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Amamentar. Você consegue, você pode e é capaz

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A coluna de hoje é sobre um tema que eu amo: amamentação. E o motivo de escrever sobre isso hoje? Nem precisaria ter um específico, mas tem. É que de 1 a 7 de agosto acontece a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), em 120 países, incluindo o Brasil. O objetivo é dar visibilidade a amamentação, incentivando todos os grupos do mundo a trabalharem o tema na prática e a colocá-lo na mídia para ampla divulgação. E como eu super levanto essa bandeira, não poderia deixar de dar minha contribuição.

Bons motivos pra amamentar não faltam, mas sabemos que muitas mulheres não conseguem ou desistem pelas dificuldades, que podem ser muitas diga-se de passagem. É aí que entra pra mim o tripé mais importante da amamentação: a informação, o empoderamento e a rede de apoio. A mulher que deseja amamentar precisa se informar durante a gravidez, estudar mesmo. Conhecer os possíveis problemas que podem ocorrer e saber identificá-los, conversar com amigas que já tiveram filhos, encher a obstetra de perguntas, fazer cursos sobre amamentação, contratar uma consultora se for o caso e por fim, escolher um pediatra que incentive o aleitamento. Pode parecer estranho, mas diante as dificuldades, isso fará toda a diferença no sucesso da sua amamentação.

E além de se cercar de conhecimento, nada como a prática não é mesmo? Então é importante que quem estiver ao seu lado também tenha acesso a essas informações e saiba o quanto amamentar é importante pra você. Sabe por que? Essa pessoa, seja ela quem for, precisa te incentivar e saber como te ajudar. E se nada sair como planejado, tenho uma dica que pra mim foi fundamental. Banco de leite. Sempre brinco que ainda vou tatuar no braço, “Banco de leite é vida”, pois é assim que penso e assim foi pra mim. Sempre bato na mesma tecla com minhas amigas. Saiu da maternidade, passa direto lá pra receber informação e saber se está fazendo tudo direitinho. Ah, você também receberá apoio, incentivo e carinho, mais que fundamentais nesta fase.

S

Tenho dois filhos e com cada um tive problemas distintos. O primeiro não ganhava “peso suficiente” de acordo com o pediatra da época, que insistiu até o fim que eu precisava complementar, pois estava prejudicando meu filho. Quem já passou por isso, sabe como é desesperador ouvir isso de alguém, além do mais do profissional de saúde que você confiou para te orientar sobre seu filho. Somado a isso vem a pressão social, familiar. E a decisão cabe só a gente. E aí, insistir no meu propósito e de repente “matar meu filho de fome”? Exagero né? Pois eu ouvi isso sim, com todas as letras. E diante de todo o estresse e pressão que uma marinheira de primeira viagem poderia sofrer, eu cedi. E só pra resumir a história, ele seguiu sem ganhar o tal “peso suficiente”, mesmo com complemento. Na verdade, hoje eu sei que ele ganhava o suficiente pra ele e que não, não havia necessidade de complementação. Aí você se recupera de tudo e promete, no segundo será diferente.

E realmente foi. Enquanto com o Bernardo tinha tido apenas aquela esfoliação inicial que logo passou, com Henrique vieram fissuras, fungos e mastite. Muita dor, muito remédio, muito sofrimento. Amamentar não foi fácil, mas me mantive firme no meu propósito. Ninguém me obrigou, mas fiz por mim e por ele, pois sabia que era o melhor a ser feito. E com o tempo a dor física foi passando, tudo vai cicatrizando, mas aí surgiram outras questões, como por exemplo, a APLV do meu filho, que já contei aqui. Com esse diagnóstico, entendi porque ele mamava sem parar a ponto de ter me machucado tanto. Eu juro, era a cada meia hora. Ele mamava e em seguida colocava tudo pra fora, pois tinha muito refluxo, e eu dava de novo pra ele parar de gritar. Foram dois meses nesse ciclo enlouquecedor e que parecia não ter fim. Mas com a exclusão da minha dieta do leite e derivados, as coisas começaram a se ajeitar. E em nenhum momento eu pensei em desistir diante as dificuldades, estava empoderada o suficiente e bem informada. Isso fez a diferença. E também não julgo quem desiste, pois realmente não é fácil.

