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A história se repete: primeiro chuvas e enchentes, depois calor e estiagem…

chuva

Os capixabas conhecem esse filme: novembro e dezembro de muita chuva, janeiro a março um calor infernal, provocando estiagem. Segundo especialistas meteorológicos, quando o sol chegar, de fato, a história deve se repetir. E quem passa o verão no território capixaba precisa ficar atento, porque o problema não é apenas para as produções agrícolas, mas de todos, podendo provocar a falta de água.

As chuvas que atingem o Espírito Santo desde 12 de novembro, chegaram a bater recorde de volume, e a expectativa é que não seja mais assim. Portanto, se continuar chovendo assim, pouco, mas constante está bom? Quem dera!

Ainda vivemos os efeitos do fenômeno atmosférico-oceânico, El Niño, que provoca o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico tropical, influenciando bastante a distribuição da temperatura da superfície da água e, consequentemente, alteração climática. No Brasil, como os capixabas tiveram a infeliz experiência – chegando a deixar quase duas mil pessoas fora de casa, dez feridos e quatro mortes – o fenômeno também possui forte influência, provocando excesso de chuvas.

O El Niño já se afastou e seus efeitos tendem a desaparecer, e a previsão é a chegada de La Niña, que tem efeito exatamente contrário. Ou seja, resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico causado por uma intensidade acima do normal dos ventos alísios no Pacífico tropical, e pouca chuva – estiagem.

Na melhor das hipóteses, se e efeitos forem leves – o que não se vê nos últimos anos, capixabas poderão ter chuvas bem distribuídas a partir do final de fevereiro.

A previsão é do Met Office, o instituto de meteorologia do Reino Unido,  a temperatura global pode ficar entre 0,28 e 0,77 grau Celsius acima da média registrada entre 1981 e 2010. Para efeito de comparação, o ano de 2015, o mais quente já registrado, terminou com a marca de 0,44 grau Celsius superior à vista no mesmo período.

A história se repete: primeiro chuvas e enchentes, depois calor e estiagem...E a água?
Se a natureza é dona de si – e reage às ações humanas – e já vivemos problemas com a falta de água, o Espírito Santo está pronto para isso?  “No que depender de nosso trabalho, não vai faltar água”, garantiu Rodolpho Gomes Có, diretor operacional da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), em relação ao verão 2019/2020 nas principais cidades litorâneas que ficam superlotadas a partir da atração de turistas. Sobretudo, nas cidades de Guarapari, Anchieta e Piúma, no Sul do Estado, e Conceição da Barra e São Mateus, no Norte, a falta d’água tem sido um problema quase que tradicional durante o verão.

Entretanto, de acordo com o diretor, no mês de novembro, os sistemas operacionais de abastecimento da maioria desses municípios sofreu paralisação geral para a realização de manutenção preventiva, visando o período de superpopulação durante o verão. “Estamos fazendo a manutenção preventiva na parte elétrica do sistema para evitar que este paralise a qualquer momento nos principais municípios do Norte e do Sul. No verão passado tivemos abastecimento pleno em Guarapari, os problemas operacionais foram mínimos; nos outros, não, ocorreram alguns problemas. Com essa grande manutenção, a tendência é não sofrermos”, garantiu Rodolpho Có.

Monitoramento e investimentos
Além da grande manutenção, o diretor operacional da Cesan ainda garantiu que, haverá plantão especial 24 horas de engenheiros e técnicos da Companhia. “A intenção é que, frente a qualquer problema operacional ocasional, possamos ter uma resposta bem rápida. Podemos dar segurança de que não vai faltar água”, explicou Rodolpho Có.

A Cesan ainda está reservando 10 caminhões pipa para atender a situações emergenciais, em caso de algum problema de abastecimento.
A Companhia informou que nos últimos dois anos gastou, somente em manutenções preventivas na região de Guarapari, cerca de R$ 800 mil, investidos em melhorias elétricas e trocas de bombas. “Em Guarapari, uma paralisação pequena de uma bomba dá uma reflexo grande no abastecimento e para a retomada demora um pouco. E a população sente”.

A região da Serra também foi beneficiada e está preparada para as movimentações da lata temporada. “Também investimos na região de Jacaraípe, Nova Almeida e Praia Grande um montante de R$ 2,5 milhões em troca de bombas, ampliação da rede de água e equipamentos que comunicam com o centro de controle operacional. Em Guarapari e Serra temos todo o sistema monitorado. Então qualquer bomba que pare, qualquer vazamento, já apita um alarme para o monitoramento, que é feito 24 horas, o que gera uma resposta rápida”.

