Para a maioria dos brasileiros o ano de 2019 só começa, de fato, nesta segunda-feira (11), a primeira após o carnaval. Com o feriado festivo acontecendo em março, muitos gastos já foram contabilizados. Agora é hora de viver a “ressaca” do Natal e Réveillon, férias, (re) matrícula escolar, material escolar, uniforme e da própria folia de momo.
Muitos utilizaram-se dos cartões de crédito para a maioria dessas despesas, realizando compras a prazo que se acumularam mês após mês. E, depois da euforia, vem a realidade. Se já há dívidas, some a isso os impostos: chegou a hora de pagar o IPTU, IPVA e o IRPF. Segundo Reinaldo Domingos, doutor em educação financeira, o primeiro passo é assumir as dívidas e mudar completamente o comportamento em relação à administração dos próprios recursos financeiros. “É preciso reverter a situação de imediato e, caso tenha gasto demais, procure pelos extratos bancários e veja qual é o tamanho dessa dívida”, sugere ele inicialmente.
Após o choque de realidade é momento de se planejar para o futuro, listar todas as despesas fixas e variáveis, e fazer uma análise: “Há margem para novos gastos? Quais são minhas pendências financeiras? Após tirar essa fotografia da situação financeira é possível identificar excessos, que geralmente representam cerca de 30% das despesas das famílias. É hora de fazer uma verdadeira ‘operação de guerra’, ou seja: cortar gastos, fazer um esforço maior para sair da situação de endividamento e evitar que isso se torne uma bola de neve financeira”.
A doutora em economia Arilda Teixeira dá a dica: fazer uma lista sob o critério da prioridade, o que pode variar de pessoa para pessoa. “O mais importante primeiro e via descendo. Cada pessoa tem um critério, mas em geral não podemos ficar sem moradia, sem se alimentar, sem se locomover, sem plano de saúde, sem escola… então esses gastos a gente é obrigado a ter, senão não sobrevive”.
Impostos
Deve-se acrescentar na lista, os impostos, já que somos obrigados a pagá-los. A declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física 2019 (IRPF) começou em 7 de março e segue até o dia 30 de abril. Deve-se declarar o IRPF quem recebeu rendimentos tributáveis cuja soma foi superior a R$ 28.559,70. A multa para quem não declarar o imposto ou declará-lo fora do prazo é de, no mínimo, R$ 165,74 e pode chegar a 20% do imposto.
O economista Mário Vasconcelos lembra que o imposto de renda pode ser pago à vista ou parcelado em até oito vezes, com taxa básica de juros. “Se for parcelar deve-se levar em conta que de abril a novembro vai estar incorporando ao seu orçamento mensal esse valor, que altera um e pouco por cento ao mês”.
Tem até “terapeuta financeiro”
Buscando ajudar a equilibrar as contar e ajudar as famílias a resolverem problemas econômicos, surgiu recentemente a função de terapeuta financeiro. Carla Soares é especialista na área e assegura que o sucesso financeiro não depende do quanto se ganha, mas da forma como a pessoa lida com seus rendimentos.
“Somos embasados na metodologia DSOP: diagnosticar, sonhar, orçar e poupar. Trabalhamos os sonhos junto com a família, focando nas metas. Em cima dos sonhos, buscamos mudar a mentalidade da família. Você tem um objetivo e vai economizar para aquele sonho a curto, médio e longo prazo. É voltado para o comportamento, num equilíbrio entre o ter e o ser. Porque a pessoa quer ter para ser alguma coisa. A questão é o comportamento, de como você lida com o dinheiro. Conversamos muito sobre emoção: realmente você precisa ou quer comprar? Muitas vezes a pessoa age pela emoção e acaba comprando para cobrir uma lacuna”, explica a terapeuta, que também e educadora financeira.
E completa: “Então existem muitos excessos que precisam ser enxugados. Fazemos esse acompanhamento com a pessoa, para ela ter uma foto de onde está indo o dinheiro e a partir daí direcionamos para os sonhos, sabendo quanto vai salvar por mês e quando quer realizar. O nosso padrão é que temos a receita, separamos para os sonhos e depois para despesas. É possível fazer isso quando se tem foco. Não é ser mesquinho. É ter inteligência financeira para comprar o que é necessário e não agir pela emoção. É esse equilíbrio entre o ter e o ser”.