Definitivamente amamentar não foi um mar de rosas pra mim, mas como eu sinto saudades, como amei cada momento alimentando meus pequenos. Como queria ter amamentado muito tempo. Infelizmente os dois largaram o peito, precocemente e sozinhos, aos oito e 10 meses, respectivamente. Exatamente no dia que entraram na creche e ficaram um período mais longo sem a mamãe. Claro que isso não é padrão, não mesmo. Já vi mães viajarem por dias e ao retornarem os filhos mamarem lindamente. Mas aqui foi diferente e só me restou aceitar. Não foi fácil e nem rápido, demorei pra assimilar tudo, mas graças a Deus hoje consigo falar e contar essa história sem problemas.

E diante da minha experiência eu digo, nem sempre as coisas acontecem como sonhamos ou planejamos. Por isso, meu lema após passar por isso tudo e que sempre falo com minhas amigas é: se a sua vontade for amamentar, faça o seu melhor, vá ao seu limite, busque ajuda, não desanime diante a primeira dificuldade. Faça a sua parte, você é a protagonista desta história. Dando certo ou não, você saberá que tentou, que fez o que podia e bola pra frente, sem culpa.

Amamentar não é e nunca será automático, requer aprendizado, paciência e doação. Está disposta? Pergunte isso pra você mesma diante do espelho. A resposta será sua e de mais ninguém, pois depende de você. E ainda, você não será menos mãe porque desistiu ou nem tentou, mas é importante deixar claro sua escolha e os motivos que levaram a ela e principalmente não interferir ou dizer que não entende passar por tanta coisa “só” para amamentar.

Nesse mundo cheio de julgamentos e dedos na cara, não existe verdade absoluta pra nada. Existem sim casos que a mulher não produz leite suficiente para amamentar exclusivamente, o que não a impede de complementar e seguir na amamentação enquanto for possível, da mesma forma que em algumas ocasiões é contra indicado. Mas essas situações são raras, informe-se.

Discursos de que se a mulher sentir dor ou se estiver sofrendo não é amamentação ou pra que isso tudo se existem fórmulas tão boas quanto o leite materno e ninguém vai morrer se tomar mamadeira, são desnecessários, verdadeiros desserviços. É muito mais honesto com você mesma e com as outras mães falar ‘eu não consegui ou desisti ou ainda, nem quis tentar, mas apoio e respeito quem consegue, quem tenta, quem não desiste’. E ouvir isso de um profissional de saúde, que deveria te incentivar e ajudar a resolver os problemas, é pior ainda. Fuja dele, não pense duas vezes.

Portanto futuras mamães, estejam cercadas de pessoas que possam segurar forte a sua mão, caso a dificuldade ou a dor apareçam. Que vão dizer, você consegue, você pode, você é capaz. No mais, desejo uma amamentação cheia de amor e cumplicidade para todas vocês, uma lua de leite maravilhosa e que tudo flua da melhor maneira possível, um dia de cada vez. O leite materno é sim amor líquido e você está fazendo o melhor pelo seu filho, tenha certeza. Até a próxima!

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Grazieli Esposti
Grazieli Espostihttp://jornalista
Grazieli Esposti é jornalista e especialista em Comunicação Estratégica e Gestão da Imagem, mas sua maior realização é, sem dúvida, a maternidade. Mãe do Bernardo e Henrique, ela divide, em sua coluna, um pouco das dores e delícias dessa viagem sem volta. Tudo com muita opinião, sinceridade, respeito, fé e bom humor. Sugestões: [email protected] / Instagram: @colunajeitodemae / Fan page: Coluna Jeito de Mãe.

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