Pedro Permuy – [email protected]
Das mais de 15 mil casas que já foram vistoriadas no bairro Barramares, em Vila Velha, aproximadamente 80% das unidades possuíam foco de Aedes aegypti. No local, as fiscalizações começaram na última semana e cerca de 40% das tentativas de inspeção foram falhas, porque o proprietário do imóvel não permitia a entrada.
Na manhã desta quinta-feira (17), agentes da Guarda Municipal, Polícia Militar e Exército acompanharam os fiscais da vigilância epidemiológica para forçarem a entrada, caso fosse necessário. A juíza da Vara da Infância e Juventude de Vila Velha, Patrícia Neves, autorizou, nesta semana, a entrada forçada.
De acordo com o prefeito Rodney Miranda, a escolha do local foi por conta do alto número de incidência dos casos de dengue e doenças relacionadas ao mosquito na região. Ele explica que na maioria das vezes é a falta de conhecimento da população que faz com que o maior número de focos de dengue ainda estejam nas casas e lojas. O prefeito garante que a partir da decisão da juíza, o proprietário que, ainda assim, não permitir a entrada dos agentes pode ser conduzido à delegacia.
Rodney ressalta que a prefeitura estuda a possibilidade de implementar na cidade o chamado mosquito do bem, animal que possui mutação programada em laboratório e interrompe o ciclo de vida do vetor ainda na fase larval. “O mosquito transgênico é sempre macho, fecunda a fêmea, e a larva desse mosquito não vai se desenvolver, a larva morre”, frisa.
O prefeito esclarece que a probabilidade de que a tecnologia biológica seja usada em Vila Velha é alta e os resultados apresentados pelos representantes da empresa, embora não possuam certificação federal, mostram eficácia na redução do mosquito de até 80%.
“Mesmo não tendo esse reconhecimento federal, existem outros certificados que suprem essa ausência, e a médio e longo prazo parece ser a solução mais sensata”, afirma Miranda. O prefeito destaca que o preço médio de um projeto desses é de R$30 por cidadão, o que representa um gasto de R$300 mil a cada dez mil habitantes. “Se os municípios vizinhos como Vila Velha, Vitória e Serra juntarem forças, podemos ver de que forma podemos cooperar para tentar diminuir ao máximo esse custo”, completa.
22 anos de mosquito
Nesta manhã (17) a Prefeitura de Vila Velha fez uma fiscalização no bairro de Barramares, na cidade canela-verde. Lá, uma das propriedades abordadas funciona há 22 anos como uma central de conserto de refrigeração e recuperação de automóveis. Os moradores da região, de acordo com os agentes da vigilância epidemiológica, reclamam do proprietário.
Informações dão conta de que o estabelecimento é um dos principais focos de mosquito da rua em que está situado, e é responsável por fazer parte de uma das cerca de 166 casas que a Prefeitura nunca foi autorizada a entrar.
O proprietário do local, Ezaquiel Teixeira de Paula, 57 anos, diz que na última sexta-feira (11) os agentes estiveram em sua propriedade e recolheram três veículos que estavam na rua em frente à sua oficina. Teixeira garante que na ocasião, os vigilantes deixaram um documento da Prefeitura que dava dez dias de prazo para que fosse limpo o terreno.
“Depois que eles saíram daqui eu já comecei a limpar, mas é muita coisa. E foco de dengue tinha porque a chuva cai aí a gente tira, mas já chove de novo”, explica o proprietário. No entanto, Teixeira diz não ter encontrado o documento para mostrá-lo à reportagem.