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quarta-feira, 24 de abril de 2024

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A dura rotina de pacientes do interior do ES que fazem tratamento em hospitais de Vitória

Foto: Esthefany Mesquita
Foto: Esthefany Mesquita

Dia de trabalho perdido, gastos fora do orçamento, faltas nas aulas, local impróprio para fazer as refeições, fome, desgaste da viagem. Essas são situações que pacientes do interior do Espírito Santo passam quando vêm a hospitais da Grande Vitória para consultas ou tratamentos médicos. Sem um local adequado, eles ficam horas no estacionamento do Hemocentro do Espírito Santo (Hemoes), em Vitória, até serem consultados e a espera do transporte que os levarão de volta para casa chegar.

 “Já passei o dia inteiro só com café porque não tinha dinheiro para comprar comida, cheguei a  dividir alimento com outros pacientes daqui para não ficar o dia todo sem comer. A espera é sofrida”, disse a aposentada Maria da Penha Dias, 58 anos. A senhora, que mora em Linhares, Norte do Estado, comentou que gasta em média 16 horas entre vir ao hospital, esperar o atendimento e voltar para casa.

Segundo Maria, os dias difíceis estão perto do fim. O tratamento de radioterapia no Hospital Santa Rita, que é 24 dias, termina na quinta (27). “Estou aliviada, acabou!”, desabafou.

A aposentada conta ainda que recebeu uma fixa do hospital caso ela precisasse de um local para ficar durante o tratamento. O lugar é um albergue que acolhe pascientes e acompanhantes que não têm condições de se manter na capital. “Eu prefiro ir para casa, tem gente que precisa do albergue mais que eu. Já estou no final vou poder descansar”, disse.

Para economizar, ela optou por vir sozinha para Vitória. “Comprar comida não está barato, com outra pessoa fica mais difícil ainda. É melhor vir sozinha porque gasto só comigo. O que já é muito e assim dou lugar para outro paciente no ônibus”, completou.

São muitos em situação semelhante. A atendente de lanchonete Cristiana Santana Costa, 38 anos, mora em Conceição da Barra e vem a capital a cerca de um ano para fazer exames e consultas no Hospital das Clínicas. Ela contou que precisa fazer cirurgia para retirada de pedra na vesícula.

 “A espera é angustiante! Quando não é pela consulta é para ir embora. A gente precisa esperar o ultimo paciente do ônibus para poder ir pra casa, isso cansa demais, ainda mais pelo fato de ser desconfortável esperar aqui fora”, contou Cristiana. Ela chegou em Vitória por volta das 6h30 e só retornará para casa às 17h, somando mais 6 horas de viagem, ela chegará em casa por volta das 22h, desta quarta (26).

O estudante Leonardo Prado, 22 anos, que acompanha a mãe na sessão de radioterapia, frisou o desconforto que é esperar o dia inteiro no estacionamento sem nenhuma cobertura e sem banheiro.  “Lá dentro (recepção do Hospital) fica cheio. Para poder sentar a gente vem para o lado de fora. Quando não tem dinheiro a gente traz de casa mesmo para aguentar passar o dia aqui”, contou.

A lavradora Marinete Silva Payer, 52 anos, vem de Rio Bananal, gasta cerca de 50 reais a cada vez que vem ao hospital. “Antes a gente pegava lanche, agora ficou mais difícil, é só para os pacientes dos andares de cima. Quem fica aqui aguardando não ganha mais”, contou.

Marinete relata que chegou ás 7h, mas saiu de casa por volta das 3h da madrugada. A consulta dela está marcada para às 14h. “Eu passo o dia aqui, não dá pra trazer acompanhante porque é mais gasto e a gente deixa de ganhar o dia de trabalho lá no campo. É muito prejuízo! É um sofrimento! Já pedimos melhorias, mas não adianta”, disse.

Sobre o atendimento não há queixas. “Eles nos tratam muito bem, não tenho do que reclamar desses profissionais. Eles nos ajudam. O problema todo é o tempo que a gente fica aqui fora sem comer, com medo de ir à rua. Eles podiam oferecer um restaurante popular”, completou.

Hospital Santa Rita

O Hospital Santa Rita de Cassia informou, por nota, que oferece lanches aos seus pacientes que estão em tratamento oncológico ou em consultas pelo SUS. Além disso, é oferecido também atividades em grupos para eles durante a espera.

Hucam

O Hucam, por nota, informou que a humanização no atendimento ao usuário é uma das prioridades da instituição. Além das recentes adequações físicas do espaço de recepção dos mais diversos tipos de atendimento, nos últimos meses houve investimentos em tecnologia para melhorar o tempo de espera. Entre eles, instalação de totem informatizado para distribuição de senhas do paciente que vai fazer exame de imagem, e os telões informativos para anunciar a vez do paciente.

Esthefany Mesquita

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