Conceição da Barra e todo estado?
Nós estamos trabalhando para que a população melhore esta sensação e tenha referencia policial, por isso adquirimos novas viaturas, vamos adquirir mais para a PMES; além de equipamentos básicos de proteção individual, coletes – ainda se dissemina a mentira de que nem todos os militares têm coletes, mas todos têm – adquirimos mais de 3 mil e distribuímos para a PMES e é nossa obrigação mesmo, porque é um equipamento importante. Todas as estratégias nossas hoje, e desde fevereiro, estão voltadas para o policiamento ordinário como nós tínhamos. Agora todas essas queixas são recorrentes, inclusive de períodos anteriores a fevereiro. Não tem muita novidade na queixa e não foi o fato de ter acontecido o movimento que piorou ou melhorou o cenário. Mas temos que melhorar sempre, porque a segurança pública é um serviço que não se pode dormir no ponto, mas estar sempre presente e se mostrando para a população se sentir mais segura.

ESHOJE: Existe greve branca das polícias civil e militar?
Não, absolutamente, não trabalho com esta possibilidade. Estamos conversando sempre com todos os representantes da categoria, por mais que haja esses movimentos e gente interessada nesse tipo de situação, não temos esse movimento caracterizado no estado. Muito pelo contrário, tem muita gente trabalhando, muitas operações sendo feitas inclusive de apreensão de armas e prisões, no nível que tínhamos antes de fevereiro.

Luiza M L Marcos e Luciana Efésios: Concurso público para as polícias civil e militar, quando vamos ter no estado?
Estamos trabalhando para isso. Assim como a lógica do reajuste salarial, o governo vem trabalhando e se preparando. Assim que tiver folga no caixa, vamos fazer concurso para PM, PC e Bombeiros.

Elizabeth Lopes: o senhor tem a sensação de dever cumprido, acha que está fazendo o um bom trabalho pelo estado?
Eu sou ex-militar da força aérea, sou procurador de estado de carreira há 18 anos e estou secretario de segurança. Estou aqui porque gosto do que faço, mas não porque preciso, mas é uma característica pessoal minha: nunca fiquei satisfeito com nenhuma das minhas profissões. Procuro sempre fazer o meu melhor, infelizmente a gente não consegue fazer tudo o que pretende, mas sempre estou à disposição para fazer o meu trabalho da melhor forma possível. 

Gessia Aguiar: O senhor acha que o ES em todo é um estado que possa ser considerado seguro?
Nós vivemos num país inseguro. Um país que responde por 10% dos homicídios do mundo. Nenhum secretário de segurança teria condições de dizer isso hoje. E o que a gente tem que fazer é trabalhar para que a população se sinta mais segura, fazer com que o serviço de segurança publica seja mais eficiente e trabalhar constantemente na questão subjetiva, ou seja, no sentimento e na efetividade, apresentando resultados.

Wayne RM: Vc anda armado ou com seguranças armados?
Tenho porte de arma, mas vivo como qualquer pessoa. Saio com minha esposa sem segurança particular. Estou sujeito aos mesmos perigos que o resto da população. 

ESHOJE: O fetivo da PM é de cerca de 9,3 mil homens. Quantos não estão nas ruas para ficar à disposição do administrativo e de autoridades?
A PMES tem um percentual muito baixo de efetivo indisponível neste sentido, apenas o normal, como férias, dispensa médica, mas para a finalidade administrativa são poucos. Recentemente editamos uma lei para fazer voltar policiais de outros poderes e está em plena execução. Estamos substituindo militares da ativa por da reserva nos poderes. E estamos atentos às aposentadorias anuais e discutindo com o governo para realizarmos concursos menores, mas que deem conta das saídas anuais, para não reduzir o efetivo que se tem hoje.

ESHOJE: Durante o aquartelamento da PMES, falou-se muito que membros da corporação patrocinavam o movimento. Tudo já foi desvendado, ou ainda se investiga uma “banda podre” na PMES?
A nossa toada é outra, é uma toada de trabalho e de continuar as nossas ações para a população. Agora, existem questões que estão sendo apuradas pela Corregedoria, delegacias de homicídio. A nossa intenção é virar esta página, continuar o trabalho, mostrar para os policiais que nossa proposta não é perseguir, muito pelo contrario. A orientação é que os processos administrativos sejam individualizados e que seja aplicada a justiça e não uma caça as bruxas de dentro da PMES

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