A história se repete: primeiro chuvas e enchentes, depois calor e estiagem...

Alerta para o uso racional da água
Mesmo com todas as benfeitorias no sistema operacional de abastecimento, a Companhia alerta às pessoas que superlotam as residências onde vivem poucas pessoas, para que usem a água de forma racional, para o bem do meio ambiente e também para evitar a falta d’água em virtude da capacidade das caixas d’água.

Duas milhões de pessoas de outras cidades e estados são esperadas durante o verão somente nas cidades do Guarapari (1,3 milhão) e Anchieta (700 mil). Na Cidade Saúde, as principais intervenções que a prefeitura está realizando são as obras de revitalização da Praia do Morro e na Prainha de Muquiçaba, além da construção do muro de contenção na orla da praia de Meaípe. A previsão é de que tudo esteja pronto no início de dezembro. “O valor do investimento é de aproximadamente R$ 1,3 milhão e esta revitalização é importante para população, para mobilidade urbana e para os skatistas”, afirmou o prefeito, Edson Magalhães.

A prefeitura de Anchieta informou que para o verão está ampliando o serviço de limpeza pública e o serviço de coleta seletiva, sobretudo nas praias e pontos turísticos.

A história se repete: primeiro chuvas e enchentes, depois calor e estiagem...Água no ES: entra menos, sai mais
As precipitações do período chuvoso no Espírito Santo chegaram em novembro com uma intensidade acima da esperada. Este tipo de anomalia climática, tanto na época úmida, quanto no período seco (final de março a final de outubro), tem deixado o Estado em sinal de alerta constante, de acordo com o diretor da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Fábio Ahnert.

A precipitação – dentro da normalidade – já era esperada em outubro, e o “atraso” fez com que a vazão de muitos rios capixabas, que já vinham com uma tendência de queda normal do período de estiagem, chegassem a valores mínimos. A recarga adequada dos rios no período chuvoso em que estamos passando, é fundamental para que o estado entre no próximo ciclo de estiagem sem problemas. E o que tem acontecido é que o consumo de água pela população é maior, e as chuvas, menores.

“É uma situação que temos que monitorar de forma intensa, porque estamos enfrentando uma certa anomalia na ocorrência de chuvas. De cinco anos para cá temos registrado chuvas abaixo da média  anual esperada. Isso significa que está entrando menos e saindo mais. A demanda de água é sempre crescente, porque a população cresce, as áreas de cultivo se expandem, o setor produtivo cresce. Essa é a tendência”.

A região que mais preocupa é o Noroeste capixaba, sobretudo a porção da Bacia do Rio Doce que faz divisa com Minas Gerais. Afluentes do Doce, como os rios Guandu, Santa Maria do Doce, Santa Joana, Pancas, São José e parte da Bacia do São Mateus são os que geram a maior preocupação para a Agência. Nesses locais existe uso significativo de água para a agricultura – já que boa parte da economia vem da produção agrícola – e historicamente é a região de ocorrência dos menores índices de chuvas em termos médios anuais.

“O estado de atenção tem que ser constante. Apesar do Rio Doce ter um volume significativo, os afluentes são pequenos, como Santa Maria do Doce, o Santa Joana… são pequenos quanto à extensão e a vazão é muito baixa. A população que vive ali tem a agricultura como base da economia e uma demanda de água significativa”, explica Ahnert.

Desafios
O desafio é maior porque a relação da demanda com a disponibilidade natural é sempre muito apertada. “O desafio é gerir os recursos hídricos, pensando qual é a forma mais inteligente para manter a produção, mas ter uma distribuição justa da água para que um usuário não fique com água demais, prejudicando os outros”.

Soma-se a este problema o processo histórico de degradação que a Bacia do Doce vem sofrendo, sobretudo na porção mineira, decorrente a intensidade da atividade de mineração, desmatamento e, mais recentemente, o desastre da Samarco. Alguns rios praticamente secaram. “Tudo isso fez com que a Bacia do Doce, incluindo as sub-bacias do Estado, ficassem em uma condição de fragilidade muito grande. Isso influenciou para a baixa recarga dos aquíferos e a queda significativa da vazão na estiagem. Alguns chegaram praticamente a secar, como o Santa Joana, o Santa Maria do Doce”, afirmou o diretor da Agerh, e ainda lembrou que, antes da agricultura, o abastecimento público é prioridade.

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